A carta que vou resumir talvez tenha efeitos diferentes em pacientes diferentes, dependendo de há quantos anos foram diagnosticados. Os diagnosticados há poucos anos talvez se sintam muito bem; os diagnosticados há muitos, muitos anos, verão uma estória diferente.
Nosso ator foi diagnosticado em 1990, quando tinha 63 anos. Menciona que achava que teria mais cinco ou seis anos de vida porque naquele tempo a sobrevivência de pacientes com câncer da próstata não era grande. De fato, a sobrevivência tem aumentado (nos Estados Unidos e outros países do Primeiro Mundo isso está bem documentado), mas a base já era melhor naquela época, graças à detecção precoce permitida pelo PSA.
Passaram vinte anos e nosso paciente agora tem 83 anos de vida. Já viveu quinze a mais do que esperava! E diz que esses foram os melhores anos da vida. Aposentado, viajou e conheceu; fez muitas coisas que não conseguira fazer durante os anos em que trabalhava.
Como chegou até esse ponto? Fez cirurgia, radiação, químio, mas acha que o mais eficiente foi o Lupron. Uma injeção cada quatro meses manteve o câncer em remissão durante 14 anos.
Não é um resultado comum – é um caso extremo. Muitos pesquisadores afirmam que a mediana é de ano e meio a dois anos.
Em abril de 2005, quinze anos depois do diagnóstico, o Lupron não surtia mais efeito. Fez diferentes tipos de quimioterapia que funcionaram durante quase quatro anos. É um tratamento com mais efeitos colaterais do que o Lupron e mais freqüente.
Em março deste ano o PSA cresceu e as dores nos ossos apareceram. Usou novo tipo de quimioterapia, aprovado em junho, e o PSA caiu mais de cem pontos (imaginem qual era o nível antes do tratamento), as dores sumiram e se sente bem.
É interessante que os tratamentos básicos – cirurgia, radiação – não surtiram muito efeito. O câncer, quando descoberto, já devia estar metastizado. Não obstante, o mais importante é que esse paciente respondeu muito, mas muito, bem à terapia hormonal e à quimioterapia, muito além da mediana.
Para quem foi diagnosticado há pouco, a mensagem é clara: você não vai morrer amanhã, a menos que você seja um dos raríssimos casos em que o câncer já está em todas as partes e você não responde a nenhum tratamento.
Não obstante, a grande lição é não pare de lutar e curta a vida!