Sunitinib não nos ajuda

Câncer é um termo, amplo e descritivo, que inclui muitas coisas diferentes. Não há câncer, há cânceres.

Muitas empresas, tendo desenvolvido um medicamento eficiente contra um tipo de câncer, tentam verificar sua aplicabilidade a outros tipos de cânceres. Os resultados variam muito.

É o caso da Pfizer e seu medicamento Sutent (sunitinib), que provou aumentar a sobrevivência de pacientes com cânceres dos rins e cânceres gastrointestinais. Pfizer tentou ver se obtinha resultados com sunitinib mais prednisona, um tratamento padrão, contra dois tipos de cânceres – pulmão e próstata. O grupo controle, obviamente, foi tratado apenas com sunitinib.

Porém, os resultados não foram os esperados e os dois grupos tiveram sobrevivência semelhante. Ou seja: sunitinib não fazia diferença (lembrando sempre – nesses tipos de cânceres). Essa constatação levou Pfizer a desistir dessas aplicações do seu medicamento.

Sutent tinha tido vendas de quase um bilhão de dólares em 2009 e encontrar novas aplicações seria de grande interesse para a empresa. Mas a pesquisa, cuidadosamente fiscalizada por um grupo independente, concluiu que Sutent era supérfluo nesses cânceres.

Independentemente das razões da Pfizer e de qualquer companhia farmacêutica (lucro), é ruim para nós, pacientes, perder o que seria mais um instrumento de combate contra o câncer que enfrentamos.

 

Escrito por Gláucio Soares, baseado em informativo da Nasdaq.