UM TESTE PARA IDENTIFICAR PACIENTES QUE NÃO RESPONDEM AO TRATAMENTO CONTRA O CÂNCER DA PRÓSTATA

A revista GenomeWeb Daily acaba de publicar um artigo no qual anuncia que a empresa farmacêutica Tokai pesquisa, juntamente com a Johns Hopkins University, um teste para diagnosticar os casos em que seu produto em desenvolvimento, Galeterona, que se aplica a um subconjunto de pacientes – os que já não respondem aos tratamentos hormonais E que expressam uma versão danificada do receptor andrógeno AR-V7. Esses pacientes não respondem aos tratamentos de eficiência comprovada, Zytiga (acetato de abiraterona) e Xtandi (enzalutamida). Devido ao grande número de pacientes desse câncer, esse é um grupo numericamente importante de pacientes com câncer avançado, uma importante consideração para uma empresa. O mesmo dado alimenta considerações humanitárias, porque focam uma população com poucas esperanças porque dois dos tratamentos recentes mais badalados não funcionam nelas.

 

GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

Outro teste do câncer da próstata que promete reduzir os erros

É possível que tenhamos um teste não invasivo que possa separar cânceres agressivos de cânceres indolentes. Ironicamente, graças a estudante de graduação, Casey Burton, que estuda Química, na Missouri University of Science and Technology. O teste detecta metabolitos na urina dos cancerosos. O teste de PSA não consegue separar os cânceres pelo seu grau de periculosidade. Na minha visão, caso se demonstre que esse teste adiciona informações para melhorar os diagnósticos (aos obtidos com os testes de PSA e de toque retal), poderemos tratar adequadamente (e quanto mais cedo melhor) os cânceres agressivos e acompanhar os indolentes, reduzindo o número de mortes, assim como os custos e o sofrimento imposto pelos tratamentos desnecessários. 
GLÁUCIO SOARES

IESP/UERJ

Testes melhores para o câncer da próstata

Os testes atuais para detectar o câncer da próstata são bons, mas podem ser muito melhores. O melhor que se usa é o PSA. Porém, o PSA produz aproximadamente quinze por cento de falsos negativos. O que é isso? O teste é interpretado como negativo, ou seja, o paciente não tem câncer, mas de fato tem. Os erros são maiores do lado positivo: há falsos positivos cerca de 50% até 75% dos casos, dependendo da definição. Falso positivo? O teste indica câncer, o paciente é diagnosticado como tal, mas não tem câncer.

Não é “só” um erro. O diagnóstico de câncer é uma porrada. Muitos pacientes perdem o controle emocional, ficam traumatizados. Esses pacientes pagam um alto preço pela imperfeição do teste.

Está sendo testado um teste que usa a urina em dois hospitais de Cleveland e um de Boston. É chamado de PSA/SIA. O atual teste de PSA nos diz quanto PSA circula no sangue do paciente. O PSA/SAI informa a respeito de muitas mudanças na proteína que chamamos de PSA. Ele consegue diferenciar a estrutura molecular de um PSA canceroso daquela de um PSA normal, saudável. Além de informar se o paciente está no nível em que o câncer é provável, informa também se ele é agressivo. São informações importantes para recomendar um tratamento ou outro. Nos diz qual o nível do câncer. Se for um nível alto, a despeito de uma quantidade ainda moderada sendo produzida, pode ser aconselhável fazer logo uma cirurgia.

Um primeiro teste com 222 homens produziu uma sensitividade de cem por cento (não há falsos negativos – se o resultado for negativo, o paciente não tem câncer e pronto).

E a especificidade? Esse teste permite quantos falsos positivos? Comparativamente poucos: vinte por cento de falsos positivos, muito menos do que o teste de PSA.

Esse teste não deve eliminar o de PSA, nem o toque retal. O uso de vários testes reduz os erros.

Você pode obter muitas informações em vídeos da equipe dirigida pelo Dr. David Samadi:

New Study On Prostate Cancer Screening Effectiveness http://www.youtube.com/watch?v=KFH1XFgoziQ

Comparing Prostate Cancer Treatment Options – Robotic Surgery Vs. Watchful Waiting

http://www.youtube.com/watch?v=9dC4T9JAJss

Outro Link: Smart-Surgery.com

FONTE: RoboticOncology.com

GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ


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Basta 1 grama de extrato de romã para aumentar o PSADT

A fruta, romã, voltou aos congressos sobre câncer da próstata. O que faz?

Aumenta o PSADT, o que quer dizer que desacelera o avanço do câncer.

Como foi feito? Através de pesquisa dirigida por Michael A. Carducci, MD, do Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center na Johns Hopkins University em Baltimore.

Usaram um extrato chamado de POMx e o uso está associado com um aumento maior do que seis meses no PSADT. Esses resultados, de uma pesquisa Fase II, confirma pequenos estudos anteriores que demonstraram que romã tem um efeito sobre os tumores.

Quantos pacientes? Noventa e dois. Um grupo domou uma capsula diária de POMx, com uma grama do extrato, mais duas capsulas com placebo; o segundo grupo tomou três capsulas com um total de três gramas.

A duração do tratamento foi de 18 meses ou até que o câncer avançasse. 92% dos pacientes foram tratados por até seis meses; 70% até 12 e 36% até 18 meses.

E o PSADT? Era de 11,9 meses antes do tratamento e de 18,5 meses depois. O que é interessante é que o efeito foi parecido entre os que tomaram 3 gramas e os que tomaram apenas 1 grama. Conclusão: 1 grama basta. Em treze pacientes, ou 14%, o PSA chegou a diminuir.

A testosterona não mudou e os efeitos colaterais se limitaram a diarréia em 8% dos pacientes.

O próprio Carducci notou a ausência de um grupo inteiramente de controle, sem nada de romã.

Afinal, quanto tempo de vida você tem?

Uma pesquisa levantou a esperança de vida dos pacientes de câncer da próstata. Ela varia com o tratamento e com o tempo.

A prostatectomia (cirurgia) e a radiação são os dois tratamentos iniciais mais comuns. Raramente se opera o paciente quando há evidência de metástase: retirar a próstata não tem como curar um câncer que já espalhou, que já está em outros lugares. Mas não é fácil saber onde está o câncer, se já se metastizou ou não. Na dúvida, usam cirurgia. Muitas vezes combinam o cirurgia e a radiação.

O primeiro grande marcador negativo, de que a coisa não está bem, é a “volta do PSA”, quando o PSA reaparece no sangue. Isso significa que há células cancerosas vivas. O câncer não foi curado e, agora, é incurável. O que não quer dizer que o paciente morrerá dele: a maioria não morre deste câncer mesmo depois do fracasso bioquímico (a volta do PSA). Depende de quê? De várias coisas, entre as quais o tempo e o tipo de tratamento – isso entre as que sofreram a volta do PSA. As outras estão livres, curadas. Quando morrerem não será de câncer da próstata. Uma pesquisa com mais de 600 veteranos de guerra mostra quais as probabilidades, quais os riscos.

A volta do PSA – o temido fracasso bioquímico – ocorreu em 34% a 48% dos pacientes, dependendo do tempo e do tratamento. Uma percentagem maior dos submetidos a radiação (onde havia mais casos avançados) teve o desprazer de lidar com a volta do PSA no sangue.

A tabela abaixo mostra os vários riscos por tempo e por tipo de tratamento:

Fracasso bioquímico e morte devida ao câncer da próstata aos 5-, 10- e 15- anos depois do tratamento inicial.

Tempo

% acumulada em que o PSA voltou depois da cirurgia

Mortalidade por câncer depois da volta do PSA entre os que fizeram cirurgia

% acumulada em que o PSA voltou depois da radiação

Mortalidade por câncer depois da volta do PSA entre os que fizeram radiação

5 anos

34%

3%

35%

11%

10 anos

37%

11%

46%

20%

15anos

37%

21%

48%

42%

Dados tirados dos Archives of Internal Medicine.

O que esses dados nos dizem? Que 5 anos depois da cirurgia, 34% dos operados sofrem o fracasso bioquímico, a volta do PSA nos exames de sangue. Cinco anos depois (dez depois da cirurgia) a percentagem sobe um pouco, para 37%. E parece que não aumenta a partir daí. Olhando a terceira coluna vemos os dados relativos aos que fizeram radiação. São mais altos, ainda que não muito mais altos. Aos cinco anos, 35% (praticamente o mesmo que a cirurgia) sofrem o fracasso bioquímico; dez anos depois da radiação, a percentagem aumenta significativamente, para 46% e quinze anos depois parece estabilizar, com 48%, quase a metade.

Não obstante, nem todos os que enfrentam o fracasso bioquímico morrem do câncer. Em verdade, a maioria morre de outra coisa. Comparem a segunda e a quarta colunas. Cinco anos depois da volta do PSA, somente 3% dos que fizeram cirurgia morreram do câncer. Mais cinco anos e a percentagem aumenta para 11%. Mais cinco anos e a percentagem dobra para 21%. Ou seja, quinze anos depois da volta do PSA entre os que fizeram cirurgia, um em cada cinco morreu do câncer.

Tudo indica que essa percentagem continua crescendo depois dos 15 anos, mas as mortes por outras causas também passam a crescer mais rapidamente em função da idade. Lembrem-se de que falamos de 15 anos depois da volta do PSA, do fracasso bioquímico, e não da cirurgia. A maioria está com 80 ou mais.

No grupo que fez radiação os dados são piores – em parte porque muitos fizeram radiação porque havia evidência de metástase e de que a cirurgia não poderia curá-los. As percentagens dos que morrem da doença – depois da volta do PSA – parece dobrar cada cinco anos: 11%, 20% e 42%.

As pesquisas têm se concentrado nesse grupo mais doente, com doença mais avançada. E terapia hormonal, usualmente seguida de quimio e, mais recentemente, da caríssima vacina Provenge e, em final de desenvolvimento, da abiraterona, vão aumentando a sobrevivência específica do câncer da próstata (mas não de outras mortes): uns estimam em 14 a 18 meses o efeito da terapia hormonal (mais há casos de muitos anos em que o efeito funciona – cinco e mais anos), quatro meses de vida na mediana agregados pela quimio; outros quatro pela Provenge e um tempo mais variável, que pode chegar a mais de oito meses com a abiraterona. E haja dinheiro…

Poucos morrem aos cinco anos. A barra começa a ficar mais pesada aos dez e, principalmente, aos quinze e mais anos, depois da volta do PSA.

Fonte: Uchio EM, Aslan M, Wells CK, Calderone J, John Concato. “Impact of Biochemical Recurrence in Prostate Cancer Among US Veterans.” Archives of Internal Medicine. 2010;170:1390-1395.

Resumo por Gláucio Soares de fontes publicadas na internet.


Novo teste facilita a detecção do câncer

Pesquisadores no Reino Unido desenvolveram um novo teste, um exame da urina, que é mais adequado e exato do que os usados atualmente, que é o PSA. Suponho, como quase sempre acontece, que adicionar esse teste aos outros dois já estabelecidos, o PSA e o toque retal, tornará os erros pouco frequentes, evitando biópsias desnecessárias e ajudando a separar os cânceres agressivos dos não agressivos.

O teste mede os níveis de uma proteína, MSMB, que é alterada por mudancas genéticas. A deteccão fica fácil e sem dor.

O pesquisador responsável é o Dr. Hayley Whitaker.Pesquisadores no Reino Unido desenvolveram um novo teste, um exame da urina, que é mais adequado e exato do que os usados atualmente, que é o PSA. Suponho, como quase sempre acontece, que adicionar esse teste aos outros dois já estabelecidos, o PSA e o toque retal, tornará os erros pouco frequentes, evitando biópsias desnecessárias e ajudando a separar os cânceres agressivos dos não agressivos.
O teste mede os níveis de uma proteína, MSMB, que é alterada por mudanças genéticas. A detecção fica fácil e sem dor.
O pesquisador responsável é o Dr. Hayley Whitaker.

O entusiasmo dos desesperados

Como é do conhecimento de todos os que são pacientes informados, Provenge, a vacina fabricada pela Dendreon está no mercado. Na mediana, aumenta a vida em quatro meses. Metade dos que a tomam aumenta mais de quatro meses e metade aumenta menos.

Há 15 anos que a Dendreon vinha lutando para obter permissão da FDA para fabricar e vender a vacina, que retira anticorpos de cada paciente, os treina fora do corpo a identificar o câncer da próstata como um inimigo e os injeta de volta no paciente. A aprovação mobilizou milhares de pacientes, que mandaram e-mail, enviaram cartas, fizeram reuniões e muito mais.

Não sai barato. A estimativa anda em 94 mil dólares, 783 dólares por dia de vida que adiciona.

Uma grande virtude da Dendreon consiste em ter insistido quando a competição fazia um boicote pesado e a outra por ser a primeira. Outras virão. Mas os limites são claros: não falamos de cura, nem de uma ampliação de vários anos da vida: quatro meses, apenas.

Ouro e calor contra câncer

Há uma nova perspective no tratamento de cânceres que, na minha opinião, é promissor. O primeiro passo consiste em injetar nano partículas de ouro nos pacientes. Essas nano partículas são preparadas de maneira a procurar as células cancerosas e grudar nelas. A partir daí há diferentes caminhos para atacar o câncer. Uma consiste em derramar seu conteúdo dentro das células cancerosas. Esse conteúdo usualmente é tóxico e mata as células. O outro está sendo testado na Washington University em St. Louis. Essa universidade é especialmente querida por mim porque foi lá onde me doutorei. Esse caminho também congrega as nano partículas ao redor das células cancerosas, se possível “grudando-as” nelas, usando depois uma terapia fotodinâmica. Um laser é dirigido para essas partículas, iniciando uma terapia fototérmica. O laser esquenta o ouro e esse aumento na temperatura é o suficiente para matar as células cancerosas. Um dos pesquisadores se chama Michael J. Welch.

Mas há problemas. O principal deles talvez seja o fato de que nosso sistema imune percebe as nano partículas como invasoras e as ataca. Os pesquisadores banharam as partículas numa substância chamada PEG que não é toxica. A PEG “engana” o sistema imune por um tempo, o suficiente para as nano partículas identificarem as células cancerosas e furarem em suas paredes, alojando-se parcialmente no seu interior. Posteriormente, o laser as aquece e a elevação da temperatura mata as células cancerosas.

Essa promissora terapia continua a ser desenvolvida, tendo recebido uma dotação de pouco mais de dois milhões de dólares do National Cancer Institute. Reiterando informação que veiculei anteriormente, essa dotação equivale a 0,004% do custo de construção do porta aviões Ronald Reagan. Para ser equânime,  o Aerolula, que é o avião presidencial de luxo comprado em 2005 pelo governo Lula custou US$ 56,7 milhões, custou o equivalente a 26,6 pesquisas desse tipo.

A consulta com o Dr. Meyers

A van, Ford 1993, equipada para acampar é confortável e agradável. É fácil de dirigir, exceto inicialmente, nos momentos em que tive que dar marcha à ré.
Entre a beleza do inverno e a preocupação da almaAs estradas pequenas, no inverno são bonitas. Infelizmente, a comida de beira de estrada é…a comida de beira de estrada. O estomago e o intestino sofrem durante a viagem e a dieta vai para o brejo.</span>
O estado de espírito de quem tem uma doença incurável e está indo a um médico deve variar muito. Eu consegui curtir parcialmente a viagem, mas ia com esperança. Na clínica, durante todo o tempo que passei lá (umas três horas) vi apenas um ou dois pacientes. Já deu para ver o grau de apreensão em um deles, fiel e importantemente acompanhado pela esposa ou companheira.
Mas não dá para para não curtir (um pouquinho, pelo menos) o visual de estradas pequenas, cercadas de árvores, no meio da neve.

Estrada e mais estrada

A chegada mostra uma casinha simpática, simples, com estacionamento para poucos carros. Não é uma operação industrial. Feita, como tantas casas (e universidades) americanas, de tijolinho aparente.


A chegada é marcada por uma placa simples. Depois de quase três dias na van (rebatizada de school bus) pelo meu filho, foi um alívio chegar ao lugar certo.

As estradas pequenas são mais bonitas

Aqui dentro vi um tipo de atendimento ao paciente muito diferente do usado nos Estados Unidos onde somos primeiro recebidos por uma enfermeira, que pesa, tira a pressão, temperatura etcx. Um primeiro e importante cuidado – a pressão é tirada duas vezes, além do que a enfermeira pergunta se essa é a pressão habitual. Ela mostra consciência da chamada “white coat syndrome”: a pressão aumenta na presença de médicos etc. Estava lá por 180, na segunda por 160 e eu aduzi que poderia reduzí-la em outros vinte pontos.
Visitei o AIDP no dia anterior, turbinado pela insegurança de não me perder, chegar atrazado, essas coisas. Uma das secretárias estava preparando o meu dossier. Quando cheguei no dia seguinte vi um senhor baixo, sem gordura para mostrar, de cabelos brancos estudando uns records que eu sabia serem os meus.

Perto, estradas menores, mais curvas e mais beleza

O Dr. Meyers é simpático, agradável. Me tratou com o respeito de quem tem uma doença grave, considerada incurável, que ele também teve ou tem.
Muitos dos suplementos que eu usava ele desaconselhou porque não confiava no fabricante. Traçou um plano de ação que consistia em me preparar para uma terapia hormonal(que deveria ser chamada de anti-hormonal) porque ela tem muitos efeitos colaterais. Há uma diferença em relação ao procedimento habitual, que consiste em iniciar a terapia e aconselhar o paciente a tomar essas e aquelas medidas: ela prepara o paciente e depois inicia a terapia – nos casos em que é possível esperar um pouco. É onde estou e é minha responsabilidade atingir as metas marcadas, ajudado por muitos remédios, mas com compromisso com uma dieta mediterrânea e muito exercício.

O AIDP - uma casinha desprentensiosa com estacionamento para poucos carros

Dr. Meyers me convenceu de algumas coisas, particularmente de que a relação custo/benefício da terapia hormonal pode ser menor e precisa de especificação. A duração do efeito dos tratamentos varia muito e varia de acordo com a doença do paciente e os procedimentos adotados anteriormente.
Os famosos 18 meses de atuação se referem com a próstata, metástase generalizada e que ainda tem a próstata. Análise patológica mostra que metade do crescimento do câncer depois da terapia se inicia na próstata. Nos casos em que houve metástase para os nódulos linfáticos e houve prostatectomia o efeito dura dez anos em 50% a 95% dos casos, dependendo do estudo e da publicação. No caso dos que preservaram a próstata em metade dos casos a terapia hormonal fracassa aos 7-8 anos.
Nos pacientes com metástase generalizada e com sintomas, o efeito é reduzido: em metade dos casos a doença volta a crescer em 8 a 9 meses.
A lição: dependendo do paciente, a duração dos benefícios da terapia hormonal varia de menos de oito a nove meses a mais de dez anos.
Continuarei relatando essa experiência para beneficiar o leitor. Porém, estou preocupado com um grande número de  leitores com acesso à internet mas sem capacidade analítica e com um nível educacional muito baixo. Pediria a cada um dos pacientes mais informados e seus familiares que divulgassem o conhecimento que adquiriram (rão) aqui e em outras fontes entre os que não conseguem entender o que escrevemos.

A placa que garante que chegamos ao lugar certo

Ir ao Dr. Meyers não sai barato. Ele não aceita o seguro tradicional do Medicare (tem um contrato de não aceitação) e custa 350 dólares por cada meia hora. Minha entrevista durou duas horas e o custo total foi de mil e quatrocentos dólares. Uma viagem que eu planejava foi para o espaço. Valeu a pena.


Prostatectomia e metástase

Existe, nos Estados Unidos, uma tradição de artigos chamados de “um história natural” dos pacientes tratados com prostatectomia radical. A primeira foi publicada em 1999 e vieram outras depois. A última foi apresentada este ano, 2009. Como as anteriores, inclui pacientes operados na mesma instituição, a Johns  Hopkins. Analisaram 774 pacientes que tiveram a “PSA  recurrence”, a “volta” do PSA. Depois de desaparecer um tempo, o PSA voltou a ser detectável.
O que aconteceu com essas pessoas?
Note-se que algumas foram acompanhadas até 25 anos, mas a mediana foi de oito anos (metade acompanhada mais de oito anos,metade menos).
Até o momento em que o artigo foi escrito, 38% tiveram metástases, pouco mais de um terço. É importante sublinhar que esses pacientes não receberam qualquer outro tratamento até a metástase aparecer. Claro que essa percentagem vai aumentar com o passar do tempo.
Um dado impressionante é a média do PSA no momento em que a metástase foi constatada: 90.3. Porém a média não é uma boa medida – poucos pacientes com PSA gigantesco alteram muito a média. Por isso, a mediana e a moda são medidas mais adequadas. O que contribui mais para a metástase? Numa regressão de tipo Cox, o PSA no momento do diagnóstico, o escore Gleason e o tempo que levou até a volta do PSA. Mas o PSADT foi muito importante: entre aqueles em que o PSA dobrava em menos de três meses, a mediana do aparecimento da metástase foi de apenas um ano; já entre os com mais de 15 meses, a mediana foi de 15 anos depois da volta do PSA. Isso me alerta a estar preparado para a metástase mesmo 20 ou 25 anos depois da volta do PSA. Dados clássicos como a idade, a raça, o estágio patológico e se as margens estavam intactas ou não deixaram de ser significativos quando as variáveis acima foram controladas.

Setembro, mês da conscientização sobre o câncer da próstata

Setembro foi escolhido como o mês da conscientização  sobre o câncer da próstata – nos Estados Unidos. Hospitais e instituições as mais variadas participam dessa campanha. Em muitos lugares há iniciativas de todo tipo para informar e conscientizar a população. O Cancer Institute of New Jersey (CINJ) participa dessa campanha.

Como?

Começarão com palestras informativas, no caso pelos médicos especialistas Isaac Kim e Mark Stein. Vão mostrar como chegam a um diagnóstico e como tratam o câncer da próstata. Essas campanhas vão além de médicos. Karen Sherman da American Cancer Society e Ellen Levine do The Wellness Community of Central New Jersey vão analisar os problemas do câncer a partir dos pacientes e das suas famílias, o que fazer para enfrentar física e psicologicamente essa doença. Tem mais: uma equipe de médicos proporcionará exames de PSA e de toque retal aos que se inscreverem.

É uma iniciativa de pessoas e de instituições privadas dedicadas ao bem comum, onde as pessoas se inscrevem com um telefonema, sem precisar mostrar identidade, CPF e outras exigências de uma sociedade burocrática e atrasada.

A estabilidade das diferenças no valor do PSA entre as pessoas

Pesquisadores no Department of Urology, University of Texas Health Sciences Center at San Antonio, San Antonio, Texas analisaram mostras de sangue que continham o PSA e foram congeladas de 2001 até 2007. Eram sangue de homens brancos que tinham na média 63 anos. Eles não foram diagnosticados com câncer de próstata em 2007. Selecionaram aleatoriamente 47 desses exames, que cobriam ampla gama de valores de PSA, desde muito baixo 0,0 a 0,4 (10), 0,5 a 0,9 (10), 1,0 a 1,9 (10), 2.0 a 3.9 (11) e 4,0 a 10,0 ng/ml (6). Os números entre parênteses se referem a quantas pessoas havia em cada categoria. Aí usaram o mesmo teste em 2007. Queriam saber se os altos de 2001 eram os altos de 2007 etc. Eram. Usando o coeficiente de correlação de Spearman, viram que os mais altos em 2001 eram os mais altos em 2007. O PSA mediano aumentou, como se esperaria com o aumento da idade: era 1,20 ng/ml em 2001 e 1,30 em 2007. A correlação entre os valores de 2001 e de 2007 era muito alta (0,995), quase perfeita. Entendam que esse é um estudo comparativo entre pessoas. Os valores eram consistentemente mais altos  (média de 0,08 ng/ml, a mais, p = 0.005). A estabilidade da relação entre pessoas sugere que as mudanças das diferentes pessoas obedecem a um padrão.
Referência: J Urol. 2008 Jun 10.

Da volta do PSA até a metástase e daí até a morte

Tivemos, aqui no Rio de Janeiro, a Maratona Urológica 2009.

Um dos trabalhos apresentados é de interesse para muitos de nós, inclusive meu, pessoalmente. A apresentação Treatment of a rising PSA after radical prostatectomy confirmou muitos dados bem conhecidos. O primeiro se refere a que a maioria dos pacientes com um PSA que cresce não morre do câncer da próstata. Segundo o expositor, a primeira medida deve ser a radioterapia cuja eficiência é maior se aplicada antes do PSA superar 0,6 ng/ml.  O autor se preocupa com a qualidade da vida dos pacientes.

Do momento em que o PSA deixa de ser não detectável – “volta” – a mediana até o aparecimento da primeira metástase é de sete anos. Lembro que mediana significa que a metade dos pacientes sofre esse baque antes de 7 anos e metade depois de sete anos. Em quem a metástase aparece mais cedo? Não se sabe com certeza, mas o PSADT é um dos fatores mais importantes: se for menos de 3 meses, a metástase aparece entre 1 e 3 anos depois da volta do PSA, mas se for mais do que 15 meses, a mediana pula para entre dez e quinze anos. Além disso, diz o autor, tanto mais longo o PSADT, tanto maior o valor do PSA no momento em que a metástase é constatada pela primeira vez. Da metástase até a morte são mais seis anos. Como o câncer da próstata surge, na maioria dos casos, após, os 60 anos, o leitor só precisa somar: 60, mais 3 a 5 até a volta do PSA, mais dez até o aparecimento da metástase e mais seis até a morte, já são perto de vinte anos e muitos já morreram de outras causas, sobretudo cardiovasculares.

Um teste mais exato do câncer da próstata

Há muitos testes de câncer da próstata sendo desenvolvidos. Nos últimos anos, mais de cem foram ou estão sendo testados. Há muitos  objetivos que queremos alcançar, como reduzir os falsos positivos (os testes sugerem cânceres que não existem) e os falsos negativos (os testes sugerem que não há câncer, mas há). Até as biópsias podem errar, usualmente na direção de falsos negativos: não encontram células cancerosas porque elas estão em outro lugar. Mas há outros objetivos, como saber qual o risco de metástases e qual o risco de morte. Pesquisadores da UCSF desenvolveram um teste chamado CAPRA que ajuda a reduzir os erros nas previsões de metástases ósseas, mortalidade específica e mortalidade geral desde o momento em que o câncer foi diagnosticado. Do ponto de vista da escolha do tratamento esses são conhecimentos fundamentais.

A pesquisa foi com um número grande de pacientes, mais de dez mil e os resultados acabam de ser publicados no Journal of the National Cancer Institute. Inicialmente os pacientes estão sendo classificados em três categorias: risco alto, médio e baixo, mas essa classificação ainda rude deve ser refinada.Os números mostram que é importantíssimo saber: afinal, são perto de 200 mil homens que serão diagnosticados com esse câncer somente nos Estados Unidos e mais de 27 mil devem morrer vitimados por ele. Ter informação precisa sobre o prognóstico ajudará muita gente. É importante saber que, nos Estados Unidos, apenas 5% dos pacientes já apresentam metástases no diagnóstico. Os demais enveredam por muitos tipos diferentes de tratamento que se beneficiariam dessas informações.
O que é o teste CAPRA? Usa cinco fatores: idade no diagnóstico, o escore Gleason, o PSA, a percentagem das biópsias (agulhas) com resultados positivos, que mostram a existência de câncer e o estágio do tumor, elaborado com base no toque retal e/ou no ultrasom. Usa, afinal das contas, informações que normalmente estão disponíveis. Em três pesquisas diferentes, o CAPRA previu o fracasso bioquímico e, agora, teve sucesso em prever quem morreria da doença e quem morreria em geral (de todas as causas). Acompanharam os dados de pacientes sendo tratados em 40 centros, desde 1995. Três por cento desenvolveram metástases ósseas, 2,4% morreram do câncer da próstrata e 14,9% morreram de outras causas. Olhem bem esses números. Ou seja, aproximadamente uma de cada seis mortes foi devida ao câncer da próstata. O CAPRA previu com pouco erro esses resultados.Por cada ponto no escore CAPRA o risco de morte pelo câncer aumenta 39% e dois pontos dobram o risco. Até agora o instrumento foi testado com êxito até dez anos depois do diagnóstico.

É bom saber, para decidir melhor.

Resultados de exames e decisoes difíceis

Este ano, no dia 13 de agosto, completarei 14 anos do diagnóstico de câncer da próstata. Era avançado, Gleason 7 (4+3, que é bem pior do que 3+4) e uma perfuraçao da cápsula, mas nao era desesperador. Quatorze anos depois estou aqui, escrevendo para vocês. Como meu conhecimento era quase zero tomei algumas decisoes erradas e tive medos e receios desnecessários. Muitas ansiedades que poderiam ser evitadas com uma conversa mais demorada com o médico ou através de leitura. Por isso, passei a ler e muito sobre essa doença. Senti, em conversa com outros pacientes que sabiam pouco, tinham muitas dúvidas e, o que é pior, a comunicacao com o médico era péssima! Quem vive nos Estados Unidos tem muitas facilidades para localizar, ingressar e participar de redes de apoio, mas no nosso Brasil, na minha opiniao, fomos treinados a depender muito do estado e pouco de nós mesmos.  Com isso, somos vítimas fáceis de autoritarismos, inclusive de médicos. Por isso, criei esse blog, inspirado em outro, criado pela esposa de um paciente (depois viúva dele) de câncer avançado, chamado PSA Rising.

Cinco anos depois da prostatectomia seguida de radioterapia neo-adjuvante (logo depois), o PSA voltou. Eu nao estava curado! Entrei em nova etapa e fui aprendendo que o PSADT (o tempo que o PSA leva para dobrar) era um indicador muito importante de se e quando haveria metástase e de se (e quando) eu morrería da doença. Meu PSA dobrava cada onze meses. Mudei a dieta e o estilo de vida e o tempo foi aumentando, o que é bom. Em duas crises pessoais, o PSADT baixou, o que é ruim. Hummmmm. Ninguém me convence de que nao há relaçao entre crises existenciais, baixas no sistema imune e aumento no risco de desenvolver um câncer.

No meu nível de tratamento, os pacientes se dividem em dois grandes grupos: os que querem fazer logo a terapia hormonal e os que nao querem porque nao gostam nada dos efeitos colaterais e nao estao convencidos dos benefícios de começá-la cedo. Infelizmente, há um terceiro grupo, o maior de todos, que faz o que aquele médico manda e nao participa de decisoes que afetam sua vida e sua qualidade de vida.

O meu PSADT andou baixando nos últimos dois/três anos, o que nao é bom. Andou em mais de dois anos acima de 24 meses e baixou para 15-16 meses, mas os resultados mais recentes colocam o meu PSADT em 19 meses. Esses foram ganhos muito recentes, a partir de uma experiência linda com uma novena a Santa Terezinha do Menino Jesus. Recebi um bouquet de rosas de pessoa que trabalha em casa no meio da novena….e o PSADT que estava baixando aumentou, para 23 meses. Está em 1,9, numa série mais longa.

Decidi esperar mais antes de iniciar a terapia hormonal. Há outras razoes, sendo uma a de que tenho outros problemas de saúde, inclusive uma fibrilaçao atrial muito pesada. Talvez tenha que fazer uma ablaçao cardíaca. O tratamento hormonal äs vezes piora os problemas circulatórios. Saberei se convém ou nao fazer a ablaçao em uma semana.

É isso. Tudo o que pretendo é retomar minha vida, voltar a escrever meus artigos, fazer minhas pesquisas (uma cachaça!), orientar meus pobres alunos,  e fazer o bem e a vontade de Deus.

Esse blog é consultado por pouco mais de 300 pessoas diariamente. Atingiu mais de 500 quando surgiram as notícias sobre a abiraterona. A todas, peço uma oraçao.

um abraço

Gláucio

Como preparar o suco de romã contra o câncer da próstata

Acabo de receber resposta do Dr. Pantuck, da UCLA, pesquisador líder na área do efeito do romã sobre o câncer da próstata, que me informou que a maneira de preparar o suco é triturando (batendo no liquidificador) a fruta inteira – polpa, casca, sementes, tudo.
Quem quizer ajudar na pesquisa, vefifique qual o PSA antes de iniciar o consumo de romã e calcule a taxa de crescimento dobrado (PSADT), incluíndo todos os exames anteriores. Há maneira de calcular isso usando a internet. Se não souber, darei dicas sobre como fazê-lo. Eles testam com um copo (8 onças) por dia.
abraços

Tipos de câncer de próstata, PSA e metátase óssea

É muito importante saber qual o tipo de câncer da sua próstata. A grande maioria é composta por adenocarcinomas e quase tudo o que lemos se refere a esse tipo ou a um conjunto no qual a ampla maioria é desse tipo. Mas há outros tipos, inclusive o anaplástico. Uma pesquisa, feita com 27 pacientes com CPa anaplástico, revelou que muito tinham metástases com PSA baixos e que, entre eles, os que tinham “small cell” eram casos extremos de PSA baixo.
Mesmo nesse grupo extremo, os resultados da tomografia computarizada se correlacionavam com o PSA. A média era de 59.9 ng/ml +/- 23.3 (variação de zero a 583 ng/ml; e a mediana, 4 ng/ml). No grupo com “small cell” os valores eram ainda mais baixos: 12.3 ng/ml +/- 9.0 (variação de zero a 110 ng/mL; mediana 1.7 ng/mL). 70% dos pacientes tinham metástase óssea e os valores do PSA eram média de 73 ng/ml +/- 32(mediana de 9.1 ng/mL), mas os sete (58%) com “small cell” tinham valores ainda menores média de 18 ng/mL +/- 13 (mediana de 4 ng/mL). Os cânceres anaplásticos são raros e os “small cells” ainda mais raros. Nesses cânceres pode haver metástase com PSA’s baixos.
Se você se trata com urólogos e oncólogos sérios, eles sabem qual o seu tipo de câncer.

Ver LH Schwartz, LR LaTrenta, E Bonaccio, WK Kelly, HI Scher and DM Panicek do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center.