Fim de uma esperança

GVAX era uma esperança. Como muitos medicamentos altamente tóxicos, sua aplicação seria delicada. Parte importante dos medicamentos anti-câncer são tóxicos. O importante é que a toxicidade seja seletiva: alta para as células cancerosas e baixa para as células normais. Muitos têm outros efeitos colaterais importantes. Os primeiros resultados de GVAX foram prometedores. Porém, na pesquisa Fase III a empresa, Dendreon, verificou que havia mais mortes do grupo experimental do que no grupo controle e o experimento foi cancelado. O experimento contava com 408 pacientes, dos quais 114 morreram (esse resultado é comum quando os pacientes chegam aos experimentos com cânceres muito avançados). O problema é que 67 foram no grupo experimental e 47 no controle, com totais quase iguais. A companhia teve que interromper o experimento e as suas ações perderam 75% do valor.

Alguns tratamentos agressivos – de câncer e de outras doenças – têm pesadíssimos efeitos colaterais e muitos pacientes morrem. Por isso, a agência americana encarregada de autorizar o uso dos produtos, a FDA, é muito cuidadosa, o que, com freqüência, exaspera pacientes avançados que não têm outra esperança.

Ainda não temos detalhes sobre essas mortes; não sabemos de que morreram. Em breve saberemos. A Dendreon experimenta com outra droga anti-câncer, Provenge, que tem dado bons resultados preliminares, mas ainda não foi liberada porque um comitê de especialistas não achou que o medicamento ajudava muito. Tanto GVAX quanto Provenge são medicamentos de tipo “vacina”, que estimulariam as defesas do próprio corpo humano.