Mistura de antibiótico com outros tratamentos pode dar certo

Mistura de antibiótico com outros tratamentos pode dar certo

Gradualmente, países que não estão no centro do mundo das pesquisas fazem suas contribuições para a medicina. Agora foi a vez da Finlândia. Um antibiótico de uso corrente na industrialização da carne pode, junto com outros tratamentos, retardar o avanço do câncer da próstata.

A pesquisa foi de tipo “cruza tudo com tudo e vê o que dá certo”… Pesquisaram os efeitos de cinco mil remédios e micro-moléculas sobre o crescimento de células cancerosas.

Na Universidade de Turku, descobriram que o monensin, combinado com outros ingredientes, como o disulfiram (Antabus), o thiram, e o tricostatin A, reduziam o avanço do câncer, mas não prejudicavam as células normais.

Como? Reduzindo os receptores de testosterona, o hormônio que alimenta o câncer, e aumentando a produção de oxigênio reativo. Pelo visto, essa combinação danificava o DNA das células cancerosas.

O monensin também interagia com anti-andrógenos, dificultando o crescimento das células do câncer da próstata.

As pesquisadoras Kristiina Iljin e Kirsi Ketola concluem que o monensin aumenta os efeitos dos anti-andrógenos.

Essa é uma fase muito inicial do desenvolvimento de tratamentos e, se produzirem algo de demonstrada utilidade num experimento de Fase III (com muitos pacientes e grupo controle) serão talvez dez anos até que algum médico possa receitá-lo.

GLÁUCIO SOARES

“These research findings give rise to a potential new use for the monensin. The results also demonstrate that the effects of anti-androgens in suppressing the growth of cancer cells can be enhanced by using drugs inducing production of reactive oxygen species,” said senior researchers Kristiina Iljin from VTT and Kirsi Ketola from the University of Turku.

The findings are published in the Molecular Cancer Therapeutics journal in December 2010.

Read more: Monensin slows prostate cancer growth – The Times of India http://timesofindia.indiatimes.com/life-style/health-fitness/health/Monensin-slows-prostate-cancer-growth/articleshow/7139904.cms#ixzz18o2vmDLI


 

A consulta com o Dr. Meyers

A van, Ford 1993, equipada para acampar é confortável e agradável. É fácil de dirigir, exceto inicialmente, nos momentos em que tive que dar marcha à ré.
Entre a beleza do inverno e a preocupação da almaAs estradas pequenas, no inverno são bonitas. Infelizmente, a comida de beira de estrada é…a comida de beira de estrada. O estomago e o intestino sofrem durante a viagem e a dieta vai para o brejo.</span>
O estado de espírito de quem tem uma doença incurável e está indo a um médico deve variar muito. Eu consegui curtir parcialmente a viagem, mas ia com esperança. Na clínica, durante todo o tempo que passei lá (umas três horas) vi apenas um ou dois pacientes. Já deu para ver o grau de apreensão em um deles, fiel e importantemente acompanhado pela esposa ou companheira.
Mas não dá para para não curtir (um pouquinho, pelo menos) o visual de estradas pequenas, cercadas de árvores, no meio da neve.

Estrada e mais estrada

A chegada mostra uma casinha simpática, simples, com estacionamento para poucos carros. Não é uma operação industrial. Feita, como tantas casas (e universidades) americanas, de tijolinho aparente.


A chegada é marcada por uma placa simples. Depois de quase três dias na van (rebatizada de school bus) pelo meu filho, foi um alívio chegar ao lugar certo.

As estradas pequenas são mais bonitas

Aqui dentro vi um tipo de atendimento ao paciente muito diferente do usado nos Estados Unidos onde somos primeiro recebidos por uma enfermeira, que pesa, tira a pressão, temperatura etcx. Um primeiro e importante cuidado – a pressão é tirada duas vezes, além do que a enfermeira pergunta se essa é a pressão habitual. Ela mostra consciência da chamada “white coat syndrome”: a pressão aumenta na presença de médicos etc. Estava lá por 180, na segunda por 160 e eu aduzi que poderia reduzí-la em outros vinte pontos.
Visitei o AIDP no dia anterior, turbinado pela insegurança de não me perder, chegar atrazado, essas coisas. Uma das secretárias estava preparando o meu dossier. Quando cheguei no dia seguinte vi um senhor baixo, sem gordura para mostrar, de cabelos brancos estudando uns records que eu sabia serem os meus.

Perto, estradas menores, mais curvas e mais beleza

O Dr. Meyers é simpático, agradável. Me tratou com o respeito de quem tem uma doença grave, considerada incurável, que ele também teve ou tem.
Muitos dos suplementos que eu usava ele desaconselhou porque não confiava no fabricante. Traçou um plano de ação que consistia em me preparar para uma terapia hormonal(que deveria ser chamada de anti-hormonal) porque ela tem muitos efeitos colaterais. Há uma diferença em relação ao procedimento habitual, que consiste em iniciar a terapia e aconselhar o paciente a tomar essas e aquelas medidas: ela prepara o paciente e depois inicia a terapia – nos casos em que é possível esperar um pouco. É onde estou e é minha responsabilidade atingir as metas marcadas, ajudado por muitos remédios, mas com compromisso com uma dieta mediterrânea e muito exercício.

O AIDP - uma casinha desprentensiosa com estacionamento para poucos carros

Dr. Meyers me convenceu de algumas coisas, particularmente de que a relação custo/benefício da terapia hormonal pode ser menor e precisa de especificação. A duração do efeito dos tratamentos varia muito e varia de acordo com a doença do paciente e os procedimentos adotados anteriormente.
Os famosos 18 meses de atuação se referem com a próstata, metástase generalizada e que ainda tem a próstata. Análise patológica mostra que metade do crescimento do câncer depois da terapia se inicia na próstata. Nos casos em que houve metástase para os nódulos linfáticos e houve prostatectomia o efeito dura dez anos em 50% a 95% dos casos, dependendo do estudo e da publicação. No caso dos que preservaram a próstata em metade dos casos a terapia hormonal fracassa aos 7-8 anos.
Nos pacientes com metástase generalizada e com sintomas, o efeito é reduzido: em metade dos casos a doença volta a crescer em 8 a 9 meses.
A lição: dependendo do paciente, a duração dos benefícios da terapia hormonal varia de menos de oito a nove meses a mais de dez anos.
Continuarei relatando essa experiência para beneficiar o leitor. Porém, estou preocupado com um grande número de  leitores com acesso à internet mas sem capacidade analítica e com um nível educacional muito baixo. Pediria a cada um dos pacientes mais informados e seus familiares que divulgassem o conhecimento que adquiriram (rão) aqui e em outras fontes entre os que não conseguem entender o que escrevemos.

A placa que garante que chegamos ao lugar certo

Ir ao Dr. Meyers não sai barato. Ele não aceita o seguro tradicional do Medicare (tem um contrato de não aceitação) e custa 350 dólares por cada meia hora. Minha entrevista durou duas horas e o custo total foi de mil e quatrocentos dólares. Uma viagem que eu planejava foi para o espaço. Valeu a pena.


O tratamento combinado salva vidas

 

Os Europeus oferecem mais resistência a tratamentos fortes. Nos Estados Unidos, combinar radiação e tratamento hormonal é um procedimento comum há mais de dez anos, mas não na Europa, onde muitos médicos se limitam a aplicar o tratamento hormonal aos cânceres avançados. Uma pesquisa feita na Escandinávia nos diz que os americanos têm razão. O tratamento combinado cortou a mortalidade pela metade. A pesquisa foi feita com 875 pacientes na Dinamarca, Noruega e Suécia. Como sempre, dividiram os pacientes em dois grupos (neste caso, quase iguais), aplicaram terapia hormonal a um e a combinada a outro. Oito anos depois, 79 homens no grupo hormonal tinham morrido de câncer de próstata, em contraste com 37 no grupo da terapia combinada. Dez anos depois do início dos programas, 24% do grupo hormonal haviam morrido de câncer de próstata, em comparação com 12% do grupo da terapia combinada. O dado mais importante foi o do retorno do câncer: no período observado, 75% dos que só fizeram tratamento hormonal tiveram que lidar com esse problema, em contraste com 26% dos que fizeram terapia combinada.

E as mortes totais, incluindo as mortes por outras causas? A radiação não aumentou as mortes totais: morreram 39% dos pacientes do grupo da terapia hormonal e 30% do grupo da terapia combinada. Fica difícil defender a terapia hormonal como tratamento exclusivo. Os pesquisadores consultados pelos articulistas afirmaram que é inaceitável usar apenas a terapia hormonal nos casos de câncer localizado avançado.

Porém, nem tudo é positivo. O grupo combinado apresenta mais efeitos colaterais, como fadiga, insônia, disfunções sexuais. O release não informou quantas mortes por outras causas ocorreram nos dois grupos. Os pesquisadores sugeriram que os pacientes que nunca fizeram radioterapia e que estão apenas com terapia hormonal discutam o tratamento com seus médicos.

Fonte: Lancet: http://www.lancet.com