Promissora combinação de terapias

Suzanne Elvidge escreveu um interessante resumo no qual argumenta que combinação de duas terapias anti-cancer é eficiente e produz melhores resultados do que o que os últimos medicamentos produziram: alguns (usualmente poucos) meses a mais na esperança de vida. A combinação de Prostvac, uma vacina que ainda está sendo estudada, com ipilimumab, um anticorpo monoclonal, aumenta os efeitos anti-câncer das duas aplicadas separadamente. As pesquisas estão no início.

É interessante que Prostvac é uma “vacina” baseada em um vírus (sendo desenvolvida pela Bavarian Nordic) e que ipilimumab seja usada com sucesso como um tratamento do melanoma adiantado, sob o nome comercial de Yervoy. É uma pesquisa em estado inicial: trinta homens receberam doses cada vez mais altas de ipilumumab e doses iguais de Prostvac. Os efeitos colaterais são conhecidos porque Ipilumumab está em uso há algum tempo.

Quais os resultados, quando aplicados a pacientes com câncer avançado? Metade dos pacientes tiveram baixas no PSA, alguns de mais de 50%! E a sobrevivência mediana foi perto de três anos. Ou seja: metade dos pacientes viveu mais de três anos e metade menos.

A sobreviência mediana dos trinta pacientes, 34,4 meses, é um avanço em relação aos ganhos mais limitados com os medicamentos desenvolvidos recentemente – com os quais estamos aprendendo muito, diga-se de passagem.

É um estudo pequeno, ainda na Fase I, mas que promete. As pesquisas com o Prostvac estão mais adiantadas, na Fase III (com muitos pacientes, grupo controle etc), que começou no fim do ano passado.

 

GLÁUCIO SOARES        IESP/UERJ

 


Controlar uma proteína nos dará mais tempo

Na busca da cura do câncer da próstata ou de mecanismos que reduzam significativamente seu crescimento tem seguido vários caminhos. Há dois dados ruins para nós, pacientes:

  1. São centenas de “descobertas” que, promissoras inicialmente, não chegam à Fase III (com muitos pacientes e grupo controle) por cada uma que chega e é aprovada pela FDA;
  2. Usualmente, a pesquisa percorre um caminho longo e leva tempo, usualmente dez anos ou mais, até virar remédio e começar a ajudar pacientes.

Do lado positivo, há, cada vez mais, colaboração entre pesquisadores de disciplinas e especialidades diferentes, gerando um caminhão de possibilidades.

Uma dessas possibilidades se refere a uma proteína, que regula a reprodução de células cancerosas e joga importante papel na transformação de células sãs em células cancerosas. Ela se chama Bmi-1 e, se tudo der certo, jogará um papel importante no controle do avanço do câncer. Essas pesquisas estão sendo feitas na UCLA.

Anteriormente havia sido demonstrado que essa proteína estava associada com cânceres agressivos e com resultados ruins – a morte dos pacientes. A associação estava demonstrada, mas os mecanismos não. Estudando animais ficou claro que a Bmi-1 regula a reprodução das células da próstata “maduras” e em importante função no provocar o câncer e no seu avanço.

Qual a descoberta, afinal de contas? Que inibindo essa proteína se reduz a velocidade do crescimento do câncer, dando tempo a que outros tratamentos façam efeito e, idealmente, que novas e cruciais descobertas sejam feitas. Ganhamos tempo.

Fonte: (online) Dec. 2 in Cell Stem Cell.

Gláucio Soares


Possível clinical trial – tratamento experimental


Há uma pesquisa experimental chamada de Affirm Prostate Cancer Clinical Trial. Ela se limita a pessoas que


  • têm câncer avançado da próstata
  • Já receberam químio usando docetaxel (Taxotere®)
  • A despeito dos tratamentos, o câncer voltou a avançar.


O que fazer? Chamar 1-888-782-3256 nos Estados Unidos e no Canadá e se informar, mas chame somente se sua condição preenche os requisitos acima. Não adianta tentar “enganar”.

Talvez requeira transferir residência para os Estados Unidos ou Canadá.

Boa sorte.

A consulta com o Dr. Meyers

A van, Ford 1993, equipada para acampar é confortável e agradável. É fácil de dirigir, exceto inicialmente, nos momentos em que tive que dar marcha à ré.
Entre a beleza do inverno e a preocupação da almaAs estradas pequenas, no inverno são bonitas. Infelizmente, a comida de beira de estrada é…a comida de beira de estrada. O estomago e o intestino sofrem durante a viagem e a dieta vai para o brejo.</span>
O estado de espírito de quem tem uma doença incurável e está indo a um médico deve variar muito. Eu consegui curtir parcialmente a viagem, mas ia com esperança. Na clínica, durante todo o tempo que passei lá (umas três horas) vi apenas um ou dois pacientes. Já deu para ver o grau de apreensão em um deles, fiel e importantemente acompanhado pela esposa ou companheira.
Mas não dá para para não curtir (um pouquinho, pelo menos) o visual de estradas pequenas, cercadas de árvores, no meio da neve.

Estrada e mais estrada

A chegada mostra uma casinha simpática, simples, com estacionamento para poucos carros. Não é uma operação industrial. Feita, como tantas casas (e universidades) americanas, de tijolinho aparente.


A chegada é marcada por uma placa simples. Depois de quase três dias na van (rebatizada de school bus) pelo meu filho, foi um alívio chegar ao lugar certo.

As estradas pequenas são mais bonitas

Aqui dentro vi um tipo de atendimento ao paciente muito diferente do usado nos Estados Unidos onde somos primeiro recebidos por uma enfermeira, que pesa, tira a pressão, temperatura etcx. Um primeiro e importante cuidado – a pressão é tirada duas vezes, além do que a enfermeira pergunta se essa é a pressão habitual. Ela mostra consciência da chamada “white coat syndrome”: a pressão aumenta na presença de médicos etc. Estava lá por 180, na segunda por 160 e eu aduzi que poderia reduzí-la em outros vinte pontos.
Visitei o AIDP no dia anterior, turbinado pela insegurança de não me perder, chegar atrazado, essas coisas. Uma das secretárias estava preparando o meu dossier. Quando cheguei no dia seguinte vi um senhor baixo, sem gordura para mostrar, de cabelos brancos estudando uns records que eu sabia serem os meus.

Perto, estradas menores, mais curvas e mais beleza

O Dr. Meyers é simpático, agradável. Me tratou com o respeito de quem tem uma doença grave, considerada incurável, que ele também teve ou tem.
Muitos dos suplementos que eu usava ele desaconselhou porque não confiava no fabricante. Traçou um plano de ação que consistia em me preparar para uma terapia hormonal(que deveria ser chamada de anti-hormonal) porque ela tem muitos efeitos colaterais. Há uma diferença em relação ao procedimento habitual, que consiste em iniciar a terapia e aconselhar o paciente a tomar essas e aquelas medidas: ela prepara o paciente e depois inicia a terapia – nos casos em que é possível esperar um pouco. É onde estou e é minha responsabilidade atingir as metas marcadas, ajudado por muitos remédios, mas com compromisso com uma dieta mediterrânea e muito exercício.

O AIDP - uma casinha desprentensiosa com estacionamento para poucos carros

Dr. Meyers me convenceu de algumas coisas, particularmente de que a relação custo/benefício da terapia hormonal pode ser menor e precisa de especificação. A duração do efeito dos tratamentos varia muito e varia de acordo com a doença do paciente e os procedimentos adotados anteriormente.
Os famosos 18 meses de atuação se referem com a próstata, metástase generalizada e que ainda tem a próstata. Análise patológica mostra que metade do crescimento do câncer depois da terapia se inicia na próstata. Nos casos em que houve metástase para os nódulos linfáticos e houve prostatectomia o efeito dura dez anos em 50% a 95% dos casos, dependendo do estudo e da publicação. No caso dos que preservaram a próstata em metade dos casos a terapia hormonal fracassa aos 7-8 anos.
Nos pacientes com metástase generalizada e com sintomas, o efeito é reduzido: em metade dos casos a doença volta a crescer em 8 a 9 meses.
A lição: dependendo do paciente, a duração dos benefícios da terapia hormonal varia de menos de oito a nove meses a mais de dez anos.
Continuarei relatando essa experiência para beneficiar o leitor. Porém, estou preocupado com um grande número de  leitores com acesso à internet mas sem capacidade analítica e com um nível educacional muito baixo. Pediria a cada um dos pacientes mais informados e seus familiares que divulgassem o conhecimento que adquiriram (rão) aqui e em outras fontes entre os que não conseguem entender o que escrevemos.

A placa que garante que chegamos ao lugar certo

Ir ao Dr. Meyers não sai barato. Ele não aceita o seguro tradicional do Medicare (tem um contrato de não aceitação) e custa 350 dólares por cada meia hora. Minha entrevista durou duas horas e o custo total foi de mil e quatrocentos dólares. Uma viagem que eu planejava foi para o espaço. Valeu a pena.


Câncer e suicidio

Todo cuidado é pouco.  O diagnóstico de câncer da próstata pode aumentar o risco de suicídio. Esse tipo de pesquisa só poderia ser feito num país com um sistema estatístico que permitisse  juntar num só banco de dados os pacientes diagnosticados, subdivididos pela agressividade do câncer, dados sobre a população geral e dados sobre os suicídios. Foi feita na Suécia, um país com excelentes estatísticas. Foi feito pelos Department of Urology, University Hospital, em Uppsala, e o Department of Clinical Cancer Epidemiology, Karolinska Institute, em Estocolmo. O risco de suicídio é mais alto em pacientes com câncer do que em populações semelhantes, mas sem câncer. Essa generalização se aplica aos pacientes de câncer da próstata.
          Porém, os pacientes de câncer da próstata não são todos iguais. Há pacientes com cânceres lentos que, talvez, não precisem qualquer tratamento, nada além de um acompanhamento para garantir que o câncer continua lento, e há pacientes com cânceres mais agressivos que são uma ameaça real à vida.
         Pesquisadores na Suécia dispõem de um data base sobre câncer de próstata, o PCBaSe. Quem foi diagnosticado está nele. Os pesquisadores tomaram os cânceres diagnosticados de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2006. Excluíram as mulheres e controlaram por idade. Houve 128 suicídios nos mais de 77 mil casos de CPa (câncer da próstata). O número esperado, com base na população semelhante quanto ao gênero e idade, mas sem câncer, seria 85. Os homens com cânceres menos agressivos tinham a mesma taxa que os homens sem câncer, mas os homens com cânceres localizados, mas agressivos, e os com metástase distante tinham um risco de suicídio que era mais do dobro do risco da população controle. Não foram controladas a comorbidade e as doenças mentais pré-existentes.

          A política oficial e não oficial seguida pelos médicos varia de país para país. Nos Estados Unidos a lei define que o paciente tem o direito de saber; no Brasil são freqüentes os casos em que a família e o médico entram em conluio para não dar essa informação ao paciente, achando que o ele “não deve” saber. É uma postura extremamente autoritária da sociedade. Onde há uma política dos direitos dos pacientes, que inclui o direito de saber, o médico que não transmitir a informação ao seu dispor ao paciente poderá ser processado, tanto criminalmente, quanto civilmente.

Eu cresci achando que câncer era uma sentença de morte, usualmente em pouco tempo. Era uma crença estatisticamente furada naquele tempo e, hoje, é mais furada ainda porque as taxas de sobrevivência aumentaram em dois sentidos – maior percentagem de pessoas sobrevive e acaba morrendo de outras causas e, entre os que morrem daquele câncer, o tempo até a morte aumentou muito.
         Esses dados devem ser explicados ao paciente desde o inicio. Meu cirurgião/urólogo achava pouco provável que eu morresse daquele câncer, mas acrescentou que, se acontecesse, seria depois de muitos anos. A perspectiva de viver muitos anos ainda e a fé na ciência reduzem o pânico provocado pelo diagnóstico.

          Escrito por Bill-Axelson A, Garmo H, Lambe M, Bratt O, Adolfsson J, Nyberg U, Steineck G, Stattin P. e publicado em  Eur Urol. 2009 Nov 10.

RESUMO POR GLÁUCIO SOARES      IESP-UERJ




Se quiser saber mais sobre o câncer da próstata, visite os seguintes blogs:
ou
Se puder ler em Inglês, veja

www.psa-rising.com/

Câncer e suicidio

Todo cuidado é pouco.  O diagnóstico de câncer da próstata pode aumentar o risco de suicídio. Esse tipo de pesquisa só poderia ser feito num país com um sistema estatístico que permitisse  juntar num só banco de dados os pacientes diagnosticados, subdivididos pela agressividade do câncer, dados sobre a população geral e dados sobre os suicídios. Foi feita na Suécia, um país com excelentes estatísticas. Foi feito pelos Department of Urology, University Hospital, em Uppsala, e o Department of Clinical Cancer Epidemiology, Karolinska Institute, em Estocolmo. O risco de suicídio é mais alto em pacientes com câncer do que em populações semelhantes, mas sem câncer. Essa generalização se aplica aos pacientes de câncer da próstata.

Porém, os pacientes de câncer da próstata não são todos iguais. Há pacientes com cânceres lentos que, talvez, não precisem qualquer tratamento, nada além de um acompanhamento para garantir que o câncer continua lento, e há pacientes com cânceres mais agressivos que são uma ameaça real à vida.

Pesquisadores na Suécia dispõem de um data base sobre câncer de próstata, o PCBaSe. Quem foi diagnosticado está nele. Os pesquisadores tomaram os cânceres diagnosticados de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2006. Excluíram as mulheres e controlaram por idade. Houve 128 suicídios nos mais de 77 mil casos de CPa (câncer da próstata). O número esperado, com base na população semelhante quanto ao gênero e idade, mas sem câncer, seria 85. Os homens com cânceres menos agressivos tinham a mesma taxa que os homens sem câncer, mas os homens com cânceres localizados, mas agressivos, e os com metástase distante tinham um risco de suicídio que era mais do dobro do risco da população controle. Não foram controladas a comorbidade e as doenças mentais pré-existentes.
A política oficial e não oficial seguida pelos médicos varia de país para país. Nos Estados Unidos a lei define que o paciente tem o direito de saber; no Brasil são freqüentes os casos em que a família e o médico entram em conluio para não dar essa informação ao paciente, achando que o ele “não deve” saber. É uma postura extremamente autoritária da sociedade. Onde há uma política dos direitos dos pacientes, que inclui o direito de saber, o médico que não transmitir a informação ao seu dispor ao paciente poderá ser processado, tanto criminalmente, quanto civilmente.

Eu cresci achando que câncer era uma sentença de morte, usualmente em pouco tempo. Era uma crença estatisticamente furada naquele tempo e, hoje, é mais furada ainda porque as taxas de sobrevivência aumentaram em dois sentidos – maior percentagem de pessoas sobrevive e acaba morrendo de outras causas e, entre os que morrem daquele câncer, o tempo até a morte aumentou muito.

Esses dados devem ser explicados ao paciente desde o inicio. Meu cirurgião/urólogo achava pouco provável que eu morresse daquele câncer, mas acrescentou que, se acontecesse, seria depois de muitos anos. A perspectiva de viver muitos anos ainda e a fé na ciência reduzem o pânico provocado pelo diagnóstico.

Escrito por Bill-Axelson A, Garmo H, Lambe M, Bratt O, Adolfsson J, Nyberg U, Steineck G, Stattin P. e publicado em  Eur Urol. 2009 Nov 10.

Câncer e suicidio

       Todo cuidado é pouco.  O diagnóstico de câncer da próstata pode aumentar o risco de suicídio. Esse tipo de pesquisa só poderia ser feito num país com um sistema estatístico que permitisse  juntar num só banco de dados os pacientes diagnosticados, subdivididos pela agressividade do câncer, dados sobre a população geral e dados sobre os suicídios. Foi feita na Suécia, um país com excelentes estatísticas. Foi feito pelos Department of Urology, University Hospital, em Uppsala, e o Department of Clinical Cancer Epidemiology, Karolinska Institute, em Estocolmo. O risco de suicídio é mais alto em pacientes com câncer do que em populações semelhantes, mas sem câncer. Essa generalização se aplica aos pacientes de câncer da próstata.

          Porém, os pacientes de câncer da próstata não são todos iguais. Há pacientes com cânceres lentos que, talvez, não precisem qualquer tratamento, nada além de um acompanhamento para garantir que o câncer continua lento, e há pacientes com cânceres mais agressivos que são uma ameaça real à vida.  

          Pesquisadores na Suécia dispõem de um data base sobre câncer de próstata, o PCBaSe. Quem foi diagnosticado está nele. Os pesquisadores tomaram os cânceres diagnosticados de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2006. Excluíram as mulheres e controlaram por idade. Houve 128 suicidios nos mais de 77 mil casos de CPa (câncer da próstata). O número esperado, com base na população semelhante quanto ao gênero e idade, mas sem câncer, seria 85. Os homens com cânceres menos agressivos tinham a mesma taxa que os homens sem câncer, mas os homens com cânceres localizados, mas agressivos, e os com metástase distante tinham um risco de suicídio que era mais do dobro do risco da população controle. Não foram controladas a comorbidade e as doenças mentais pré-existentes.  

          A política oficial e não oficial seguida pelos médicos varia de país para país. Nos Estados Unidos a lei define que o paciente tem o direito de saber; no Brasil são freqüentes os casos em que a família e o médico entram em conluio para não dar essa informação ao paciente, achando que o ele “não deve” saber. É uma postura extremamente autoritária da sociedade. Onde há uma política dos direitos dos pacientes, que inclui o direito de saber, o médico que não transmitir a informação ao seu dispor ao paciente poderá ser processado, tanto criminalmente, quanto civilmente.

          Eu cresci achando que câncer era uma sentença de morte, usualmente em pouco tempo. Era uma crença estatisticamente furada naquele tempo e, hoje, é mais furada ainda porque as taxas de sobrevivência aumentaram em dois sentidos – maior percentagem de pessoas sobrevive e acaba morrendo de outras causas e, entre os que morrem daquele câncer, o tempo até a morte aumentou muito.

          Esses dados devem ser explicados ao paciente desde o inicio. Meu cirurgião e urólogo achava pouco provável que eu morresse daquele câncer, mas acrescentou que, se acontecesse, seria depois de muitos anos. A perspectiva de viver muitos anos ainda e a fé na ciência reduzem o pânico provocado pelo diagnóstico.

          Escrito por Bill-Axelson A, Garmo H, Lambe M, Bratt O, Adolfsson J, Nyberg U, Steineck G, Stattin P. e publicado em  Eur Urol. 2009 Nov 10.

Setembro, mês da conscientização sobre o câncer da próstata

Setembro foi escolhido como o mês da conscientização  sobre o câncer da próstata – nos Estados Unidos. Hospitais e instituições as mais variadas participam dessa campanha. Em muitos lugares há iniciativas de todo tipo para informar e conscientizar a população. O Cancer Institute of New Jersey (CINJ) participa dessa campanha.

Como?

Começarão com palestras informativas, no caso pelos médicos especialistas Isaac Kim e Mark Stein. Vão mostrar como chegam a um diagnóstico e como tratam o câncer da próstata. Essas campanhas vão além de médicos. Karen Sherman da American Cancer Society e Ellen Levine do The Wellness Community of Central New Jersey vão analisar os problemas do câncer a partir dos pacientes e das suas famílias, o que fazer para enfrentar física e psicologicamente essa doença. Tem mais: uma equipe de médicos proporcionará exames de PSA e de toque retal aos que se inscreverem.

É uma iniciativa de pessoas e de instituições privadas dedicadas ao bem comum, onde as pessoas se inscrevem com um telefonema, sem precisar mostrar identidade, CPF e outras exigências de uma sociedade burocrática e atrasada.

Um bom exemplo de informações para o público

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Há, na Universidade da Califórnia em Los Angeles, UCLA, um programa chamado de Specialized Program of Research Excellence (SPORE) in Prostate Câncer que, juntamente com o Departamento de Urologia, patrocinam um programa  de informação para o público, através de conferências etc. Terça, dia 28, como parte desse programa, três urólogos de reputação nacional, Dr. William Aronson, Dr. Robert Reiter e Dr. Leonard Marks farão palestras sobre vários tópicos, incluindo nutrição, a cirurgia feita por robôs e a opção chamada de watchful waiting, usada em cânceres indolentes, através da qual os pacientes são regularmente acompanhados, mas não recebem nenhum tratamento agressivo ou invasivo.

Se você estiver na área, pode ir: é grátis, mas as filas costumam ser grandes e reservas são aconselháveis. Quem coordena essa parte administrativa é Lauren Whittedvia pelo telefone 310-794-1397 
ou por email; lwhitted@mednet.ucla.edu. 
A descrição deste programa está em
http://urology.ucla.edu/body.cfm?id=229&oTopID=229
Deveríamos ter, no Brasil, programas semelhantes em várias regiões metropolitanas.

 

Gláucio Ary Dillon Soares

Um teste mais exato do câncer da próstata

Há muitos testes de câncer da próstata sendo desenvolvidos. Nos últimos anos, mais de cem foram ou estão sendo testados. Há muitos  objetivos que queremos alcançar, como reduzir os falsos positivos (os testes sugerem cânceres que não existem) e os falsos negativos (os testes sugerem que não há câncer, mas há). Até as biópsias podem errar, usualmente na direção de falsos negativos: não encontram células cancerosas porque elas estão em outro lugar. Mas há outros objetivos, como saber qual o risco de metástases e qual o risco de morte. Pesquisadores da UCSF desenvolveram um teste chamado CAPRA que ajuda a reduzir os erros nas previsões de metástases ósseas, mortalidade específica e mortalidade geral desde o momento em que o câncer foi diagnosticado. Do ponto de vista da escolha do tratamento esses são conhecimentos fundamentais.

A pesquisa foi com um número grande de pacientes, mais de dez mil e os resultados acabam de ser publicados no Journal of the National Cancer Institute. Inicialmente os pacientes estão sendo classificados em três categorias: risco alto, médio e baixo, mas essa classificação ainda rude deve ser refinada.Os números mostram que é importantíssimo saber: afinal, são perto de 200 mil homens que serão diagnosticados com esse câncer somente nos Estados Unidos e mais de 27 mil devem morrer vitimados por ele. Ter informação precisa sobre o prognóstico ajudará muita gente. É importante saber que, nos Estados Unidos, apenas 5% dos pacientes já apresentam metástases no diagnóstico. Os demais enveredam por muitos tipos diferentes de tratamento que se beneficiariam dessas informações.
O que é o teste CAPRA? Usa cinco fatores: idade no diagnóstico, o escore Gleason, o PSA, a percentagem das biópsias (agulhas) com resultados positivos, que mostram a existência de câncer e o estágio do tumor, elaborado com base no toque retal e/ou no ultrasom. Usa, afinal das contas, informações que normalmente estão disponíveis. Em três pesquisas diferentes, o CAPRA previu o fracasso bioquímico e, agora, teve sucesso em prever quem morreria da doença e quem morreria em geral (de todas as causas). Acompanharam os dados de pacientes sendo tratados em 40 centros, desde 1995. Três por cento desenvolveram metástases ósseas, 2,4% morreram do câncer da próstrata e 14,9% morreram de outras causas. Olhem bem esses números. Ou seja, aproximadamente uma de cada seis mortes foi devida ao câncer da próstata. O CAPRA previu com pouco erro esses resultados.Por cada ponto no escore CAPRA o risco de morte pelo câncer aumenta 39% e dois pontos dobram o risco. Até agora o instrumento foi testado com êxito até dez anos depois do diagnóstico.

É bom saber, para decidir melhor.

Levedura vermelha contra o câncer de próstata? Há contra-indicações

Colesterol alto parece favorecer o crescimento do câncer de próstata. Uma pesquisa mostra que uma levedura de arroz vermelho (red yeast rice), cujo  nome técnico é  Monascus Purpureus, contem umas substâncias chamadas de monacolins (em Inglês) que tem a mesma estrutura do remédio contra colesterol chamado de Mevacor (lovastatin).

E?

Uma pesquisa mostra que essa levedura provocava a morte de células cancerosas, particularmente naquelas que já não necessitavam de hormônios masculinos para crescer e se reproduzir. O autor da pesquisa, Dr. Mee Young Hong, da San Diego State University, lembra que temos poucas armas contra o câncer de próstata depois que ele se torna independente dos hormônios masculinos, o que, acontece mais cedo ou mais tarde, a menos que o paciente morra antes, do câncer ou de outra causa. Dr. Hong e associados compararam os efeitos de lovastatin e da levedura. Lovastatin provocou uma redução de 20% das células que ainda eram afetadas pelos hormônios e de 15% nas que não eram. A mesma dose da levedura provocava um efeito maior: 47% nas que eram hormônio-dependentes e 47% nas hormônio-independentes. Quando o tratamento durou dois dias, os resultados foram ainda melhores: 62% e 77%, respectivamente.

Um tipo da levedura que não continha manacolins K também surtiu efeito, ainda que menor.

É PRECISO CUIDADO. DESDE 1998 QUE A FDA PROIBIU A VENDA DO PRODUTO DEVIDO AOS EFEITOS COLATERAIS, SOBRETUDO ENFRAQUECIMENTO MUSCULAR E DANOS AO FÍGADO.  ELE AINDA PODE SER COMPRADO COMO SUPLEMENTO.

Além disso, esses resultados foram obtidos pingando a levedura diretamente sobre as células cancerosas nos pratinhos Petri. É muito mais difícil chegar lá através da digestão.

Fonte: Hong MY, Seeram NP, Zhang Y, Heber D. Chinese red yeast rice versus lovastatin effects on prostate cancer cells with and without androgen receptor overexpression. Journal of Medicinal Food. 2008;11:657-666.

Bons resultados com vacina contra câncer dos ovários

Uma notícia que tem, potencialmente, relevância para o câncer de próstata se refere aos primeiríssimos resultados de pacientes num “Phase I/II clinical trial” com uma vacina, a DCVax(R)-L. É uma experimento clínico com mulheres com câncer dos ovários que não tem mais qualquer opção: já tentaram tudo – carboplatina, paclitaxel, docetaxel, abraxane, gemcitabina e topotecan – e o câncer continua avançando. Os melhores resultados com outras drogas ou combinação entre elas paravam o câncer por poucos meses, três ou quatro. Esses experimentos são de alto risco porque são pacientes muito debilitadas e lesionadas. Nesse experimento foram, apenas, duas pacientes, com metástases em vários lugares.
Um dos problemas associados ao câncer dos ovários deriva dele não apresentar sintomas até tarde, quando já há metástases. Nesse nível, o câncer avança rapidamente e a maioria das pacientes morre em meses. A nova vacina, DCVax(R)-L, dá esperanças a essa população.
Essa “vacina” é preparada com materiais da própria paciente, leva perto de duas semanas para ser preparada e é subcutânea. Ela retira células defensivas T, do sistema imune, as treina a identificar e atacar as células cancerosas. Como é individualizada, é caríssima, a despeito de cada procedimento produzir vacinas para vários anos. Os resultados mostram que todas as metástases das duas pacientes estacionaram, regrediram ou desapareceram. Até agora, os resultados foram satisfatórios e muitos meses após o tratamento as pacientes continuavam vivas.

Ressecção transuretral da próstata pode melhorar sua vida sexual

Recebi da Dra. Sonia Ferraz de Andrade a interessante nota abaixo:Foi observada uma elevada qualidade de vida em longo prazo após ressecção transuretral da próstata

Autora: Martha Kerr
Publicado em 25/09/2008

Dr. Said Fadel Mishriki e colaboradores acompanharam, prospectivamente, 280 pacientes consecutivos de ressecção
transuretral da próstata, que responderam questionários aos 3 e 6 meses e aos 6 e 12 anos, após o procedimento. Os pesquisadores, então, calcularam o escore sintomático da Associação Americana de Urologia e as taxas de fluxo e avaliaram a qualidade de vida, as preocupações e a satisfação.

Os pesquisadores relatam, na seção de agosto de Urology, que as pontuações da qualidade de vida inicial e das
preocupações foram de 8,16 e 15,45, respectivamente. A qualidade de vida média e os níveis de preocupação melhoraram de 2,54 e 4,84, aos 6 meses, para 3,71 e
7,14, aos 6 anos, e para 3,74 e 7,67, aos 12 anos, respectivamente.

“Este, que foi o maior estudo prospectivo publicado na literatura avaliando os resultados da ressecção transuretral da próstata, estabeleceu um marco”, Dr. Mishriki comentou em correspondência com a Reuters Health. “Outros procedimentos ablativos e minimamente invasivos devem ser comparados com os resultados em longo-prazo deste estudo”.

Ele ressaltou que “os aprimoramentos na qualidade de vida e nos níveis de preocupações foram consistentes e estatisticamente significantes, (e foram) associados a uma elevada satisfação dos pacientes por longos períodos”.

“A ressecção transuretral da próstata permanece como padrão-ouro para o tratamento de pacientes com obstrução extrínseca secundária à hiperplasia prostática benigna”, declarou Dr. Mishriki. “Nossos achados definitivamente dispersam qualquer falsa concepção a respeito da ressecção transuretral da próstata, tal como incontinência”.

O pesquisador acrescentou, ainda, que “haverá uma publicação a parte revelando que a ressecção transuretral da próstata não está relacionada com disfunção erétil”.

A equipe do Dr. Mishriki reportou os dados de 6 anos em uma apresentação intitulada “Ressecção transuretral da próstata pode melhorar sua vida sexual”, no encontro anual de 2006 da Associação Americana de Urologia, “que recebeu o prêmio de melhor apresentação”. “Devemos submeter o
estudo de 12 anos de acompanhamento a uma publicação dentro das próximas semanas. Espero que isso aumente a confiança dos pacientes nos resultados da ressecção transuretral da próstata”.

Urology 2008;72:322-328.

Ressecção transuretral da próstata pode melhorar sua vida sexual

Recebi da Dra. Sonia Ferraz de Andrade a interessante nota abaixo:

Foi
observada uma elevada qualidade de vida em longo prazo após ressecção
transuretral da próstata

Autora: Martha Kerr
Publicado em 25/09/2008

Nova York – Os pesquisadores da Aberdeen Royal
Infirmary
, na Escócia, relatam que
a ressecção transuretral da próstata
(RTUP) não é apenas clinicamente eficaz, mas, também, melhora a qualidade de
vida do paciente por, pelo menos, 12 anos.

Dr. Said Fadel Mishriki e colaboradores
acompanharam, prospectivamente, 280 pacientes consecutivos de ressecção
transuretral da próstata, que responderam questionários aos 3 e 6 meses e aos 6
e 12 anos, após o procedimento. Os pesquisadores, então, calcularam o escore
sintomático da Associação Americana de Urologia e as taxas de fluxo e avaliaram
a qualidade de vida, as preocupações e a satisfação.

Os pesquisadores relatam, na seção de agosto de
Urology, que as pontuações da qualidade de vida inicial e das
preocupações foram de 8,16 e 15,45, respectivamente. A qualidade de vida média e
os níveis de preocupação melhoraram de 2,54 e 4,84, aos 6 meses, para 3,71 e
7,14, aos 6 anos, e para 3,74 e 7,67, aos 12 anos, respectivamente.

“Este, que foi o maior estudo prospectivo publicado
na literatura avaliando os resultados da ressecção transuretral da próstata,
estabeleceu um marco”, Dr. Mishriki comentou em correspondência com a Reuters
Health
. “Outros procedimentos ablativos e minimamente invasivos devem ser
comparados com os resultados em longo-prazo deste estudo”.

Ele ressaltou que “os aprimoramentos na qualidade
de vida e nos níveis de preocupações foram consistentes e estatisticamente
significantes, (e foram) associados a uma elevada satisfação dos pacientes por
longos períodos”.

“A ressecção transuretral da próstata permanece
como padrão-ouro para o tratamento de pacientes com obstrução extrínseca
secundária à hiperplasia prostática benigna”, declarou Dr. Mishriki. “Nossos
achados definitivamente dispersam qualquer falsa concepção a respeito da
ressecção transuretral da próstata, tal como incontinência”.

O pesquisador acrescentou, ainda, que “haverá uma
publicação a parte revelando que
a ressecção transuretral da próstata não está
relacionada com disfunção erétil
”.

A equipe do Dr. Mishriki reportou os dados de 6
anos em uma apresentação intitulada “Ressecção transuretral da próstata pode
melhorar sua vida sexual”, no encontro anual de 2006 da Associação Americana de
Urologia, “que recebeu o prêmio de melhor apresentação”. “Devemos submeter o
estudo de 12 anos de acompanhamento a uma publicação dentro das próximas
semanas. Espero que isso aumente a confiança dos pacientes nos resultados da
ressecção transuretral da próstata”.

Urology
2008;72:322-328.

Ressecção transuretral da próstata pode melhorar sua vida sexual

Recebi da Dra. Sonia Ferraz de Andrade a interessante nota abaixo:

Foi
observada uma elevada qualidade de vida em longo prazo após ressecção
transuretral da próstata

Autora: Martha Kerr
Publicado em 25/09/2008

Nova York – Os pesquisadores da Aberdeen Royal
Infirmary
, na Escócia, relatam que
a ressecção transuretral da próstata
(RTUP) não é apenas clinicamente eficaz, mas, também, melhora a qualidade de
vida do paciente por, pelo menos, 12 anos.

Dr. Said Fadel Mishriki e colaboradores
acompanharam, prospectivamente, 280 pacientes consecutivos de ressecção
transuretral da próstata, que responderam questionários aos 3 e 6 meses e aos 6
e 12 anos, após o procedimento. Os pesquisadores, então, calcularam o escore
sintomático da Associação Americana de Urologia e as taxas de fluxo e avaliaram
a qualidade de vida, as preocupações e a satisfação.

Os pesquisadores relatam, na seção de agosto de
Urology, que as pontuações da qualidade de vida inicial e das
preocupações foram de 8,16 e 15,45, respectivamente. A qualidade de vida média e
os níveis de preocupação melhoraram de 2,54 e 4,84, aos 6 meses, para 3,71 e
7,14, aos 6 anos, e para 3,74 e 7,67, aos 12 anos, respectivamente.

“Este, que foi o maior estudo prospectivo publicado
na literatura avaliando os resultados da ressecção transuretral da próstata,
estabeleceu um marco”, Dr. Mishriki comentou em correspondência com a Reuters
Health
. “Outros procedimentos ablativos e minimamente invasivos devem ser
comparados com os resultados em longo-prazo deste estudo”.

Ele ressaltou que “os aprimoramentos na qualidade
de vida e nos níveis de preocupações foram consistentes e estatisticamente
significantes, (e foram) associados a uma elevada satisfação dos pacientes por
longos períodos”.

“A ressecção transuretral da próstata permanece
como padrão-ouro para o tratamento de pacientes com obstrução extrínseca
secundária à hiperplasia prostática benigna”, declarou Dr. Mishriki. “Nossos
achados definitivamente dispersam qualquer falsa concepção a respeito da
ressecção transuretral da próstata, tal como incontinência”.

O pesquisador acrescentou, ainda, que “haverá uma
publicação a parte revelando que
a ressecção transuretral da próstata não está
relacionada com disfunção erétil
”.

A equipe do Dr. Mishriki reportou os dados de 6
anos em uma apresentação intitulada “Ressecção transuretral da próstata pode
melhorar sua vida sexual”, no encontro anual de 2006 da Associação Americana de
Urologia, “que recebeu o prêmio de melhor apresentação”. “Devemos submeter o
estudo de 12 anos de acompanhamento a uma publicação dentro das próximas
semanas. Espero que isso aumente a confiança dos pacientes nos resultados da
ressecção transuretral da próstata”.

Urology
2008;72:322-328.

Câncer e recursos públicos

A mulher na foto se chama Diane Wishart, uma escocesa com um câncer de mama muito raro, que não é curável. Tem pouco tempo de vida. A única aspiração de Diane é passar algum tempo a mais com as duas filhinhas, Eve, de nove anos, e Rose, de seis. Diane, 39, faz químio, que é o único tratamento bancado inteiramente pelo NHS, a Previdência da Escócia. Diane sabe que há outros remédios que não curarão o câncer, mas que lhe darão mais alguns meses de vida. um deles se chama Avastin, que custa perto de R$ 200.000,00 por ano. Deverá esticar a vida dela uns meses quando o efeito da químio cessar. Porém, o NHS só paga por medicamentos aprovados pelo Scottish Medicines Consortium, que regula os medicamentos no país. A aspiração da Diane virou polêmica no país. Parte da população parece pensar que a Escócia deve usar o dinheiro dos impostos para esticar a vida de Diane, literalmente, a qualquer custo, ao passo que outra parte afirma que esses recursos salvarão muitas vidas a mais se usados para combater outras doenças curáveis com remédios menos custosos. No Brasil, Constituição considera a saúde como direito de todos e dever do Estado e pronto. Os críticos mostram que esse ítem custa muito, muito caro, obrigando o Estado a transferir recursos do atendimento a um número muitíssimo maior de pessoas. De fato, como os brasileiros pobres e com baixa instrução não têm acesso a esse tipo de informação nem aos advogados que forçam o Estado a pagar pelos remédios, a saúde não é um direito de todos e esse recurso acaba sendo usado de maneira desproporcional pela classe média.
O que é correto?
Evidente que, como canceroso, eu vejo bom bons olhos que o Estado pague a conta de meu tratamento ainda que, como o de Diane, meu câncer  seja incurável. Porém, a mistura dos bons olhos com a necessidade pessoal não me conduzem à cegueira e tenho, sim, plena consciência de que a qüestão é polêmica e de que não há respostas fáceis.
E o leitor, o que acha?

Abaixo, Diane e sua família:

"The NHS should not be failing you like that. I have paid my taxes all my life. It's not fair on my girls."

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Vacina: o primeiro passo de outra tentativa

Lembrando que a pesquisa científica a respeito do câncer de próstata se faz por estágios, estamos nos referindo a uma pesquisa com organismos vivos, mas não humanos: camundongos. Essa pesquisa representa um passo na Imunoterapia. As “vacinas” foram construídas a partir de tecidos retirados diretamente dos tumores, que contem antígenos (associados com o epitélio neo-plástico), mas também tecidos que podem ser encontrados sobretudo no crescimento de células in vivo e antígenos associados com o stroma. As cobaias foram tratadas de maneira a desenvolverem tumores prostáticos autóctones. Como sempre, foram distribuídos aleatoriamente por grupos diferentes: um que não recebeu tratamento; outro que recebeu vacina com media e um terceiro que foi vacinado com GFT. Os ratos receberam tratamento semanal (exceto o grupo controle).

Os resultados foram estranhos: não encontraram diferenças entre os pesos dos tumores entre os grupos. Metástase para o pulmão afetou 1/3 dos camundongos do grupo GFT, em comparação com 91% e 100% dos demais grupos. Houve uma redução do número de animais com sintomas de metástase da ordem de 70%, sendo que em 21% dos tratados com GFT houve uma remissão completa dos tumores. Há outras diferenças, mas meu conhecimento não dá para o gasto. Até onde acompanhei: resultados animadores que vão estimular outras pesquisas, primeiro com um número maior de animais e depois com alguns voluntários.

Ver Suckow MA, Wolter WR, Sailes VT. “Inhibition of Prostate Cancer Metastasis by Administration of a Tissue Vaccine” em Clin Exp Metastasis. 2008 Sep 28.

Vale a pena ser baixinho

Pesquisadores na Grã Bretanha analisaram 58 pesquisas publicadas, integrando-as, concluindo que os homens mais altos têm um risco um pouco maior de ter câncer de próstata. A conclusão: para cada dez centímetros de altura, o risco aumenta seis por cento (6%), tomando como base o grupo mais baixo entre os 9 mil estudados. Não chega a ser um fator de risco tão sério quanto a idade, ter câncer de próstata na família, fumar e outros fatores conhecidos. Porém, a associação com ter um câncer agressivo é mais íntima. O estudo foi dirigido por Luisa Zuccolo, do Department of Social Medicine da University of Bristol.

E para explicar isso?

Fonte: Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention de setembro de 2008.

London (PTI): British researchers have suggested a link between a man’s height and increased risk for development of prostate cancer. The study is published in the September issue of ‘Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention’, a journal of the American Association for Cancer Research.

The researchers, who conducted their study on the connection and also reviewed 58 published studies, said a man’s height is a modest marker for risk of prostate cancer development, but is more strongly linked to progression of the cancer. Twelve researchers at four universities in England studied more than 9,000 men with and without prostate cancer and estimated that the risk of developing the disease rises by about six percent for every 10 centimeters (3.9 inches) in height if a man is over the shortest group of men in the study.

It means a man who is one foot taller than the shortest person in the study would have a 19 percent increased risk of developing the disease, the Science Daily online reported. However, the study suggested that these increases in risk are a lot less than those linked with other established risk factors, such as age, family history of the disease. “Compared to other risk factors, the magnitude of the additional risk of being taller is small, and we do not believe that it should interfere with preventive or clinical decisions in managing prostate cancer,” said the study’s lead author Luisa Zuccolo, of the Department of Social Medicine at the University of Bristol.

“But the insight arising from this research is of great scientific interest. Little is known on the causes of prostate cancer and this association with height has opened up a new line of scientific inquiry,” he stressed.

Fim de uma esperança

GVAX era uma esperança. Como muitos medicamentos altamente tóxicos, sua aplicação seria delicada. Parte importante dos medicamentos anti-câncer são tóxicos. O importante é que a toxicidade seja seletiva: alta para as células cancerosas e baixa para as células normais. Muitos têm outros efeitos colaterais importantes. Os primeiros resultados de GVAX foram prometedores. Porém, na pesquisa Fase III a empresa, Dendreon, verificou que havia mais mortes do grupo experimental do que no grupo controle e o experimento foi cancelado. O experimento contava com 408 pacientes, dos quais 114 morreram (esse resultado é comum quando os pacientes chegam aos experimentos com cânceres muito avançados). O problema é que 67 foram no grupo experimental e 47 no controle, com totais quase iguais. A companhia teve que interromper o experimento e as suas ações perderam 75% do valor.

Alguns tratamentos agressivos – de câncer e de outras doenças – têm pesadíssimos efeitos colaterais e muitos pacientes morrem. Por isso, a agência americana encarregada de autorizar o uso dos produtos, a FDA, é muito cuidadosa, o que, com freqüência, exaspera pacientes avançados que não têm outra esperança.

Ainda não temos detalhes sobre essas mortes; não sabemos de que morreram. Em breve saberemos. A Dendreon experimenta com outra droga anti-câncer, Provenge, que tem dado bons resultados preliminares, mas ainda não foi liberada porque um comitê de especialistas não achou que o medicamento ajudava muito. Tanto GVAX quanto Provenge são medicamentos de tipo “vacina”, que estimulariam as defesas do próprio corpo humano.

 

 


Prostatectomia reduz a mortalidade específica por câncer de próstata

Uma pesquisa mostra que os benefícios da prostatectomia no que concerne a mortalidade específica continuam depois de dez anos do diagnóstico, mas as taxas de mortalidade geral são semelhantes.  Essas conclusões são do Scandinavian Prostate Cancer Group após observer pacientes na mediana de 8,2 anos. Já na mediana de 10,8 anos, a mortalidade por câncer de próstata era de 13,5% nos que fizeram a prostatectomia, em comparação com 19,5% no grupo controle, que somente observou. Entre os pacientes acompanhados durante 12 anos ou mais, as percentagens eram 12,5 e 18. A mortalidade geral era mais baixa no grupo prostatectomia (33% vs 38,5%), mas as diferenças não são estatisticamente significativas.

Fonte: Bill-Axelson et al. Radical Prostatectomy Versus Watchful Waiting in Localized Prostate Cancer: the Scandinavian Prostate Cancer Group-4 Randomized Trial. JNCI Journal of the National Cancer Institute, 2008; DOI: 10.1093/jnci/djn255