Quantos anos viveríamos sem tratamento?

Uma das principais preocupações de pacientes de câncer é com o tempo de sobrevivência. É compreensível. Todos nós, pacientes, tomamos muitas decisões com relação ao tratamento, que afetam tanto a qualidade de vida quanto a sobrevivência, mas raramente temos a informação adequada para tomar as decisões.

Muitos pacientes com um câncer avançado atingem um nível em que o câncer não responde mais ao tratamento. Nesse momento, seu câncer recebe um nome novo: metastatic castrate-resistant prostate cancer (mCRPC), que significa que o câncer já tem metástase e não responde mais ao tratamento hormonal equivalente à castração.

Nesse momento há uma decisão a tomar: seguir com o tratamento – um número crescente de médicos sugere que sim, porque o câncer crescerá mais rapidamente sem o tratamento, mas outros aconselham o fim desse tratamento devido aos efeitos colaterais sobre a qualidade da vida. Qualquer que seja a decisão tomada nesse ponto (continuar ou não) há mais decisões: começar outro tratamento ou não. A escolha parece, mas não é óbvia: muitos pacientes acham que é muito sacrifício para pouco ganho. Infelizmente, no Brasil, temos um número que, eu suspeito, é grande, de pacientes que não sabem que há outros tratamentos e, ainda, dos que sabem da existência do tratamento mas não tem recursos para tratá-los.

Por qualquer uma dessas razões, muitos param o tratamento nesse ponto.

Quanto tempo vivem? Quais as características dos que vivem mais em relação aos que vivem menos?

Há uma pesquisa feita entre 2000 e 2005 que responde essas perguntas.

Sem tratamento, a mediana de sobrevivência foi 12,3 meses (mediana: metade viveu mais do que isso, metade menos). A variância foi muito grande: de dias até 108 meses (9 anos). 17% estavam vivos três anos depois e dois pacientes estavam vivos no fim da pesquisa.

O que se correlaciona com viver mais ou viver menos?

O nível mais baixo atingido pelo PSA  durante o tratamento hormonal é um dos indicadores mais favoráveis. Em comparação com os que não desceram abaixo de 11 μg/l durante o tratamento, os que baixaram a menos de 1 μg/l reduziram o risco de morte em 71%. Uma diferença grande. Do lado oposto, negativo, o crescimento do PSA durante o período logo depois de não baixar mais também conta: quanto mais devagar ele cresceu, mais vida, mais sobrevivência. Se ele dobrar em menos de 1,6 meses, o risco de morte é três vezes maior do que se ele dobrar em mais de três meses.

Há dois outros indicadores que também contam : se a fosfatase alcalina e a hemoglobina permanecerem em níveis normais, melhor.

Esses são os fatores que os pesquisadores noruegueses encontraram e que dizem quanto tempo alguns de nós viveremos depois de uma das decisões difíceis que temos que tomar.

Para saber mais, leia o artigo de Sven Löffeler, Harald Weedon-Fekjaer, Marte Sofie Wang-Hansen, Karin Sebakk, Hanne Hamre, Erik S Haug, Sophie D Fosså, em Scandinavian journal of urology. 2015 Jul 03 [Epub ahead of print].

GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

EFEITOS COLATERAIS DA ENZALUTAMIDA

 

Uma pesquisa recente analisou as respostas de 507 pacientes com metástase. Eles receberam 160 mg/dia até que a doença avançasse, os efeitos colaterais fossem intoleráveis ou se o medicamento fosse aprovado para esse grupo e, portanto, disponível nas farmácias. A pesquisa foi feita em 54 lugares. O objetivo era avaliar os efeitos colaterais. A avaliação foi feita no primeiro dia, após 4 e 12 semanas, e de doze em doze semanas a partir daí.

Desses pacientes, 76% tinham recebido Zytiga (abiraterona) e 29% tinham recebido Jevtana (cabazitaxel). Um em quatro recebera os dois.

Os sintomas colaterais mais frequentes foram fadiga (39%); náusea (23%); anorexia (15%), anemia (12%); edema periférico (11%); dor nas costas (10%), vômitos (10%) e dor nas juntas (10%). Os pacientes podiam, claro, ter mais de um sintoma que fosse efeito colateral.

Quatro por cento dos pacientes sofreram efeitos colaterais tão severos que abandonaram o programa.

Esses resultados são de uma só pesquisa e pretendem, apenas, informar.

GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ

Qual sua experiência com o tratamento (anti) hormonal?

 

Vou mudar de tratamento e a sua experiência pode ser útil. Com um PSA avançando rapidamente, dobrando cada seis meses, e já tendo alcançado 22ng/ml, meu médico, no Sloan Kettering, sugeriu que a maioria dos urólogos já iniciaria o tratamento anti-hormonal (erroneamente chamado de hormonal). Até seis meses atrás o câncer não aparecia nos lugares comuns, seja no scan dos ossos, seja na tomografia computerizada. Decidí iniciar essa terapia, como todos os possíveis efeitos coletarais porque a expansão do câncer é acelerada e eu já retirei a próstata há muito tempo. A terapia consiste em tomar Casodex (pílulas) durante duas semanas; uma injeção de Lupron; mais uma série de duas semanas de Casodex. Tenho muita preocupação com os efeitos colaterais.

Você pode me ajudar, caso já tenha passado por essa fase ou esteja passando por ela, me dando dicas e informações. Dê todas as dicas que quiser e puder, e preencha a curta tabela abaixo, enviando tudo de volta para mim em

soares.glaucio@gmail.com

Pode colar no e-mail

Há quanto tempo iniciou o Lupron (aproximadamente) …..anos e …..meses

Continua tomando? Se não, há quanto tempo parou? Não parou…..  Parou há …..anos e …..meses

O sue tratamento era fixo ou variava com o PSA e/ou outros indicadores e sintomas?

Fixo: de ……..meses em ………….meses; ou variava quando o PSA atingia……. (mudou o valor do PSA para tomar nova injeção ou foi sempre o mesmo?) Mudou, de………..para…….   Foi sempre o mesmo (qual o valor do PSA? ……………..)

De quanto em quanto tempo tomava as injeções?…………………………….

Para cada efeito colateral, diga como se sentiu no pior momento

Efeito

Não senti nada

Algum(a)

Bastante

Muito(a)

Fadiga

 

 

 

 

Dor de cabeça

 

 

 

 

Náuseas

 

 

 

 

Dores (onde)

 

 

 

 

Aumento do açucar no sangue

 

 

 

 

Desânimo

 

 

 

 

Depressão

 

 

 

 

Fraqueza

 

 

 

 

Dor nos ossos

 

 

 

 

Fibrilação cardíaca

 

 

 

 

Outros problemas cardíaco

 

 

 

 

Problemas respiratórios

 

 

 

 

Enfraquecimento

 

 

 

 

Insônia

 

 

 

 

Outros (acrescente)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quanto tempo até que o tratamento não surtisse mais efeito? …………..

E seu PSA no início do tratamento?………………….ng/ml

E o mais baixo a que chegou?…………………….ng/ml

E, se parou, quanto era o PSA quando parou?…………………ng/ml

Há quanto tempo parou?………………………

Por onde anda o seu PSA na medida mais recente (data:          ……….ng/ml)

Sente algum dos sintomas acima ou outros? Quais e com que gravidade (use a mesma escala – nada, algum, bastante, muito?)

Você fez essa terapia de modo contínuo  ou intermitente?…………………

Você faria esse tratamento de tivesse que começar de novo? Faça um círculo

1.    Faria muito antes 

2.    Faria um pouco antes  

3.    Faria no mesmo tempo 

4.    Faria um pouco depois         

5.    Faria muito depois   

 

Quanto tempo você acha que você tem de vida?……………………..

A sua religiosidade mudou?

·       Não tinha e não tenho

·       Diminuiu muito
Diminuiu um pouco

·       Ficou igual

·       Aumentou um pouco

·       Aumentou muito

 

Que conselhos e sugestões você daria a quem estivesse pensando em começar a terapia (anti)hormonal (com Lupron etc)? Escreva livremente. Aqui ajudamos uns aos outros e sua impressão pura e simples, informada e educada ou não, é importante. Obrigado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gláucio Soares

 

Como reduzir efeitos colaterais de medicamentos e tratamentos

Se o leitor ou parente sentir efeitos colaterais com tratamentos e medicamentos, consulte Treato:

 

http://treato.com/?mid=

Os custos do cabazitaxel são muito altos em relação aos benefícios

Há um medicamento que recentemente terminou testes Fase III, de nome comercial Jevtana, baseado no cabazitaxel, que, em combinação com prednisona ou com prednisolona pode ser usado como quimioterapia de segunda linha. Até agora a de primeira linha é, sem lugar a dúvida, o taxotere.

Na Grã-Bretanha, a distribuição e uso de um medicamento pelo sistema público de saúde passa por uma avaliação, que inclui custo/benefício. No Brasil, o artigo constitucional, de triste inspiração, de que a saúde é direito de todos e obrigação do estado, gerou uma chuva de processos para que o estado pague por remédios caríssimos que aumentam pouco a sobrevivência do paciente. Com os mesmos recursos gastos com esses medicamentos, o número de pessoas salvas seria muito maior e o número de anos vividos muitíssimo maior. Mas os pobres não dispõem dessas informações nem de recursos para pagar advogados e obter os medicamentos grátis. Grátis para quem os usa; alguém paga a conta.

Quem faz a avaliação na Grã-Bretanha é o National Institute for Clinical Excellence (NICE). O NICE concluiu que esse medicamento não deveria ser usado (e custeado) pelo NHS, o sistema público de saúde do país. O raciocínio é simples:

  • A dose custa £3,700, ou 10.835,00 reais;
  • O tratamento custa £22,200, ou 65.013,66 reais;
  • O tratamento tem efeitos colaterais sérios;
  • O custo não é proporcional aos benefícios.

O sistema de saúde inglês, mais realista e menos populista do que o brasileiro, concluiu que os custos eram demasiadamente altos em relação aos benefícios. Todos sabem que esses recursos salvarão mais anos de vida se aplicados a outras áreas. É uma escolha difícil, mas racional, na qual o custo/benefício deste tratamento foi calculado e contrastado com os benefícios obtidos se os mesmos fundos fossem aplicados a outras áreas.

Efeitos colaterais sérios de medicamentos contra o câncer da próstata

Segundo David Goodhue, a FDA está examinando os efeitos colaterais de medicamentos usados contra o câncer da próstata, particularmente os que provocam ou agravam doenças cardíacas ou diabetes. São medicamentos hormonais, baseados em agonistas da gonadotropina. O provável resultado será uma campanha para conscientizar os médicos dos efeitos negativos dos remédios que receitam para seus clientes. Esses pacientes tem que ser acompanhados. Nos Estados Unidos são vendidos sob os nomes de Eligard, Lupron, Zoladex e outros.
Não creio que venham a ser proibidos, considerando que não há alternativa eficiente e comprovada. Ë uma situação complicada para muitos pacientes com canceres avançado, como eu, que estão iniciando esse tratamento.
Para saber mais: http://www.allheadlinenews.com/articles/7018601434#ixzz0n8xZ6UDx

Carta do leitor e amigo: <jabiliorosa@terra.com.br>
Data: 7 de maio de 2010 18:12
Assunto: Re: Câncer de Próstata [Câncer de próstata – notícias e pacientes] Cuidado com os efeitos colaterais!
Para: cancer-de-prostata-pacientes@googlegroups.com

Penso que é uma ótima iniciativa esta do David Goodhue.

Eu mesmo comecei e depois de um ano parei o tratamento com o Zoladex (depois da  braquiterapia inicial,  esta fazendo onze anos). Meu PSA estava baixo e fiquei então só na Observação quando tive ameaça de infarto e a colocação de dois stents. Então o PSA voltou a subir atingindo 17 pontos e voltei ao zoladex (estarei na segunda aplicação em junho). Não tenho metástase e estou otimista em ter ainda uns bons anos pela frente graças a uma alimentação saudável, ao ar puro da serra, e a exercícios físicos (caminhadas diárias e pilates).

Não são bons os efeitos do zoladex mas tudo parece válido quando a gente busca manter este bem tão grande que é a vida.

João

A consulta com o Dr. Meyers

A van, Ford 1993, equipada para acampar é confortável e agradável. É fácil de dirigir, exceto inicialmente, nos momentos em que tive que dar marcha à ré.
Entre a beleza do inverno e a preocupação da almaAs estradas pequenas, no inverno são bonitas. Infelizmente, a comida de beira de estrada é…a comida de beira de estrada. O estomago e o intestino sofrem durante a viagem e a dieta vai para o brejo.</span>
O estado de espírito de quem tem uma doença incurável e está indo a um médico deve variar muito. Eu consegui curtir parcialmente a viagem, mas ia com esperança. Na clínica, durante todo o tempo que passei lá (umas três horas) vi apenas um ou dois pacientes. Já deu para ver o grau de apreensão em um deles, fiel e importantemente acompanhado pela esposa ou companheira.
Mas não dá para para não curtir (um pouquinho, pelo menos) o visual de estradas pequenas, cercadas de árvores, no meio da neve.

Estrada e mais estrada

A chegada mostra uma casinha simpática, simples, com estacionamento para poucos carros. Não é uma operação industrial. Feita, como tantas casas (e universidades) americanas, de tijolinho aparente.


A chegada é marcada por uma placa simples. Depois de quase três dias na van (rebatizada de school bus) pelo meu filho, foi um alívio chegar ao lugar certo.

As estradas pequenas são mais bonitas

Aqui dentro vi um tipo de atendimento ao paciente muito diferente do usado nos Estados Unidos onde somos primeiro recebidos por uma enfermeira, que pesa, tira a pressão, temperatura etcx. Um primeiro e importante cuidado – a pressão é tirada duas vezes, além do que a enfermeira pergunta se essa é a pressão habitual. Ela mostra consciência da chamada “white coat syndrome”: a pressão aumenta na presença de médicos etc. Estava lá por 180, na segunda por 160 e eu aduzi que poderia reduzí-la em outros vinte pontos.
Visitei o AIDP no dia anterior, turbinado pela insegurança de não me perder, chegar atrazado, essas coisas. Uma das secretárias estava preparando o meu dossier. Quando cheguei no dia seguinte vi um senhor baixo, sem gordura para mostrar, de cabelos brancos estudando uns records que eu sabia serem os meus.

Perto, estradas menores, mais curvas e mais beleza

O Dr. Meyers é simpático, agradável. Me tratou com o respeito de quem tem uma doença grave, considerada incurável, que ele também teve ou tem.
Muitos dos suplementos que eu usava ele desaconselhou porque não confiava no fabricante. Traçou um plano de ação que consistia em me preparar para uma terapia hormonal(que deveria ser chamada de anti-hormonal) porque ela tem muitos efeitos colaterais. Há uma diferença em relação ao procedimento habitual, que consiste em iniciar a terapia e aconselhar o paciente a tomar essas e aquelas medidas: ela prepara o paciente e depois inicia a terapia – nos casos em que é possível esperar um pouco. É onde estou e é minha responsabilidade atingir as metas marcadas, ajudado por muitos remédios, mas com compromisso com uma dieta mediterrânea e muito exercício.

O AIDP - uma casinha desprentensiosa com estacionamento para poucos carros

Dr. Meyers me convenceu de algumas coisas, particularmente de que a relação custo/benefício da terapia hormonal pode ser menor e precisa de especificação. A duração do efeito dos tratamentos varia muito e varia de acordo com a doença do paciente e os procedimentos adotados anteriormente.
Os famosos 18 meses de atuação se referem com a próstata, metástase generalizada e que ainda tem a próstata. Análise patológica mostra que metade do crescimento do câncer depois da terapia se inicia na próstata. Nos casos em que houve metástase para os nódulos linfáticos e houve prostatectomia o efeito dura dez anos em 50% a 95% dos casos, dependendo do estudo e da publicação. No caso dos que preservaram a próstata em metade dos casos a terapia hormonal fracassa aos 7-8 anos.
Nos pacientes com metástase generalizada e com sintomas, o efeito é reduzido: em metade dos casos a doença volta a crescer em 8 a 9 meses.
A lição: dependendo do paciente, a duração dos benefícios da terapia hormonal varia de menos de oito a nove meses a mais de dez anos.
Continuarei relatando essa experiência para beneficiar o leitor. Porém, estou preocupado com um grande número de  leitores com acesso à internet mas sem capacidade analítica e com um nível educacional muito baixo. Pediria a cada um dos pacientes mais informados e seus familiares que divulgassem o conhecimento que adquiriram (rão) aqui e em outras fontes entre os que não conseguem entender o que escrevemos.

A placa que garante que chegamos ao lugar certo

Ir ao Dr. Meyers não sai barato. Ele não aceita o seguro tradicional do Medicare (tem um contrato de não aceitação) e custa 350 dólares por cada meia hora. Minha entrevista durou duas horas e o custo total foi de mil e quatrocentos dólares. Uma viagem que eu planejava foi para o espaço. Valeu a pena.


Novo tratamento hormonal no caminho

O número de pacientes de câncer de próstata sendo tratados com terapia hormonal é estimado em 700 mil. Anualmente, cem mil começam esse tipo de tratamento. É um mercado e tanto: somente nos Estados Unidos as vendas de produtos para a terapia hormonal superaram 1,7 bilhoes de dólares. Claro, há muitas empresas interessadas nesse mercado e a maneira de competir é criar novos e melhores produtos. Uma dessas empresas é a GTx, Inc. Ela vai iniciar um clinical trial Fase I do GTx-758. É um tratamento hormonal oral. Qual a vantagem? Segundo afirmam os produtores, nao aumenta as fraturas ósseas. O GTx-758 no laboratório suprimiu a produçao de LH com rapidez.

Setenta e sete por cento dos pacientes em tratamento hormonal perdem matéria óssea e, com isso, ficam mais suscetíveis a fraturas. O risco anual de fraturas em homens que fazem tratamento hormonal é de 5% a 8%. No ano seguinte, mais outros tantos terao fraturas. Esse risco é tres vezes mais alto do que o risco de mulheres pós-menopausa. Além disso, há, também calores, crescimento dos seios, depressao e perda de memória. As fraturas reduzem a esperança de vida em, na média, mais de três anos. Daí que há muito campo para desenvolver novos tratamentos, sobretudo com menos efeitos colaterais. A vantagem relativa do GTx-758 seria a reduçao da perda óssea e das fraturas.

Continuar ou parar o tratamento químico?

Docetaxel foi aprovado pelo U.S. Food and Drug Administration há alguns anos. Algumas pesquisas publicadas desde 2004 demonstraram ganhos de dois a cinco meses adicionais sobre o que se esperaria que o paciente vivesse sem o tratamento . A dosagem e a intensidade ótimas podem variar de paciente para paciente.

A sobrevida não é o único benefício do taxotere. Outro benefício importante é a redução na dor, que pode ser intensa, resultante da metástase para os ossos. Porém, os efeitos colaterais também são pesados: mais da metade tinha fadiga. Outros comuns foram nausea, perda de cabelo e redução do bone marrow. 1/3 experimentaram diarréias. Há medidas e remédios que reduzem alguns desses efeitos indesejados.
Não há dúvida a respeito da baixa na qualidade da vida – seja com seja sem químio, taxotere, a qualidade é menor. Quase todos experimentam essa baixa. É escolher entre viver uns meses a mais com essas consequências, mas com menos dores, ou viver menos sem essas conseqüências, porém com mais dores.
Essas são decisões muito difíceis e um grande problema é quem deve tomá-las. Passei mais de três décadas numa cultura onde o paciente toma as decisões, informado pelo médico sobre as opções. É considerado um direito. Há uma preocupação com o que é chamado de patient empowerment, que implica em respeitar decisões tomadas por pacientes cuja capacidade emocional e psicológica não tenha sido afetada.
Há culturas nas que os médicos decidem tudo pelo paciente. São tecno-autoritárias. Há outras nas que muitos familiares se adjudicam o direito de decidir, em conluio com os médicos, o que será feito e onde o paciente às vezes é mantido na ignorância a respeito de sua doença.

No Brasil há características sócio-demográficas que influenciam essas decisões. Passamos em pouco tempo de país essencialmente rural a rbano; houve uma grande ampliação da educação, sendo comum uma distância cognitiva entre as gerações. Pais e mães que estudaram menos do que filhos e filhas. Isso gera um suposto, de maior qualificação para decidir, que frequentemente é falso. Há áreas da medicina nas que a
velocidade do progresso e da inovação é alta e mesmo médicos que não estudam, não participam em congressos etc. ficam desatualizados. Nessas áreas a diferença de conhecimentos entre as gerações pode ser irrelevante.
Esses são momentos difíceis, dolorosos. Enfrento um deles: neste preciso momento minha mãe está em coma há duas semanas. As áreas “nobres” do cérebro não respondem ao eletro. Sou filho único e devo decidir por ela. É um fardo muito pesado.

No que concerne a continuidade ou não do tratamento químico, não há decisão óbvia e clara, que se imponha. Há ganhos e perdas. No meu sistema de valores, a responsabilidade das decisões cabe, em princípio, ao paciente, informado e amado por todos. É o paciente que deve optar se quer viver um pouco mais com menos dor, mas mais náuseas,fadiga etc, ou vice-versa. Do meu canto, o que nós leitores podemos fazer é orar por êle
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Câncer e coágulos sanguíneos

O câncer e os coágulos no sangue juntaram forças para prejudicar os homens. Porém, pesquisadores de algumas instituições, como o University of Rochester Medical Center e da Duke University também uniram forças para estudar o problema, e criaram um modelo preditivo de quem terá e quem não terá problemas com coágulos no sangue. O nível de acertos é de 98%.
Os coágulos afetaram mais de 41 mil e quinhentos pacientes de um milhão que foram hospitalizados entre 1995 e 2003. A taxa aumentou em relação a períodos anteriores. Com isso, os coágulos vieram se juntar às infecções hospitalares para aumentar o risco dos tratamentos.
O que isso significa? Eis algumas possibilidades:

  • os tratamentos são diferentes, gerando mais coágulos;
  • as intervenções são diferentes;
  • os pacientes são diferentes (sabemos que a obesidade é mais freqüente)
  • etc

Uma possibilidade é o uso mais freqüente de uma nova classe de remédios anti-angiogênicos que são menos tóxicas, mas estão associadas a problemas de coagulação e sangramento. Algumas pessoas acabam falecendo de embolias e problemas no sangue antes mesmo que o câncer avance.
Os coágulos são perigosos e podem passar desapercebidos, escondidos, por exemplo, numa perna ou no pulmão e são uma ameaça séria. Mas a cooperação interdisciplinar, entre oncólogos e cardiólogos da Universidade de Rochester que aumentaram nosso poder de explicação – e de cura e prevenção desses problemas.
Os resultados acabam de ser apresentados em Geneva, na reunião da International Society of Thrombosis and Haemostasis no dia 10 de julho. Sempre atenta, a American Society of Clinical Oncology publicará instruções para os especialistas em câncer sobre a prevenção da formação de coágulos. Por enquanto, foram identificados algumas características associadas com o risco de coágulos: onde é o câncer – pancreas, estômago, cérebro e pulmão são os piores – a obesidade do paciente, e três indicadores sanguíneos que incluem as plateletas, a hemoglobina e as células brancas. Pacientes com risco elevado deveriam, segundo eles, tomar anti-coagulantes. Há um marcador biológico chamado “tissue factor, TF, que deve ser levado em consideração. Enfim, seu oncólogo deve buscar um cardiólogo e um hemólogo. Pacientes com uma expressão alta do TF tinham uma chance de embolia trombótica de 26% em contraste com menos de 5% dos com baixa expressão do TF, de acordo com um artigo desse grupo no Clinical Cancer Research.
Somos ameaçados pelo câncer e complicações associadas a ele e ao seu tratamento, mas é um pensamento reconfortante saber que há milhares de pesquisadores trabalhando mundo afora para ampliar nossas vidas e melhorar a qualidade delas.

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Câncer e coágulos sanguíneos

O câncer e os coágulos no sangue juntaram forças para prejudicar os homens. Porém, pesquisadores de algumas instituições, como o University of Rochester Medical Center e da Duke University também uniram forças para estudar o problema, e criaram um modelo preditivo de quem terá e quem não terá problemas com coágulos no sangue. O nível de acertos é de 98%.
Os coágulos afetaram mais de 41 mil e quinhentos pacientes de um milhão que foram hospitalizados entre 1995 e 2003. A taxa aumentou em relação a períodos anteriores. Com isso, os coágulos vieram se juntar às infecções hospitalares para aumentar o risco dos tratamentos.
O que isso significa? Eis algumas possibilidades:

  • os tratamentos são diferentes, gerando mais coágulos;
  • as intervenções são diferentes;
  • os pacientes são diferentes (sabemos que a obesidade é mais freqüente)
  • etc

Uma possibilidade é o uso mais freqüente de uma nova classe de remédios anti-angiogênicos que são menos tóxicas, mas estão associadas a problemas de coagulação e sangramento. Algumas pessoas acabam falecendo de embolias e problemas no sangue antes mesmo que o câncer avance.
Os coágulos são perigosos e podem passar desapercebidos, escondidos, por exemplo, numa perna ou no pulmão e são uma ameaça séria. Mas a cooperação interdisciplinar, entre oncólogos e cardiólogos da Universidade de Rochester que aumentaram nosso poder de explicação – e de cura e prevenção desses problemas.
Os resultados acabam de ser apresentados em Geneva, na reunião da International Society of Thrombosis and Haemostasis no dia 10 de julho. Sempre atenta, a American Society of Clinical Oncology publicará instruções para os especialistas em câncer sobre a prevenção da formação de coágulos. Por enquanto, foram identificados algumas características associadas com o risco de coágulos: onde é o câncer – pancreas, estômago, cérebro e pulmão são os piores – a obesidade do paciente, e três indicadores sanguíneos que incluem as plateletas, a hemoglobina e as células brancas. Pacientes com risco elevado deveriam, segundo eles, tomar anti-coagulantes. Há um marcador biológico chamado “tissue factor, TF, que deve ser levado em consideração. Enfim, seu oncólogo deve buscar um cardiólogo e um hemólogo. Pacientes com uma expressão alta do TF tinham uma chance de embolia trombótica de 26% em contraste com menos de 5% dos com baixa expressão do TF, de acordo com um artigo desse grupo no Clinical Cancer Research.
Somos ameaçados pelo câncer e complicações associadas a ele e ao seu tratamento, mas é um pensamento reconfortante saber que há milhares de pesquisadores trabalhando mundo afora para ampliar nossas vidas e melhorar a qualidade delas.

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HIFU na Argentina

O tratamento chamado de High Intensity Focused Ultrasound (HIFU) começa a ser usado na Argentina pelos médicos Edgardo Becher, Marcelo Borghi e Luis Montes de Oca, no CDU.
É um tratamento relativamente novo, cujos resultados devem ser comparados com os dos demais tratamentos antes de tomar uma decisão. Sua maior virtude é não ser invasivo e provocar menos efeitos colaterais que os demais; seu maior defeito é ser muito caro e pouco testado em relação aos demais.
O HIFU usa ondas sonoras para esquentar – poderíamos dizer queimar – áreas do corpo e, por isso, é muito dependente da localização adequada do câncer, que continua inviabilizando muitos tratamentos no caso de “volta” do câncer aferida pela elevação do PSA após um dos tratamentos chamados de definitivos. Ainda não temos como localizar micro-metástases; caso tivéssemos, teríamos várias terapias à disposição.
É uma possibilidade a mais, relativamente recente, que deve ser monitorada por pesquisas para demonstrar sua eficácia relativa, aferida pelo RR, risco relativo, de recorrência bioquímica, metástase e taxas de mortalidade específica.

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Braquiterapia dando certo

Michael J. Zelefsky, pesquisador do respeitadíssimo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center em Nova Iorque acaba de publicar uma avaliação da braquiterapia (implantes de pequenas partículas radioativas do tamanho de um grão de arroz) no International Journal for Radiation Oncology-Biology-Physics. A pesquisa acompanhou 2.700 homens tratados em onze instituições diferentes.
A foto abaixo, da Texas A&M, mostra o reduzido tamanho de cada semente radioativa.

Oito anos depois do tratamento, mais de 90% dos homens não dão sinal do câncer. Esse é um tratamento com óbvias vantagens e desvantagens. É pouco invasivo e tem efeitos colaterais menores do que a radioterapia convencional e a prostatectomia. As taxas de impotência e incontinência são muito menores. Não obstante, é útil e eficaz apenas contra o câncer que ainda está localizado. Quando há metástese distante o tratamento convencional ainda é o hormonal, crescentemente ajudado por outros, como a quimioterapia.

Braquiterapia dando certo

Michael J. Zelefsky, pesquisador do respeitadíssimo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center em Nova Iorque acaba de publicar uma avaliação da braquiterapia (implantes de pequenas partículas radioativas do tamanho de um grão de arroz) no International Journal for Radiation Oncology-Biology-Physics. A pesquisa acompanhou 2.700 homens tratados em onze instituições diferentes.
A foto abaixo, da Texas A&M, mostra o reduzido tamanho de cada semente radioativa.

Oito anos depois do tratamento, mais de 90% dos homens não dão sinal do câncer. Esse é um tratamento com óbvias vantagens e desvantagens. É pouco invasivo e tem efeitos colaterais menores do que a radioterapia convencional e a prostatectomia. As taxas de impotência e incontinência são muito menores. Não obstante, é útil e eficaz apenas contra o câncer que ainda está localizado. Quando há metástese distante o tratamento convencional ainda é o hormonal, crescentemente ajudado por outros, como a quimioterapia.

Zometa® e perda óssea em pacientes de câncer de próstata

Zometa® Reduces Bone Loss in Prostate Cancer

Artigo recém-publicado no Journal of Urology mostra vantagem para os pacientes tratados com Zometa em relação aos tratados com um placebo. Dependendo da localização dos ossos, os tratados tiveram um aumento de 3,6% a 6,7% na densidade mineral. Os tratados com Zometa tiveram mais náuseas.
Em outro poster neste blog chamei a atenção para as pesquisas sobre as interações medicamentosas e para as conseqüências indesejáveis do Zometa.
Ajuda muito algumas pessoas, mas não use sem consultar o seu urólogo e seu oncólogo.

Zometa® e perda óssea em pacientes de câncer de próstata

Zometa® Reduces Bone Loss in Prostate Cancer

Artigo recém-publicado no Journal of Urology mostra vantagem para os pacientes tratados com Zometa em relação aos tratados com um placebo. Dependendo da localização dos ossos, os tratados tiveram um aumento de 3,6% a 6,7% na densidade mineral. Os tratados com Zometa tiveram mais náuseas.
Em outro poster neste blog chamei a atenção para as pesquisas sobre as interações medicamentosas e para as conseqüências indesejáveis do Zometa.
Ajuda muito algumas pessoas, mas não use sem consultar o seu urólogo e seu oncólogo.

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Tratamentos e suas conseqüências

PROSTATE CANCER — a quick study

Quando recebemos um diagnóstico de câncer é normal termos uma reação forte: faz, opera, tira tudo, irradia, tudo o que fôr necessário. A única preocupação é curar o câncer, mesmo que se morra da cura.

É preciso calma: um estudo analisou os dados de 73.196 men homens com 66 anos ou mais e câncer de próstata que não tinha espalhado além dos nódulos linfáticos. Mais de um terço receberam drogas que impediam a produção de testosterona. Quatro anos e meio mais tarde, os que receberam terapia hormonal tinham uma probabilidade 44% mais alta de se tornarem diabéticos e 16% mais alta de terem doenças do coração (coronárias) do que os que não receberam tratamento hormonal. who did not have the injections.
Este estudo foi publicado no Journal of Clinical Oncology, no dia 20 de setembro. Há um resumo em http://www.jco.org. Para ler o artigo inteiro, temos que pagar os abutres que dominam a comunicação científica pela internet.

Porém, há muita informação disponível em
http://www.cancer.gov e em
http://www.prostatecancerfoundation.org.

Voltando ao nosso tema: os tratamentos não são procedimentos que curam e pronto. Os tratamentos tem conseqüências e efeitos colaterais. É importante discutir e pesar os prós e os contras com calma, sem medo. Naquele momento, logo após o diagnóstico, é dificil pedir isso.

Tratamentos e suas conseqüências

PROSTATE CANCER — a quick study

Quando recebemos um diagnóstico de câncer é normal termos uma reação forte: faz, opera, tira tudo, irradia, tudo o que fôr necessário. A única preocupação é curar o câncer, mesmo que se morra da cura.

É preciso calma: um estudo analisou os dados de 73.196 men homens com 66 anos ou mais e câncer de próstata que não tinha espalhado além dos nódulos linfáticos. Mais de um terço receberam drogas que impediam a produção de testosterona. Quatro anos e meio mais tarde, os que receberam terapia hormonal tinham uma probabilidade 44% mais alta de se tornarem diabéticos e 16% mais alta de terem doenças do coração (coronárias) do que os que não receberam tratamento hormonal. who did not have the injections.
Este estudo foi publicado no Journal of Clinical Oncology, no dia 20 de setembro. Há um resumo em http://www.jco.org. Para ler o artigo inteiro, temos que pagar os abutres que dominam a comunicação científica pela internet.

Porém, há muita informação disponível em
http://www.cancer.gov e em
http://www.prostatecancerfoundation.org.

Voltando ao nosso tema: os tratamentos não são procedimentos que curam e pronto. Os tratamentos tem conseqüências e efeitos colaterais. É importante discutir e pesar os prós e os contras com calma, sem medo. Naquele momento, logo após o diagnóstico, é dificil pedir isso.

Vitamina D e coágulos entre cancerosos

Outro benefício da vitamina D, particularmente do calcitriol, é a redução de coágulos, que são comuns entre pacientes com câncer avançado tomando hormônios. Um experimento, em Oregon, misturou calcitriol e Docetaxel em um grupo, ao passo que outro recebeu um placebo e Docetaxel. O primeiro teve menos problemas circulatórios do que o segundo. Eu, que já tive embolias pulmonares múltiplas e tenho facilidade para formar coágulos, estou seguindo essas notícias.

Vitamin D Compound May Fight Blood Clots in Cancer Patients – Forbes.com

Vitamina D e coágulos entre cancerosos

Outro benefício da vitamina D, particularmente do calcitriol, é a redução de coágulos, que são comuns entre pacientes com câncer avançado tomando hormônios. Um experimento, em Oregon, misturou calcitriol e Docetaxel em um grupo, ao passo que outro recebeu um placebo e Docetaxel. O primeiro teve menos problemas circulatórios do que o segundo. Eu, que já tive embolias pulmonares múltiplas e tenho facilidade para formar coágulos, estou seguindo essas notícias.

Vitamin D Compound May Fight Blood Clots in Cancer Patients – Forbes.com