E se não tratar – quanto tempo de vida terei?

Há uma discussão acirrada sobre se devemos fazer exames periódicos do PSA ou não. Há outra discussão, relacionada sobre tratar ou não.

O que acontece com os cânceres diagnosticados se não forem tratados? Muitos não morrem do câncer; morrem de outra causa (como derrames, infartos, outros cânceres etc.) mas, na média o câncer leva doze anos até matar o paciente nos Estados Unidos. Esse cálculo não foi feito para o Brasil e não sabemos quanto tempo desde o diagnóstico vivemos – sempre na média.

Não é pouco, doze anos. Não obstante, na medida em que o perigo se aproxima, muitos pacientes gostariam de voltar atrás no tempo, principalmente os que têm metástases ósseas, que são muito dolorosas.

 

GLÁUCIO SOARES     IESP-UERJ

 

Diagnóstico e risco de suicídio

Sandin Carlsson e sua equipe analisaram dados relativos a relação entre o diagnostico do câncer da próstata e o risco de suicídio. Analisaram dados da base de dados do câncer da próstata da Suécia (PCBaSe) 2.0 e o diagnóstico de mais de cem mil homens, comparando as taxas de suicídio deste grupo com  as de um grupo de mais de meio milhão de homens sem câncer da próstata. Durante os primeiros seis meses depois do diagnóstico a taxa de suicídios foi de 73 por cem mil, estatisticamente mais elevada, mas não muito, do que a do grupo controle que foi de 65. O risco foi bem maior entre homens com metástase distante – 125 por cem mil – mas era mais elevado entre os diagnosticados com canceres de baixa agressividade e risco.

E’ uma informação importante para os urólogos e oncólogos. O diagnostico requer atenção psicológica, particularmente quando o câncer acarreta risco de vida e a perspectiva de tratamentos com pesadas consequencias colaterais.

Publicado no Eur J Cancer. 2013 Jan 18.

GLAUCIO SOARES      IESP/UERJ

ESCORE GLEASON: 3+4 E 4+3 SÃO IGUAIS?

O escore Gleason é simples: os patologistas olham amostra da próstata pelo microscópio e verificam qual é o tipo de célula mais frequente. As células normais são diferenciadas, exercem múltiplas funções. As cancerosas são menos diferenciadas e perdem funções. As mais agressivas só fazem reproduzir e parecem u’a massa sem formas, sem nada. As células podem ser classificadas até o valor 5, que são as mais violentas, indiferenciadas. Em qualquer amostra, há células mais diferenciadas e menos diferenciadas, há amostras de todos os valores. O primeiro valor no escore Gleason é o que aparece com mais frequência, o “que tem mais”. E o segundo valor? Ë o segundo  mais frequente. A soma dos dois é o valor do Gleason, mas é importante manter as parcelas separadas. Um 5+2 é muito mais agressivo do que um 3+4. Os autores de uma pesquisa publicada em 2009 perguntaram se fazia muita diferença se era 3+4 ou 4+3.

A resposta: faz, e muita.

Como foi feita a pesquisa (os pesquisadores foram Stark, Perner, Stampfer, Sinnott, Finn S, Eisenstein, Ma, Fiorentino, Kurth, Loda,  Giovannucci, Rubin e Mucci)?

Recorreram a três patologistas que examinaram e classificaram o Gleason primário (que aparece primeiro) e o secundário (o que vem depois) de material retirado de 693 pacientes de prostatectomia e 119 de biopsia. Elas foram retiradas de pacientes entre 1984 e 2004. Voltaram aos mesmos pacientes, tempos depois, para ver o que aconteceu.
    Definiram os processos como letais e não letais. Os letais, além dos que morreram, incluíam os que tinham metástases ósseas; os demais eram não letais. Em dez anos houve 53 cânceres letais (entre 7% e 8%). As amostras derivadas de prostatectomias mostraram que os Gleasons 4+3 apresentavam um risco três vezes maior de ter um câncer letal. As amostras obtidas via biópsias também revelaram fortes diferenças.

Não é sentença de morte; é risco maior. Meu escore Gleason na biópsia era 3+3, mas na prostatectomia era 4+3. Felizmente, dezessete anos mais tarde, estou aqui.

Porém, esses resultados mostram que confiar apenas na soma Gleason pode camuflar cânceres perigosos que requerem tratamento imediato e mais radical.

 

GLÁUCIO SOARES             IESP/UERJ

Nova pesquisa: uma forma da vitamina D reduz o risco de morrer do câncer da próstata

A discussão a respeito dos efeitos da vitamina D sobre o câncer da próstata voltou a esquentar: nova pesquisa, novos resultados. Desta vez, realizado no National Cancer Institute.

A conclusão? Manter níveis altos de vitamina D pode reduzir significativamente o risco de desenvolver uma forma agressiva do câncer.

Os autores trabalham em instituições com muito prestígio: o pesquisador responsável, I.M  Shui, na  Harvard School of Public Health . Eles demonstraram que os homens com níveis mais altos de vitamina  D – mas olhem o importante detalhe – na forma de 25-hydroxyvitamin D (25(OH)D), tinham um risco 57% mais baixo de desenvolver uma forma agressiva e letal deste câncer. Em relação a quem? Aos homens que tinham níveis mais baixos.

Os detalhes da pesquisa: foram estudados 1.260 pacientes, diagnosticados com câncer da próstata DEPOIS de terem seu sangue examinado no laboratório entre 1993 e 1995, e outra amostra de 1.331 controles, que não tiveram a doença. Os 114 pacientes que morreram durante o acompanhamento (que durou até março de 2011) são o grupo mais importante, porque desenvolveram uma forma letal do câncer e faleceram.

Todos foram ordenados de acordo com a quantidade de 25(OH)D no plasma sanguíneo e subdividos em quatro grupos de acordo com essa quantidade. Esses grupos são chamados de quartís. Comparando o quartil mais alto com o mais baixo, o risco de morte por câncer da próstata era 57% mais baixo no primeiro.

Não obstante, os níveis dessa vitamina não se relacionavam com o risco de ter cânceres indolentes, não letais.

Extrapolando para números de mortes nos Estados Unidos, o autor conclui que o uso da vitamina D poderia salvar cerca de 15 mil homens anualmente.

A pesquisa avançou em relação à genética dessa relação. Há sete genes associados com a vitamina D, abrindo caminho para uma terapia e uma prevenção com base genética.

 

GLÁUCIO SOARES      IESP/UERJ

Um dia num centro avançado de tratamento do câncer

Fui, hoje, ao Sloan Kettering. Parece que o tratamento anti-hormonal está fazendo efeito. Eu sei que é só por algum tempo (a mediana está entre 18 e 24 meses). Depois o PSA volta a crescer, indicando tendência semelhante do câncer. Eu tinha dois nódulos no pulmão, que provocaram duas hipóteses:

  1. não eram cânceres porque mudavam muito devagar ou

  2. Eram e eu resistia bem.

Eles desapareceram do CT scan, o que sugere que já eram metástases. Mais duas hipóteses: o câncer já tinha metástase e era mais agressivo do que pensávamos, mas o tratamento está funcionando. Como, se não estivesse, sobrariam menos opções (e menos tempo de vida), o resultado foi bom.

O médico está preocupado com meus ossos, que estão enfraquecendo, devido ao tratamento. Era esperado. Porém, acha que não posso tomar remédio para isso agora por causa dos implantes – só mais tarde. O tratamento preventivo, com denosumab, será começado em seis meses. Enquanto isso, tenho que malhar muito, e continuar a tomar doses altas de vitamina D3 e ter uma exposição diária, se possível, ao sol. Lembro que, nesse momento, esse problema não deriva do câncer e sim do tratamento.

Na conversa com meu médico, levantei o problema de pesquisa recente que conclui que o uso de terapia intermitente não é aconselhado para pessoas cujo câncer NÃO estiver MUITO avançado. É o meu caso. Ele deixa a decisão nas mãos dos pacientes, como acho que deve ser. Porém, agrega que a pesquisa, até agora, é um resumo apresentado numa conferencia e que quando o artigo/relatório inteiro for publicado e submetido às críticas do mundo profissional, as conclusões podem mudar e os conselhos também.

Nessa altura, alguns leitores podem estar perguntando: qual a diferença entre os dois tipos de tratamento?

O contínuo e o intermitente, inicialmente, são iguais. As primeiras doses e os espaços entre elas são definidos da mesma maneira. Porém, na versão intermitente, após umas doses se define uma linha, usualmente um valor do PSA, que provoca o reinício do tratamento. É uma linha arbitrária. Uns definem o valor a partir do PSA que o paciente apresentava no início do tratamento (a mais freqüente é a metade). O meu PSA era 22 e fração; de acordo com essa vertente, eu não tomaria as injeções de Lupron enquanto meu PSA estivesse abaixo de 11. A grande vantagem da intermitente é que a quantidade de acetato de luprolide colocada dentro do paciente é muito menor e os efeitos colaterais também. A qualidade da vida é mais alta.

O médico tinha uma observação fria e ponderada: os pacientes que decidirem “shave off some months from their life expectancy, Will have a better quality of life.”

Shave off….

Tomei uma dose cavalar de Lupron hoje, para só voltar em seis meses.

Esse é mais um capítulo da história da minha luta contra o câncer. E vamos em frente!

NOVO MEDICAMENTO SERÁ TESTADO CONTRA O CÂNCER DA PRÓSTATA

Há algum tempo houve esperança entre pacientes, amigos e familiares com os testes de uma nova droga contra o câncer da próstata chamada Capesaris. Capesaris estava sendo testada pela GTx como uma droga para o tratamento primário deste câncer. O teste foi parado porque havia um número inaceitável de pessoas com efeitos colaterais – embolias e semelhantes.
Agora a GTx anunciou que testará o medicamento em doses mais baixas – como tratamento de segunda linha, quando o tratamento anti(hormonal) não está mais parando o câncer. Essa retomada está prevista para o terceiro trimestre deste ano. A previsão é de que testarão três doses e usarão 75 pacientes, creio que 25 para cada dose. 
Testes anteriores estavam dando certo, mas os efeitos colaterais foram considerados inaceitáveis. Doses mais baixas devem minorar os efeitos colaterais, mas isso precisa ser demonstrado. Além disso, resta saber se em doses menores e – oxalá! – seguras, o medicamento ainda surte efeito sobre o câncer. 
Os investidores americanos e seus consultores parecem crer que sim: as ações da GTx subiram no mercado no dia em que o novo teste foi anunciado.
GLÁUCIO SOARES            IESP/UERJ

UM MEDICAMENTO POSTO À PROVA

Alguns medicamentos são aprovados para determinados momentos do avanço de um câncer, mas não para outros. Essas permissões impedem o uso do medicamento certo no momento errado e do medicamento errado no momento certo. A lógica do sistema empurra para vender mais e mais, dentro de limites, às vezes demasiado amplos. Usar um medicamento num estágio no qual ele ainda não produz efeitos, ou onde já não produz efeitos é perda de recursos e tempo, e pode ser perigoso se estiver sendo usado em  lugar do medicamento adequado. Pior, o medicamento errado pode ter efeitos colaterais pesados.
Noticiei que o denosumab (vendido como Xgeva) retarda a metástase óssea e deve ser usado em pacientes com alto risco de desenvolver esse tipo de metástase no caso de outros tipos de cânceres – e somente neles. Porém, não foi aprovado para ser usado em casos de câncer da próstata. 
O objetivo do medicamento é postergar ao máximo os problemas derivados das metástases ósseas: fraturas patológicas, compressão na espinha dorsal e outras.
Os dados a respeito do uso de denosumab em pacientes com câncer da próstata mostram que o medicamento retarda a metástase óssea em homens que já não respondem à terapia (anti)hormonal. A metástase demoraria 29,5 meses nos que receberam o tratamento em comparação com 25,2 dos que não receberam nada. Um ganho de pouco mais de quatro meses. Dada a idade dos pacientes e o seu sofrimento, há um argumento favorável. 
Porém, o grupo que examina essas propostas, o FDA Oncologic Drugs Advisory Committee foi mais cauteloso: o medicamento não aumenta a sobrevivência e tem um possível efeito colateral pesadíssimo, que é a osteonecrose da mandíbula que afeta 5% dos que usam esse medicamento. A votação dos membros do comitê não deixou lugar a dúvidas: 12 a 1. Seria um risco inaceitável para um medicamento que não aumenta a sobrevivência. 
Pediram mais dados à companhia que o fabrica. Se quiserem vender, têm que demonstrar mais benefícios e menos risco.
GLÁUCIO SOARES           IESP-UERJ

PEQUENA MOLÉCULA REDUZ A METÁSTASE ÓSSEA

Raymond Bergan é um pesquisador de renome, associado com a Northwestern University em Illinois. Ele acaba de nos lembrar que “não é o câncer original que é letal, mas …a metástase.” Aproveitando a maior experiência do câncer da mama, estão desenvolvendo um medicamento que impede – ou, pelo menos, dificulta muito a metástase. Com isso, permite aos médicos que tratem melhor a doença ainda  localizada. O medicamento não escapou aos nomes estranhos característicos desta fase: KBU2046. 
O que é o KBU2046? 
É uma pequena molécula que gruda nas proteínas que estão no tumor e que promovem a metástase. Gruda e neutraliza. Com isso, as células não podem se movimentar e atingir órgãos distantes como o pulmão ou o cérebro. Bergan diz que é como desligar o interruptor do mecanismo que manda a célula passear pelo corpo humano e se instalar em outro lugar.  
Ainda estão na Fase que lida com camundongos. Primeiro, injetaram células cancerosas humanas altamente agressivas, depois submeteram os camundongos a cinco semanas de tratamento com o medicamento. Depois, abriram o pulmão dos camundongos e verificaram que não havia metástase. O pulmão é um dos lugares favoritos da metástase desse tipo de câncer. 
O medicamento parece seguro, sem os pesados efeitos colaterais de outros medicamentos, como o Lupron, que inibe temporariamente a produção de testosterona (é o medicamento que tomo atualmente e os efeitos colaterais são desagradáveis). O KBU2046 quase não afeta as células normais – daí os efeitos colaterais serem mínimos. 
Bergan acha que o KBU2046 poderá ser usado em outros cânceres. A grande dúvida é se um medicamento que funciona com animais, funciona com humanos. Muitas vezes a resposta foi negativa; em outros casos, foi positiva. 
A próxima etapa será um teste na Fase I e II, com um pequeno número de pacientes para ver se funciona mesmo, quais as doses recomendáveis e os efeitos colaterais. São testes mais baratos. Somente depois virá um teste Fase III, com muitos pacientes, grupos controle e tudo o mais. São caríssimos.
Se um inibidor EFICIENTE de circulação for criado, o câncer da próstata será uma doença chata, localizada, mas não letal.
GLÁUCIO SOARES                       IESP/UERJ

PSA: TESTAR OU NÃO TESTAR?

Há um debate antigo relacionado ao câncer da próstata: fazer triagem com o teste de PSA ou não. O PSA é um teste imperfeito, com falsos positivos e falsos negativos.

Falso positivo: um PSA alto sugere câncer, mas não há câncer;

Falso negativo: um PSA baixo sugere que não há câncer, mas há.

Combinado com o toque retal, os erros diminuem. Quando a suspeita é grande, o médico (usualmente urólogo) recomenda ou não uma biópsia. Porém, a biópsia é probabilística e também tem falsos negativos: não encontram nada, mas o câncer está num lugar onde não enfiaram as agulhas… Mais agulhas, melhor distribuídas e melhor dirigidas reduzem os erros.

Esses testes não acontecem num universo sem emoções: há tensões, estresse, medo, angústia e até infecções, sobretudo no caso das biópsias feitas em hospitais e consultórios de baixa qualidade.

Porém, saber se o paciente tem ou não o câncer é apenas um passo, uma das perguntas. Mesmo se tivessemos um teste sem falsos positivos e falsos negativos, ainda poderíamos questionar a sabedoria de fazer exames regulares de PSA. Não é só ter ou não ter que conta, resta saber se, mesmo que haja câncer, vale a pena saber que ele existe. A última vez que li uma contagem dos tipos de câncer da próstata havia vinte e cinco tipos diferentes, alguns praticamente inócuos e outros virulentíssimos. Como separar os tipos de acordo com a sua agressividade? A biópsia permite fazer – se uma agulha encontrar o câncer – isso e, ainda hoje, usamos o Escore de Gleason (quanto mais alto, pior) que é uma soma: o tipo de célula cancerosa mais comum na biópsia, vem primeiro, e o segundo mais comum vem depois. Alguns defendem que é útil conhecer o terceiro mais comum. As células mais agressivas são as menos diferenciadas, que só fazem se reproduzir, multiplicar e multiplicar.

Um dos resultados de biópsia mais comuns, que divide as opiniões é o 3+3. Acima disso, com total 7, 8, 9 ou 10, quase todos tratam o paciente e o fazem agressivamente: jogam todas as cartas. Jogam para valer e tentar curar.

O PSA oferece mais do que isso: a velocidade com que ele cresce, chamada de PSA velocity importa: estatisticamente, ela se relaciona com o risco de que, depois do tratamento primário (o primeiro que fizermos com a intenção de curar, como cirurgia, radioterapia etc.) o câncer volte; também se relaciona com o risco de morrer deste câncer e, finalmente, com o tempo de sobrevivência. Afinal, uma coisa é morrer dois anos depois do diagnóstico e outra é morrer vinte anos depois.

Outra medida é comumente aplicada aos mesmos dados, o PSADT. Difere do anterior porque é um cálculo do tempo em que o PSA leva para dobrar. Também se relaciona com tudo com que o PSA velocity se relaciona, um pouco melhor, dizem seus defensores, porque o crescimento do PSA frequentemente não é linear e sim exponencial.

Um grupo americano de especialistas concluiu que não vale a pena testar toda a população masculina de x anos e mais, cada y anos. Gera angústia, estresse, medo, gastos desnecessários e mais. Outros contra-argumentam: na população americana um em cada seis homens tem ou terá câncer da próstata. Ou seja, de acordo com o National Cancer Institute, 242 mil serão diagnosticados naquele país em 2012. Aproximadamente, um em cada 34 homens morre devido ao câncer da próstata. Fazendo os cálculos, são mais de 28 mil mortes por ano, somente nos Estados Unidos.

A incidência e a prevalência deste câncer (em taxas) são muito mais baixas nos países asiáticos e, diagnosticado o câncer, a sobrevivência é menor em quase todos os países do que nos Estados Unidos. Os americanos comem mal, vivem mal, e têm mais câncer da próstata, mas tratam melhor e mais eficientemente.

Há portanto, a primeira decisão: testar ou não testar, e a pergunta associada, se não testarmos todos, quem testar?

Uma pesquisa feita na Europa, que acaba de ser publicada, produziu novas informações e levantou novas dúvidas: homens que eram testados de quatro em quatro anos, como parte de uma rotina preventiva, tinham um risco 30% mais baixo de morrer desse câncer. Feitos todos os cálculos, veio um resultado perturbador: os testes regulares não aumentavam a esperança de vida em geral. Os testados morriam um pouco mais de outras causas do que os não testados, o que compensava o ganho nas mortes com o câncer da próstata.

A pesquisa foi grande, mais de 182 mil homens em oito países europeus, todos entre 50 e 74 anos, que foram acompanhados durante 11 anos.

Onze anos? Parece muito? Alguns argumentam que não é porque a taxa específica devida ao câncer da próstata não se reduziria quinze ou vinte anos depois do tratamento.

O Dr. Fritz Schroder, professor de urologia na Erasmus University concluiu que não há dúvida de que o risco de morrer  do câncer da próstata é trinta por cento menor entre os testados, mas trinta por cento desses cânceres descobertos são insignificantes, lentos, e os pacientes morrerão de outras causas muito antes do que morreriam devido ao câncer da próstata.

Onde ficamos? Posso dizer o que talvez seja um novo consenso: os que têm fatores de risco ou sintomas devem ser testados regularmente (os com câncer da próstata na família, os negros, os fumantes, os obesos etc). Não obstante, testar ou não testar é e deve continuar sendo uma decisão do paciente, ainda que muito bem informada pelo médico.

É importante continuar pesquisando novos testes não invasivos que, isolados ou em combinação com os existentes, reduzam tanto os falsos positivos quanto os falsos negativos e indiquem a agressividade do câncer. Talvez sejam novos e  melhores exames de sangue, talvez sejam de urina, possibilidade levantada por um experimento esdrúxulo com cães farejadores que parecem poder separar os cânceres agressivos dos  não agressivos. Se essa possibilidade se confirmar, talvez seja possível desenvolver testes feitos com a urina que poderiam classificar os pacientes de acordo com a agressividade do câncer.

Estranho exemplo da afirmação de que “sai na urina”…

 

Gláucio Soares                  IESP/UERJ

Qual sua experiência com o tratamento (anti) hormonal?

 

Vou mudar de tratamento e a sua experiência pode ser útil. Com um PSA avançando rapidamente, dobrando cada seis meses, e já tendo alcançado 22ng/ml, meu médico, no Sloan Kettering, sugeriu que a maioria dos urólogos já iniciaria o tratamento anti-hormonal (erroneamente chamado de hormonal). Até seis meses atrás o câncer não aparecia nos lugares comuns, seja no scan dos ossos, seja na tomografia computerizada. Decidí iniciar essa terapia, como todos os possíveis efeitos coletarais porque a expansão do câncer é acelerada e eu já retirei a próstata há muito tempo. A terapia consiste em tomar Casodex (pílulas) durante duas semanas; uma injeção de Lupron; mais uma série de duas semanas de Casodex. Tenho muita preocupação com os efeitos colaterais.

Você pode me ajudar, caso já tenha passado por essa fase ou esteja passando por ela, me dando dicas e informações. Dê todas as dicas que quiser e puder, e preencha a curta tabela abaixo, enviando tudo de volta para mim em

soares.glaucio@gmail.com

Pode colar no e-mail

Há quanto tempo iniciou o Lupron (aproximadamente) …..anos e …..meses

Continua tomando? Se não, há quanto tempo parou? Não parou…..  Parou há …..anos e …..meses

O sue tratamento era fixo ou variava com o PSA e/ou outros indicadores e sintomas?

Fixo: de ……..meses em ………….meses; ou variava quando o PSA atingia……. (mudou o valor do PSA para tomar nova injeção ou foi sempre o mesmo?) Mudou, de………..para…….   Foi sempre o mesmo (qual o valor do PSA? ……………..)

De quanto em quanto tempo tomava as injeções?…………………………….

Para cada efeito colateral, diga como se sentiu no pior momento

Efeito

Não senti nada

Algum(a)

Bastante

Muito(a)

Fadiga

 

 

 

 

Dor de cabeça

 

 

 

 

Náuseas

 

 

 

 

Dores (onde)

 

 

 

 

Aumento do açucar no sangue

 

 

 

 

Desânimo

 

 

 

 

Depressão

 

 

 

 

Fraqueza

 

 

 

 

Dor nos ossos

 

 

 

 

Fibrilação cardíaca

 

 

 

 

Outros problemas cardíaco

 

 

 

 

Problemas respiratórios

 

 

 

 

Enfraquecimento

 

 

 

 

Insônia

 

 

 

 

Outros (acrescente)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quanto tempo até que o tratamento não surtisse mais efeito? …………..

E seu PSA no início do tratamento?………………….ng/ml

E o mais baixo a que chegou?…………………….ng/ml

E, se parou, quanto era o PSA quando parou?…………………ng/ml

Há quanto tempo parou?………………………

Por onde anda o seu PSA na medida mais recente (data:          ……….ng/ml)

Sente algum dos sintomas acima ou outros? Quais e com que gravidade (use a mesma escala – nada, algum, bastante, muito?)

Você fez essa terapia de modo contínuo  ou intermitente?…………………

Você faria esse tratamento de tivesse que começar de novo? Faça um círculo

1.    Faria muito antes 

2.    Faria um pouco antes  

3.    Faria no mesmo tempo 

4.    Faria um pouco depois         

5.    Faria muito depois   

 

Quanto tempo você acha que você tem de vida?……………………..

A sua religiosidade mudou?

·       Não tinha e não tenho

·       Diminuiu muito
Diminuiu um pouco

·       Ficou igual

·       Aumentou um pouco

·       Aumentou muito

 

Que conselhos e sugestões você daria a quem estivesse pensando em começar a terapia (anti)hormonal (com Lupron etc)? Escreva livremente. Aqui ajudamos uns aos outros e sua impressão pura e simples, informada e educada ou não, é importante. Obrigado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gláucio Soares

 

Pesquisas clínicas sobre o câncer. Como receber as informações em casa.

Participar de pesquisas clínicas é um dos recursos usados por pacientes  com cânceres avançados. Mas, onde encontrá-los? Como saber quais estão em curso e quais são planejados?
Há um blog com essas informações. Você pode se cadastrar (muito mais simples do que no Brasil) e receber as notícias como RSS ou no Facebook. Infelizmente, está tudo em Inglês, mas após o cadastramento você recebe as noticias no conforto do seu computador, em casa ou no trabalho.
Abaixo a URL e as instruções:

http://www.cancer-clinical-trials.com/2012/01/cancer-clinical-trials-how-to-follow.html?spref=fb

Não vacile. Há clinical trials que salvaram muitas vidas e continuarão a fazê-lo. Uma delas pode ser a sua, de um amigo, de um familiar.

Cancer Clinical Trials: how to follow our blog
If you are a seasoned blog reader, you may wish to skip this post.  If you are new to the world of blogging, you may be just discovering how to follow the blog.  Here are your options:
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We plan to post new articles once or twice a week, so whatever option you choose, we hope to  inform you but not overwhelm you.

Os números de 2011

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2011 deste blog.

Aqui está um resumo:

O Museu do Louvre, em Paris, é visitado todos os anos por 8.5 milhões de pessoas. Este blog foi visitado cerca de 91.000 vezes em 2011. Se fosse o Louvre, eram precisos 4 dias para todas essas pessoas o visitarem.

Clique aqui para ver o relatório completo

A Cúrcuma contra o câncer da próstata

Há um crescimento contínuo do conhecimento a respeito do câncer da próstata. Lento, muito mais vagaroso do que gostaríamos, mas existe. Algumas das linhas passam por refinamentos consecutivos.

Tomo como exemplo uma espécie, turmeric, chamada de cúrcuma. Inclui um componente chamado curcumin, cuja versão sintética vem retardando o avanço do câncer. O composto sintético é chamado de ca27 e parece eficiente porque é absorvido rapidamente. A cúrcuma natural é absorvida de maneira menos eficiente. Creio, sem saber, que, em geral, é o contrário: os produtos naturais seriam absorvidos com mais facilidade e rapidez do que os sintéticos (insisto: é chute meu, pode ser verdade ou não).

Há um grupo na Universidade do Novo México pesquisando esse composto e seu efeito sobre o câncer. O objetivo do grupo é desenvolver novas estratégias de ataque aos cânceres avançados da próstata. É possível ter novas estratégias com ingredientes  antigos; além disso, o que é novo em uma cultura pode ser velho em outra.

Como?

O tratamento padrão para o câncer avançado é a terapia chamada de ablação andrógena.  Os andrógenos regulam a produção da testosterona que é o alimento favorito desse câncer. Porém, esse tratamento funciona por um período. Uns afirmam que a mediana é 18 meses, ao passo que outros, como o Dr. Charles Meyers, insistem que é mais, podendo ser muito mais.

E a cúrcuma?  Ela inibe as funções das proteínas AR. Mas o corpo a absorve parcialmente e vagarosamente. Por isso, os pesquisadores criaram e estão aperfeiçoando a ca27 e se e quanto e como inibem a atividade da proteína AR. Ainda estão em fase de laboratório. Testam vários níveis de concentração da ca27 em diferentes linhas de células cancerosas. Concluíram que a cúrcuma original não as altera, a ca27 altera. Melhor: ela tem um efeito duplo: impede o crescimento de células cancerosas e chega a tornar inviáveis algumas delas.

Um processo, chamado de estresse oxidativo, pode danificar muitas células cancerosas. As pesquisas estão em andamento, algumas com a ca27, e outras com análogas.

Vai demorar, sem dúvida, mas, alguns dos que lêem esse post poderão ser beneficiados. Quem sabe?

 

GLAUCIO SOARES              IESP/UERJ  

A Cúrcuma contra o câncer da próstata

Há um crescimento contínuo do conhecimento a respeito do câncer da próstata. Lento, muito mais vagaroso do que gostaríamos, mas existe. Algumas das linhas passam por refinamentos consecutivos.

Tomo como exemplo uma espécie, turmeric, chamada de cúrcuma. Inclui um componente chamado curcumin, cuja versão sintética vem retardando o avanço do câncer. O composto sintético é chamado de ca27 e parece eficiente porque é absorvido rapidamente. A cúrcuma natural é absorvida de maneira menos eficiente. Creio, sem saber, que, em geral, é o contrário: os produtos naturais seriam absorvidos com mais facilidade e rapidez do que os sintéticos (insisto: é chute meu, pode ser verdade ou não).

Há um grupo na Universidade do Novo México pesquisando esse composto e seu efeito sobre o câncer. O objetivo do grupo é desenvolver novas estratégias de ataque aos cânceres avançados da próstata. É possível ter novas estratégias com ingredientes  antigos; além disso, o que é novo em uma cultura pode ser velho em outra.

Como?

O tratamento padrão para o câncer avançado é a terapia chamada de ablação andrógena.  Os andrógenos regulam a produção da testosterona que é o alimento favorito desse câncer. Porém, esse tratamento funciona por um período. Uns afirmam que a mediana é 18 meses, ao passo que outros, como o Dr. Charles Meyers, insistem que é mais, podendo ser muito mais.

E a cúrcuma?  Ela inibe as funções das proteínas AR. Mas o corpo a absorve parcialmente e vagarosamente. Por isso, os pesquisadores criaram e estão aperfeiçoando a ca27 e se e quanto e como inibem a atividade da proteína AR. Ainda estão em fase de laboratório. Testam vários níveis de concentração da ca27 em diferentes linhas de células cancerosas. Concluíram que a cúrcuma original não as altera, a ca27 altera. Melhor: ela tem um efeito duplo: impede o crescimento de células cancerosas e chega a tornar inviáveis algumas delas.

Um processo, chamado de estresse oxidativo, pode danificar muitas células cancerosas. As pesquisas estão em andamento, algumas com a ca27, e outras com análogas.

Vai demorar, sem dúvida, mas, alguns dos que lêem esse post poderão ser beneficiados. Quem sabe?

 

GLAUCIO SOARES              IESP/UERJ  

O Rio perde um grande amigo

André Urani era um economista de 51 anos, dedicado ao Rio. Foi o primeiro a alertar sobre o crescimento da desigualdade dentro das favelas como resultados dos PACs, que aumentam o valor dos imóveis e dos aluguéis. Ganham, nessa mudança, os proprietários, perdem os que pagam aluguel. Mostrou que uma coisa é a melhoria das favelas e outra a dos favelados. 
Foi levado por um câncer do estômago que tem uma sobrevivência mediana muito baixa. Enquanto o câncer mata infinitamente mais do que as guerras, gastamos com os militares infinitamente mais do que com as pesquisas sobre o câncer. Somos uma espécie pobre em virtudes e sabedoria.
Nunca o encontrei pessoalmente, que me lembre.Trabalhou até o fim. Rogo uma energia, uma oração, com carinho especial para êle.

Gláucio Soares


O Rio perde um grande amigo

André Urani era um economista de 51 anos, dedicado ao Rio. Foi o primeiro a alertar sobre o crescimento da desigualdade dentro das favelas como resultados dos PACs, que aumentam o valor dos imóveis e dos aluguéis. Ganham, nessa mudança, os proprietários, perdem os que pagam aluguel. Mostrou que uma coisa é a melhoria das favelas e outra a dos favelados. 
Foi levado por um câncer do estômago que tem uma sobrevivência mediana muito baixa. Enquanto o câncer mata infinitamente mais do que as guerras, gastamos com os militares infinitamente mais do que com as pesquisas sobre o câncer. Somos uma espécie pobre em virtudes e sabedoria.
Nunca o encontrei pessoalmente, que me lembre.Trabalhou até o fim. Rogo uma energia, uma oração, com carinho especial para êle.

Gláucio Soares


O Rio perde um grande amigo

André Urani era um economista de 51 anos, dedicado ao Rio. Foi o primeiro a alertar sobre o crescimento da desigualdade dentro das favelas como resultados dos PACs, que aumentam o valor dos imóveis e dos aluguéis. Ganham, nessa mudança, os proprietários, perdem os que pagam aluguel. Mostrou que uma coisa é a melhoria das favelas e outra a dos favelados. 
Foi levado por um câncer do estômago que tem uma sobrevivência mediana muito baixa. Enquanto o câncer mata infinitamente mais do que as guerras, gastamos com os militares infinitamente mais do que com as pesquisas sobre o câncer. Somos uma espécie pobre em virtudes e sabedoria.
Nunca o encontrei pessoalmente, que me lembre.Trabalhou até o fim. Rogo uma energia, uma oração, com carinho especial para êle.

Gláucio Soares


Teste sobre a acuidade das biópsias

Recebi de José Maria Pinheiro de Souza

Só encontra-se câncer na próstata se o volume do nódulo for maior ou igual ao do volume retirado pela agulha da biópsia ou se se tiver sorte e esse cãncer estiver localizado exatamente no local onde essa agulha parar.Pense no volume da próstata em relação  ao volume retirado pela agulha da biópsia.Se estiver iniciando-se o câncer só muita sorte dar um resultado logo naprimeira coleta.O melhor procedimento a meu ver, da ótica de um engenheiro, é retirar logo a próstata, mas quem é que quer?


Teste sobre a acuidade das biópsias

Recebi de José Maria Pinheiro de Souza

Só encontra-se câncer na próstata se o volume do nódulo for maior ou igual ao do volume retirado pela agulha da biópsia ou se se tiver sorte e esse cãncer estiver localizado exatamente no local onde essa agulha parar.Pense no volume da próstata em relação  ao volume retirado pela agulha da biópsia.Se estiver iniciando-se o câncer só muita sorte dar um resultado logo naprimeira coleta.O melhor procedimento a meu ver, da ótica de um engenheiro, é retirar logo a próstata, mas quem é que quer?


Teste sobre a acuidade das biópsias

Recebi de José Maria Pinheiro de Souza

Só encontra-se câncer na próstata se o volume do nódulo for maior ou igual ao do volume retirado pela agulha da biópsia ou se se tiver sorte e esse cãncer estiver localizado exatamente no local onde essa agulha parar.Pense no volume da próstata em relação  ao volume retirado pela agulha da biópsia.Se estiver iniciando-se o câncer só muita sorte dar um resultado logo naprimeira coleta.O melhor procedimento a meu ver, da ótica de um engenheiro, é retirar logo a próstata, mas quem é que quer?