Como morrer de um AVC…

O titulo é irônico, mas há coisas que fazemos todos os dias que multiplicam o risco de ter um AVC – e morrer dele. Uma das piores é beber, segundo uma pesquisa muito interessante feita na Finlândia, na University of Eastern Finland.

O que os pesquisadores fizeram? Estudaram nada menos do que 2.609 homens maduros, mas não idosos, e os acompanharam durante vinte anos.

Os resultados mostram que os que consomem bebidas alcoólicas mais de duas vezes por semana multiplicam por três o risco de morrer de derrame. Embora a quantidade bebida não influencie o resultado, não temos informação sobre o tipo de bebida. Não obstante, há informação na pesquisa sobre outros que aumentam o risco de AVCs: pressão alta, doença coronária, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, diabetes, fumar, obesidade, estenose da carótida e níveis de colesterol.  As causas são essas. Ajude a si mesmo, um parente ou um amigo a evitar um AVC. Explique o risco para ele ou ela.

O alcoolismo é um problema muito sério no Brasil e bebidas fortes, como a cachaça, pesam na balança do que se bebe. Uma das melhores maneiras de evitar AVCs é reduzir o consumo de álcool.

 

GLÁUCIO SOARES                  IESP-UERJ

 

Saiba mais: http://tinyurl.com/pybtnbo e Acta Neurologica Scandinavica, 8 de março de 2014.

 

 

Sinais de derrame

Os derrames, com frequência, dão aviso. Um dos sinais está na cara! Uma das faces parece solta e/ou adormecida. Se você está checando alguém mais, peça que ele ou ela sorria. Se o sorriso estiver desigual nos dois lados, é causa para preocupação. Veja se a boca entorta.

Outro sinal importante está no braço. Se um dos braços está enfraquecido ou adormecido (e você não dormiu em cima dele…), faça um teste: levante os dois braços. Se um deles não levanta bem, fica meio caído, é outro sinal preocupante.

O terceiro está na fala. A dificuldade em falar, alguém que passou a falar arrastado, lentamente e baixo, pode ser derrame. Se estiver testando alguém, peça que repita uma frase pequena e simples, como “amanhã vai fazer sol”. Se a pessoa estiver sóbria e não conseguir repetir, se se atrapalhar ou arrastar a fala, é hora de tomar providências.

Há outros sinais: um está na perna. Fraqueza ou insensibilidade numa perna pode ser um derrame. Muitas pessoas que sofrearam derrames contam que tinham dificuldade em andar, sentiam tonturas, perdiam o equilíbrio, até caíam.  

Dificuldade em pensar e em entender o que estão falando, até mesmo no cinema ou na televisão. Essa confusão está presente em muitos derrames.

O derrame também pode estar visível nos olhos. A perda, total ou parcial, da visão. Dificuldade em ver por um olho ou pelos dois. Outro sinal.

Uma dor de cabeça é sinal de muitas doenças. Pode ser de derrame também. Usualmente, vem de repente e é muito forte.

A primeira é ir rapidamente para a emergência. O tempo é muito importante: quanto mais cedo a pessoa for medicada, maior a probabilidade de que se recupere. Não é o momento de economizar: pegue um taxi e busque a emergência, um hospital, seu médico.

Escreva tudo: os sinais e a hora em que apareceram, os remédios que toma, o histórico médico.

Se informe: clique nos seguintes sites (control +):

 

http://saude.abril.com.br/edicoes/0308/medicina/derrame-como-reagir/pag-04.shtml

 

http://www.futurosobmedida.com.br/Saude/derramecerebral.php

 

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL303014-5603,00-MEDICO+ENSINA+A+RECONHECER+PRIMEIROS+SINTOMAS+DE+DERRAMES+CEREBRAIS.html

 

Se souber ler em inglês, tente

 

http://strokeassociation.org/STROKEORG/WarningSigns/Stroke-Warning-Signs-and-Symptoms_UCM_308528_SubHomePage.jsp

 

ou

 

http://www.mayoclinic.com/health/stroke/DS00150/DSECTION=symptoms

 

 

Ensine outros a buscar informação.

 

GLAUCIO SOARES

OS MELHORES HOSPITAIS

No tratamento das doenças, particularmente dos que incluem cirurgia, a qualidade do hospital é fundamental.  Os médicos também contam, mas usualmente bons médicos trabalham em bons hospitais e os dois fatores se juntam para pesar ainda  mais no prognóstico.  Há varias maneiras de aquilatar a qualidade de um hospital. Uma das mais usadas se baseia nas avaliações – de paciente, médicos e outros profissionais da saúde, e especialistas neste tipo de avaliação.  Os que avaliam usualmente empregam indicadores: sobrevivência, sucesso no tratamento, formação dos médicos, formação do pessoal hospitalar, como as enfermeiras, relação entre o número de médicos e de enfermeiras (separadamente), quartos, leitos, medicamentos e o de pacientes, assim como a qualidade do equipamento, o grau de competência e especialização dos médicos, enfermeiras, técnicos e todo o pessoal hospitalar. Do lado negativo, estão as mortes, as recidivas, as infecções hospitalares, a falta de leitos, o desconhecimento da parte do pessoal hospitalar, e muito mais.

Há algumas instituições que se dedicam a levantar e organizar esses dados e publicar suas avaliações.

O relatório da U.S. News and World Report, chamado  U.S. News Best Hospitals, atualmente na versão 2013-14, é muito considerado, mas seu forte reside na avaliação dos hospitais americanos. Faz um trabalho minucioso, por área.

A qualidade dos hospitais, tal qual avaliada por diferentes instituições, varia de acordo com o campo médico, com a especialidade, com o grupo de doenças. Alguns hospitais são “gerais”, ao passo que outros são especializados. O Sloan-Kettering, em Nova Iorque, é um centro de excelência em câncer. Tem áreas auxiliares, mas é um hospital dedicado ao câncer. Esse relatório o considera o segundo melhor dos Estados Unidos.

Outros hospitais se destacam em várias áreas, mas são conhecidos principalmente por uma ou algumas. O Johns Hopkins, em Baltimore, tem várias áreas fortes, mas os pacientes informados de câncer da próstata sabem que é um centro de referência em urologia. Eis o que indica o U.S. News and World Report (se clicarem usando Control+ irão para a página desejada). Creio indispensável que o façam para que sua escolha seja bem informada:

 

 

+xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

University of Texas MD Anderson Cancer Center

·         #1

University of Texas MD Anderson Cancer Center

Houston, TX

·         #2

Memorial Sloan-Kettering Cancer Center

New York, NY

·         #3

Mayo Clinic

Rochester, MN

See all Best Cancer Hospitals

New York-Presbyterian University Hospital of Columbia and Cornell

·         #1

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

·         #2

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #3

New York-Presbyterian University Hospital of Columbia and Cornell

New York, NY

See all Best Cardiology & Heart Surgery Hospitals

Massachusetts General Hospital

·         #1

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #2

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

·         #3

Massachusetts General Hospital

Boston, MA

See all Best Diabetes & Endocrinology Hospitals

University of Texas MD Anderson Cancer Center

·         #1

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

·         #2

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #3

University of Texas MD Anderson Cancer Center

Houston, TX

See all Best Ear, Nose & Throat Hospitals

Mayo Clinic

·         #1

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #2

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

·         #3

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

See all Best Gastroenterology & GI Surgery Hospitals

UCLA Medical Center

·         #1

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

·         #2

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #3

UCLA Medical Center

Los Angeles, CA

See all Best Geriatrics Hospitals

Brigham and Women’s Hospital

·         #1

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #2

Brigham and Women’s Hospital

Boston, MA

·         #3

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

See all Best Gynecology Hospitals

Mayo Clinic

·         #1

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #2

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

·         #3

New York-Presbyterian University Hospital of Columbia and Cornell

New York, NY

See all Best Nephrology Hospitals

Johns Hopkins Hospital

·         #1

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

·         #2

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #3

New York-Presbyterian University Hospital of Columbia and Cornell

New York, NY

See all Best Neurology & Neurosurgery Hospitals

Bascom Palmer Eye Institute at the University of Miami

·         #1

Bascom Palmer Eye Institute at the University of Miami

Miami, FL

·         #2

Wills Eye Hospital

Philadelphia, PA

·         #3

Wilmer Eye Institute, Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

See all Best Ophthalmology Hospitals

Hospital for Special Surgery

·         #1

Hospital for Special Surgery

New York, NY

·         #2

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #3

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

See all Best Orthopedics Hospitals

McLean Hospital

·         #1

McLean Hospital

Belmont, MA

·         #2

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

·         #3

Massachusetts General Hospital

Boston, MA

See all Best Psychiatry Hospitals

National Jewish Health, Denver-University of Colorado Hospital

·         #1

Mayo Clinic

Rochester, MN

·         #2

National Jewish Health, Denver-University of Colorado Hospital

Aurora, CO

·         #3

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

See all Best Pulmonology Hospitals

Rehabilitation Institute of Chicago

·         #1

Rehabilitation Institute of Chicago

Chicago, IL

·         #2

Kessler Institute for Rehabilitation

West Orange, NJ

·         #3

TIRR Memorial Hermann

Houston, TX

See all Best Rehabilitation Hospitals

Cleveland Clinic

·         #1

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

·         #2

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

·         #3

Mayo Clinic

Rochester, MN

See all Best Rheumatology Hospitals

Johns Hopkins Hospital

·         #1

Johns Hopkins Hospital

Baltimore, MD

·         #2

Cleveland Clinic

Cleveland, OH

·         #3

Mayo Clinic

Rochester, MN

See all Best Urology Hospitals

Disclaimer and a note about your health


 

 

As fontes usadas em avaliações deste tipo são a opinião de médicos e outros especialistas, o número de camas por paciente, de enfermeiras por paciente, a mortalidade por mil casos etc.

Como sempre, há vieses, que seguem a qualidade da informação.   

         Um dos critérios usados para medir a qualidade dos hospitais se concentra na Web. O leitor pode se aprofundar nos resultados desse método consultando

 

http://hospitals.webometrics.info/en/world

           

Há uma correlação modesta entre rankings produzidos com metodologias diferentes. É uma situação diferente da que caracteriza as universidades, instituições que são avaliadas por empresas localizadas em diversos países com critérios e resultados semelhantes. A maioria dos melhores hospitais americanos está presente em várias listas. Não obstante, e mais uma vez como diferentes dos rankings de universidades, há um claro predomínio dos hospitais indicados pelo U.S. News and World Report.

Em outra fonte, há três hospitais brasileiros entre os quatro melhores da América Latina, o INCA, o Einstein e o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Infelizmente, os hospitais latino-americanos não figuram entre os melhores do mundo. Não obstante a instituição avaliadora, a Ranking Web of Hospital ressalta as limitações do método usado, que chamam de webometrics, e, com toda a honestidade, enfatizam que esse ranking é puramente acadêmico, fala mais de pesquisa e da produção de artigos e não deve ser usado como guia para pacientes.

A Cejka Executive Search produz o Becker’s Hospital Review que não produz rankings, mas indica cem excelentes hospitais.

Healthgrades é um website popular, que proporciona informações sobre médicos e hospitais. É um recurso acionado cerca de 250 milhões de vezes por ano. Um dos quadros mostra o número de hospitais que estão entre os cem melhores por estado.  A julgar pelos critérios dessa instituição, 22 estados americanos não tem um só hospital ranqueado entre os cem melhores. Florida e Califórnia estão no topo da lista. Surpreendentemente, Massachusetts está ausente desta lista de hospitais notáveis.   

É preciso cuidado ao selecionar. O sistema hospitalar americano, folgadamente o melhor do mundo, em boa parte visa lucro – mesmo os hospitais que não tem fim de lucro. E parte do gasto não é necessária. Dr. Eric Topol, que trabalha numa empresa que eu uso (fornece medicamentos), a Scripps Health, afirma que os gastos com a saúde nos Estados Unidos estão perto de três trilhões de dólares ao ano, mas que um terço, ou um trilhão, é puro desperdício.

Os hospitais querem lucro e anunciam principalmente os departamentos e programas que mais dão lucro, que podem não ser os melhores ranqueados. Alguns leitores ingênuos podem ver incompatibilidade entre os ideais da área da saúde (que existem mais na cabeça esperançosa dos pacientes do que na dos administradores hospitalares) e o objetivo de lucro. A realidade é essa: os melhores hospitais cobram caro. Querem expandir, adquirir sempre os equipamentos de ponta e pagar regiamente seus médicos e, sobretudo, seus administradores.

         Infelizmente, os melhores hospitais do mundo estão concentrados nas áreas com renda per capita mais alta. Há uma diferença muito grande na qualidade do serviço hospitalar entre os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e a Europa Ocidental, de um lado, e a África, o mundo árabe e boa parte da América Latina:

 

A PARTICIPAÇÃO DAS REGIõES MUNDIAIS NA QUALIDADE DOS HOSPITAIS

Distribuição por Continente

 

 

 

 

 

CONTINENTE

 200 MELHORES

500 MELHORES

1000 MELHORES

 

 

 

 

USA & Canada

118

293

562


 

Europa

56

139

281

 

 


 

Asia

19

48

108

 

 


 

Resto da América

5

8

17

 

 


 

Oceania

2

8

22

 

 


 

Mundo Árabe

 

4

7

 

 


 

Africa

 

 

3

 

 

 

 

 

Como ler esse quadro? Vamos ao que interessa: dos 200 melhores hospitais do mundo, 118 estão nos Estados Unidos e no Canadá, 56 na Europa e assim por diante. No “resto da América”, que nos inclui, encontramos, apenas, 5 dos melhores duzentos hospitais e dois na Oceania. Infelizmente, nenhum no mundo árabe e nenhum na África.

É preciso escolher cuidadosamente quem e onde tratará você.

Não é tarefa fácil.

 

 

GLÁUCIO SOARES

Anticoagulantes contra o câncer da próstata?

Caroline F. Pratz, da Johns Hopkins Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center em Baltimore, analisou, com seus associados, os dados de 247 pacientes com canceres que já não respondiam ao tratamento hormonal e tinham recebido químio (docetaxel) num prazo de onze anos, do início de 1998 ao início de 2010.  Buscavam conhecer o uso de anticoagulantes e seus efeitos. Cerca de 12% recebiam anticoagulantes, um tratamento frequente entre pessoas de idade, usado para DVT (deep venous thrombosis), embolias pulmonares e combinação das duas situações.

O uso de anticoagulantes se associa com maior sobrevivência. A razão de risco de morrer (por qualquer causa) era de  0,61; P = 0,024 para o conjunto dos que usavam anticoagulantes; não muito diferente dos que usavam heparina  (RR, 0,58; P = 0,048); melhor do que os que usavam warfarina  (RR, 0,82; P = 0,23), um resultado não tão bom. A sobrevivência mediana  deste grupo com canceres muito adiantados foi de 20,9 meses, quase quatro meses a mais do que os que não usavam anticoagulantes (17,1 meses). Em modelos estatisticamente mais sofisticados, controlando por outras variáveis, o uso de anticoagulantes continuava concedendo um ganho na expectativa de vida.

É importante entender que há muitos acidentes fatais com pessoas que usam anticoagulantes, que devem ser usados com receita médica e acompanhados pelo médico. Nem pensem em usá-los por conta própria e em automedicação.  

 

GLÁUCIO SOARES                 IESP-UERJ

Mais exercícios, menos derrames

Mais uma pesquisa mostra que exercícios previnem derrames! Desta vez foi o grupo de Michelle McDonnell, da University of South Australia. Os inativos têm um risco que é vinte por cento mais alto de ter um derrame, em comparação com os que se exercitam em sério pelo menos quatro vezes por semana.

Os derrames matam! Na Austrália é a segunda causa de morte: um em cada seis australianos sofre, pelo menos, um derrame na vida.

A relação é mais íntima entre os homens do que entre as mulheres, embora nos dois sexos os que se exercitam mais tenham menos risco de sofrer um derrame.

Contudo, a redução do risco de derrame não é o único benefício de quem exercita regularmente, seja intensamente, seja moderadamente: o risco de diabetes é menor e, como esperado, o excesso de peso também.

A pesquisadora usou uma interessante metáfora: se o exercício fosse uma pílula, nós tomaríamos o medicamento contra quatro ou cinco doenças.

A pesquisa foi grande: reanalisaram os dados de 27 mil pessoas com 45 anos de idade ou mais, acompanhando-os durante seis anos. A notícia triste: um terço não fazia um só exercício.

Meia hora de exercício, cinco vezes por semana ou mais, pode ser a diferença entre a vida e a morte. Além disso, a qualidade da vida melhora muito.

 

GLÁUCIO SOARES    IESP-UERJ

Fora com os carbo-hidratos e com as gorduras de origem animal!

As notícias são boas, mas exigem organização e perseverança: substituir carbo-hidratos e gordura animal é bom para evitar e para desacelerar o câncer da próstata. Substituir com quê? Com óleos e gorduras vegetais.

 

É a conclusão de uma pesquisa recém-publicada no prestigioso JAMA Internal Medicine. Pesquisaram 4.577 homens com câncer da próstata sem metástase. Queriam saber se a quantidade e o tipo de gordura consumida se relacionava com o avanço do câncer. Erin Richman da Universidade da California descobriu a formula, simples e eficiente: a substituição por gorduras vegetais corta em 29% o risco de câncer mortal!

É a mesma orientação das dietas que são boas para o coração e o sistema cardio-vascular. Uma dieta, duas vantagens.

Entram em cena os óleos não-saturados e nozes etc. e o risco geral de morte cai notavelmente.

A associação entre os benefícios? O Dr. Stephen Freedland da Duke University Medical Center afirma que o consumo de carbo-hidratos está associado à elevação dos níveis de insulina que, por sua vez, estão associados com aumento no risco de canceres agressivos.

Há muitos óleos e azeites vegetais, mas os de oliva e canola andam em alta.

 

 

GLAUCIO SOARES      IESP/UERJ

CAFÉ CONTRA O CÂNCER DA PRÓSTATA NO JAPÃO

Uma pesquisa feita em Ohsaki, Japão, acompanhou quase 19 mil homens de 40 a 79 anos durante onze anos. Usou um questionário auto-preenchido para coletar informação sobre o consumo de café. Nesse período constataram 318 casos de câncer da próstata (o Japão tem uma incidência de câncer da próstata muito baixa).

Usaram um instrumento estatístico chamado regressão de Cox para calcular a razão de risco. Controlaram variáveis que afetam o risco de desenvolver este câncer, para mais ou para menos, e constataram que o risco era menor entre os que bebiam café do que entre os que não bebiam e que o risco diminuía com a quantidade. Entre os que bebiam ocasionalmente, o risco era 0,81 em relação aos que não bebiam, mas essa percentagem era ainda mais baixa entre os que bebiam 1-2 xicaras por dia (0,73) e 0,63 entre os que bebiam três ou mais xicaras por dia.

Esse estudo conclui que o consumo de café reduz o risco de câncer da próstata. Cuidado com o consumo muito grande de café, particularmente se tomado muito quente, porque há outros problemas de saúde afetados pelo consumo excessivo de café.

Saiba mais: Li Q, Kakizaki M, Sugawara Y, Tomata Y, Watanabe T, Nishino Y, Tsuji I., Br J Cancer. 2013 Jun 11;108(11):2381-9.

GLÁUCIO SOARES     IESP-UERJ

Sem gordura, o câncer mata menos

Pesquisa recente sugere que a substituição de carbo-hidratos por gorduras não saturadas aumenta a sobrevivência entre pacientes com câncer da próstata. O controle do peso e o combate à obesidade são objetivos correlacionados que, se atingidos, contribuem para que os pacientes vivam mais. Há unanimidade nessa recomendação. Usar óleos e gorduras vegetais, como os que caracterizam o abacate, o azeite de oliva, nozes e semelhantes, e não gordura animal e/ou carbo-hidratos aumenta a sobrevivência.

Melhor: não precisamos de medidas drásticas para obter bons resultados. Os paciente que substituíram apenas dez por centro das calorias que provinham de carbo-hidratos, trocando-as por gorduras vegetais, reduziram a chance de morrer do câncer da próstata em 29%. Foram acompanhados durante oito anos.

As notícias são ainda melhores: tinham um risco 26% mais baixo de morrer de outras causas. Ou seja, os que fizeram essa transição para as gorduras vegetais, cortando os carbo-hidratos e as gorduras animais, vivem mais. Aumentar apenas 28 gramas no consumo diário de nozes etc reduzia o risco de morte por qualquer causa em 11%.

 

 

GLÁUCIO SOARES        IESP-UERJ

Estatinas contra o câncer da próstata: mais detalhes

As estatinas são uma classe de medicamentos usados para baixar o colesterol. Uma pesquisa analisou o uso de estatinas para ver se altera o curso do câncer da próstata. Tinha três metas: ver se haveria um diagnóstico de câncer; ver se haveria retorno do câncer (fracasso bioquímico, ou a volta do PSA) e ver se afetaria o risco de morte por câncer da próstata (e não de morte incluindo todas as causas).  

Analisaram cerca de mil pacientes que foram diagnosticados de 2002 a 2005 no King County, Washington. O uso das estatinas foi estimado quando os pacientes foram diagnosticados através de entrevistas pessoais. O desenvolvimento do câncer foi acompanhado através de um acompanhamento através de survey e dos registros do SEER, uma subdivisão estatística no Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos.

Sem controlar outras variáveis, os que usaram estatinas tinham um risco de 1% de morrer deste câncer em dez anos, em contraste com 5% dos que não usaram estatinas. Numa análise multivariada, com vários controles, os que usaram estatinas não tinham um risco muito diferente de que o câncer voltasse (fracasso bioquímico), nem de morrer de outras causas, mas tinham um risco significativamente menor de morrer devido ao câncer da próstata. A razão de risco era de 0,19.

 

 

GLÁUCIO SOARES       IESP-UERJ

Estatinas contra o câncer da próstata: mais detalhes

As estatinas são uma classe de medicamentos usados para baixar o colesterol. Uma pesquisa analisou o uso de estatinas para ver se altera o curso do câncer da próstata. Tinha três metas: ver se haveria um diagnóstico de câncer; ver se haveria retorno do câncer (fracasso bioquímico, ou a volta do PSA) e ver se afetaria o risco de morte por câncer da próstata (e não de morte incluindo todas as causas).  

Analisaram cerca de mil pacientes que foram diagnosticados de 2002 a 2005 no King County, Washington. O uso das estatinas foi estimado quando os pacientes foram diagnosticados através de entrevistas pessoais. O desenvolvimento do câncer foi acompanhado através de um acompanhamento através de survey e dos registros do SEER, uma subdivisão estatística no Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos.

Sem controlar outras variáveis, os que usaram estatinas tinham um risco de 1% de morrer deste câncer em dez anos, em contraste com 5% dos que não usaram estatinas. Numa análise multivariada, com vários controles, os que usaram estatinas não tinham um risco muito diferente de que o câncer voltasse (fracasso bioquímico), nem de morrer de outras causas, mas tinham um risco significativamente menor de morrer devido ao câncer da próstata. A razão de risco era de 0,19.

 

 

GLÁUCIO SOARES       IESP-UERJ

Trombose profunda: tenho que viajar. E agora?

O que é a Deep Vein Thrombosis (DVT)? É para ficar preocupad@?

É um coágulo sanguíneo em uma veia profunda, usualmente na perna. O perigo deriva do risco do coágulo se soltar e viajar pelo sistema sanguíneo. Pode impedir o fluxo de sangue para os pulmões, o que configura a embolia pulmonar. É ameaça à vida e tem que ser tratada.

As viagens longas aumentam o risco de DVT.  

Por quê?

Sentar durante quatro horas ou mais reduz a circulação nas pernas o que, por sua vez, aumenta o risco de formar coágulos.

E você tem que fazer uma viagem…

O que fazer?

Repito as instruções que recebo:

Levante e caminhe um pouco cada hora ou, se possível, cada meia hora. Se estiver viajando de carro, pare num lugar seguro, ande um pouco e alongue um pouco;

Quando estiver sentado, levante e abaixe os dedos do pé, deixando o calcanhar no chão. Faça a mesma coisa com o calcanhar, deixando os dedos no chão. Fique alavancando os pés para cima e para baixo e para os lados. Faça isso várias vezes cada vinte minutos. Dá para fazer numa cadeira de avião. Também dá para esticar as pernas, trabalhando-as;

Beba muitos líquidos, mas não alcoólicos nem cafeinados.

Use roupas soltas e  não roupas apertadas na cintura ou nas pernas;

O seu estilo de vida altera o risco de trombose.

Se você se exercitar de maneira regular, o risco diminui. Nadar, andar, andar de bicicleta (inclusive ergométrica) são boas dicas. Se der, faça um pouco todos os dias. Meia hora já ajuda muito;

Meu Deus, pare de fumar. Só faz mal e faz muito mal;

Verifique a sua pressão com regularidade. Fale com seu cardiologista, seu clínico geral para ver como tirar a pressão de maneira regular, informando-o;

Se você já tem problema de pressão alta, histórico pessoal ou familiar de problemas nessas áreas, o médico talvez recomende um anti-coagulante ou meias de compressão. Eu que tive problemas sérios nessa área, tomo esses remédios regularmente (acompanhado pelo cardiologista) e uso meias de compressão quando viajo por algum tempo.

 

É isso. Lembre-se que a pessoa mais importante para manter uma vida saudável é você.

 

 

GLÁUCIO SOARES                IESP-UERJ  

Ser gordo aumenta o risco de câncer da próstata mesmo depois de biópsia negativa

Vamos examinar apenas os homens que fizeram uma biópsia da próstata e que, naquele momento, os resultados foram negativos – negativos: não há câncer. São quinhentos pacientes. Vamos acompanhar esses homens por 14 anos, mas antes vamos separa-los de acordo com o grau de obesidade.

Nesse período, quantos desenvolveram câncer? Onze por cento.

Quantos em cada grupo? O grau de obesidade influencia a probabilidade de vir a desenvolver um câncer (ou de revelar um câncer que já estava lá)?

Essa é a pergunta feita por Andrew Rundle, professor de epidemiologia na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

Rundle sabia que outros fatores influenciavam o risco de ter câncer da próstata, como cor da pele, história de câncer na família, idade, se fuma ou fumou etc. Esses fatores devem ser controlados em qualquer pesquisa. E o foram.

E aí? Qual o impacto da obesidade? A obesidade aumentou em 57% o risco de que esse câncer aparecesse e fosse diagnosticado durante os quatorze anos de acompanhamento.

É interessante notar que essa associação só vale para os canceres que surgiram nos primeiros anos e não no final do período. Ninguém sabe o porquê.

Mais uma pesquisa que demonstra que é alto o custo da obesidade!

 

Leia mais: Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention de 23 de abril.

 

GLÁUCIO SOARES       IESP-UERJ

Efeitos da terapia (anti)hormonal sobre os riscos de enfarte do miocárdio e derrame

Uma pesquisa feita na Dinamarca estimou os efeitos da terapia (anti)hormonal sobre os riscos de enfarte do miocárdio e derrame.

Todos os pacientes registrados no Danish Cancer Registry de 1º de Janeiro de 2002 até 2010 foram incluídos. São mais de trinta mil casos. Usaram regressões estatísticas Cox para estimar as razões de risco entre os que receberam essa terapia, os que receberam orquiectomia e os que não receberam nenhum desses tratamentos. A análise, como não poderia deixar de ser, foi feita separadamente de acordo com a pré-existência de infarto do miocárdio e derrame.

Os resultados mostram que a razão de risco dos tratados com terapia (anti)hormonal tinham um risco maior de enfartar (HR = 1,31) e de derrame (HR = 1,19). Os que foram orquiectomizados não tinham risco mais alto.

 

O estilo de vida não foi controlado e ele pode se relacionar com o tratamento e com o risco.

Autores: Jespersen CG, Nørgaard M, Borre M.

 

Saiba mais: Eur Urol. 2013 Feb 12.

 

 

GLÁUCIO SOARES          IESP-UERJ

Você pode lutar contra o câncer da próstata

Na luta contra o câncer da próstata é comum termos uma sensação de impotência, de que não há nada que possamos fazer.

Mas há. A Síndrome Metabólica depende de nós. São conhecidos fatores de risco que aumentam o risco de derrames, de doença coronária, de diabetes (tipo 2). Quando alguns desses fatores ocorrem juntos, temos a Síndrome Metabólica, SM. 

Infelizmente, a SM é cada vez mais comum em muitos, muitos países, inclusive no Brasil. Pode ter uma ou muitas causas, mas todas estão vinculadas à obesidade, algo que o paciente pode controlar. Nem sempre é fácil, particularmente quando os medicamentos que o paciente toma produzem fadiga. A escolha, infelizmente, é obrigatória: ou se exercita, “contra viento y marea”, e controla o peso, ou o risco de vários fatores negativos vinculados ao câncer aumenta.

E quais são os fatores de risco para a própria Síndrome Metabólica?

Ter excesso de peso, cuja distribuição conta: peso na barriga, de maneira que seu corpo tem forma de pera, é o pior indicador.

O segundo fator mais importante é a resistência à insulina, que controla quanto açúcar temos no corpo. Se ela não funciona bem, aumenta o açúcar no sangue e a gordura no corpo.

A idade se relaciona com a Síndrome Metabólica. Quanto mais velhos, menos exercício, as vezes maior desleixo na dieta e na atividade física.

A falta de exercício por si só é um fator de risco para a SM. Algumas mudanças hormonais, sejam decorrência da idade ou do tratamento hormonal, conspiram para aumentar a SM e há fatores genéticos jogando um importante papel.

Há dois problemas que podem caracterizar a Síndrome Metabólica ou torna-la mais grave: uma coagulação excessiva e níveis altos de substâncias que indicam inflamação no seu corpo.

Tenho ou não tenho SM?

Os médicos americanos, acostumados a trabalhar com indicadores e escalas, definem a SM a partir de sinalizadores. Três ou mais sinalizadores indicam SM:

  1. 1. Pressão sanguínea igual ou maior do que 130/85 mmHg;
  2. 2. Açúcar (glucose) no sangue. Quando em jejum, não deve chegar a 100 mg/dL;
  3. 3. A barriga, medida como se usássemos um cinto, não deve chegar a 40 polegadas, ou 101,6 centímetros, no caso de homens, ou 35 polegadas, o mesmo que 88,9 centímetros, no caso de mulheres. Se chegar, conta ponto para a SM;
  4. 4. Se os triglicerídeos chegarem a 150 mg/dL, também conta ponto;
  5. 5. O “bom” colesterol (HDL) não deve ser baixo: se for abaixo de 40 mg/dL para homens u 50 mg/dL para mulheres, também conta ponto.

 

Tres ou mais desses indicadores definem você como tendo a Síndrome Metabólica. Esses indicadores se correlacionam, mas não tanto. Há pressão alta sem barriga e vice-versa; há glucose alta sem HDL baixo e assim por diante.

Por que escrevi este post?

Por duas razões: entre os pacientes de câncer da próstata, a SM faz muita diferença. Tomemos uma dos principais indicadores da virulência do câncer: o escore Gleason. A razão de risco entre os pacientes que tinham SM e os que não tinham era de 1,44 (os caracterizados como tendo SM tinham Gleason mais alto); essa  mesma razão no caso de canceres avançados era de 1,37 e no que concerne a “volta” do PSA, chamado também de fracasso bioquímico, a razão de risco era de 2,06 – mais do que dobrava o risco de ver que o câncer não fora curado. Outros parâmetros que medem a agressividade ou o avanço do câncer variam com a SM.

A segunda razão é que está dentro no nosso alcance controlar esses fatores, ficar abaixo da Síndrome Metabólica. Acreditem, eu sei como é difícil fazer isso, particularmente quando fazemos tratamento (anti)hormonal. Porém, é possível. Exige, sim, muito esforço e dedicação, mas é uma das poucas coisas sobre as quais podemos ter controle físico. As entravas são psicológicas e culturais.

É possível combater a besta. Só depende de nós.

Leia mais:

Xiang YZ, Xiong H, Cui ZL, Jiang SB, Xia QH, Zhao Y, Li GB, Jin XB., em J Exp Clin Cancer Res. 2013 Feb 13;32(1):9.

 

GLÁUCIO SOARES                    IESP-UERJ

O TRATAMENTO HORMONAL E OS PROBLEMAS CARDIOVASCULARES

Várias pesquisas demonstraram que os tratamentos (anti)hormonais existentes aumentam o risco de doenças cardiovasculares, inclusive de morte.

Na Itália, pesquisadores belgas e alemães compararam as taxas de morbidade e de mortalidade cardiovascular entre pacientes que tomavam Firmagon ou Degarelix, dois medicamentos que alteram os hormônios, com outros medicamentos anti-hormonais que operam a partir de processos diferentes. Os medicamentos (anti)hormonais chamados de “luteinising hormone-releasing hormone agonists”, como o que eu uso, são eficientes, mas acarretam riscos cardiovasculares.

A comparação produz resultados claros: Firmagon e Degarelix apresentam um risco 50% menor de derrames e/ou ataques cardíacos, num estudo de mais de dois mil e trezentos pacientes de países diferentes.

Pacientes medicados com Firmagon também apresentaram uma sobrevivência maior, menos fraturas e menos doenças urinárias.

Porém, esses pacientes já sofriam de problemas cardiovasculares. Entre eles, a escolha de Firmagon ou Degarelix ganha peso.

Lembro que há vários tratamentos e muitos medicamentos disponíveis: cada um com vantagens e desvantagens em relação aos demais. Há uma preocupação que nós, pacientes, podemos compreender com o combate ao câncer da próstata mas não podemos deixar de considerar que há outras doenças e outras causas de morte que devem ser levadas em consideração nessa escolha. A escolha tão pouco pode ignorar as características do pacientes. Pacientes que já trazem problemas cardíacos teriam mais razões para considerar Farmagon do que pacientes sem esse tipo de morbidade.  

Saiba mais:

 

 http://www.upi.com/Health_News/2013/03/16/Less-risky-prostate-cancer-therapy-offered/UPI-12311363486792/#ixzz2NstXB8pm

 

GLÁUCIO SOARES      IESP/UERJ

CAEM AS MORTES POR CANCER

Anna Azvolinsky, informa que as mortes por cancer estão baixando nos Estados Unidos, continuando um processo iniciado há muitos anos. Na década de 90 e nos primeiros nove anos do milenio as mortes de homens baixaram 1,8% por ano e as de mulheres 1,4%. Durante todo o período, é um declínio considerável.

 

GLÁUCIO SOARES     IESP-UERJ

QUAL O RISCO DE MORRER DO CÂNCER 15, 20 ANOS DEPOIS?

Falemos em sério a respeito das nossas chances de sobrevivência, de estarmos vivos em 5, 10, 20 anos. 

De cara, aparece um problema: os pacientes morrem de outras causas também. E como esse é um câncer que é muito mais frequente em idosos, o câncer tem que competir com outras causas – derrames, enfartes, Alzheimer’s etc. pela honra de nossa morte… Por isso, os analistas dividem as mortes em dois grupos: as devidas a todas as causas e as devidas e este câncer.

Os canceres da próstata podem ser divididos de acordo com a agressividade – medida pelo escore Gleason. Os portadores de canceres menos agressivos tem um risco de dez por cento – ou menos! – de morrerem desse câncer nos dez anos depois do diagnóstico. Porém, lá no outro extremo, os com canceres muito agressivos tem uma chance muito mais alta: 60%!

Porém, e os que estão “no meio”? Nem pouco, nem muito agressivos? Entre eles, o risco é um pouco maior do que entre os que tem canceres pouco agressivos: 13%.

Parecem quase iguais, mas não são. A diferença é que esse grupo “do meio” raramente (13% é raramente por nossos critérios) na primeira década, mas o câncer avança em 40% deles. Ou seja, um número considerável deles ainda poderá morrer do câncer, mas depois de mais tempo: 15, 20 ou mais anos. Não obstante, quando colocamos mais vinte anos em cima dos 60 ou 70 iniciais, chegamos a 80 ou 90 e, com ou sem câncer, a sobrevivência nessa idade é relativamente curta. Infelizmente, é o meu caso: com mais de 78 anos e um câncer que avança, estou sendo atacado por vários lados, inclusive como consequência do tratamento para dar uma diminuída na velocidade do câncer. O Lupron aumenta o risco de problemas cardiovasculares, inclusive de morrer por essas causas.      

O câncer da próstata tem características diferentes, talvez opostas, a de vários outros canceres. Muitos canceres são considerados curados depois de cinco ou dez anos do tratamento original. Nós não temos essa sorte. Os curados, curados estão, mas nos não curados, o câncer pode ir se tornando mais agressivo e avançar. O resultado é que a mortalidade específica volta a aumentar depois de 10, 15, 20 anos.  

Uma pesquisa feita na Suécia, por Johansson e associados, acompanhou pacientes inicialmente definidos como portadores de canceres localizados por 21 anos, na média. Nesse tempo, o câncer avançou em 40% dos casos, em 17% se transformou num câncer generalizado e 16% morreram dele. Um em seis.

A conclusão é chata para nós: em muitos casos, o câncer da próstata evolui lentamente, mas nem tão lentamente quanto gostaríamos, e depois de 15 ou 20 anos se transforma em um câncer agressivo. A mortalidade específica passou de 15 por mil anos-pessoas nos primeiros 15 anos para 44 depois dos quinze anos.

Infelizmente, há muitos médicos pouco informados que querem aplicar ao câncer da próstata a mesma historia natural de outros canceres.

Se chegar aos ossos a coisa fica feia. A mediana da sobrevivência fica entre 27 e 33 meses; em cinco anos, 75% estão mortos e, em dez anos, são 90%. Notem que esses prazos são computados a partir do momento em que a metástase óssea foi detectada e não a partir do momento em que o câncer foi diagnosticado, o que por essa historia natural ocorreu mais de dez anos antes.

 

GLÁUCIO SOARES       IESP-UERJ

QUAL O RISCO DE MORRER DO CÂNCER 15, 20 ANOS DEPOIS?

Falemos em sério a respeito das nossas chances de sobrevivência, de estarmos vivos em 5, 10, 20 anos. 

De cara, aparece um problema: os pacientes morrem de outras causas também. E como esse é um câncer que é muito mais frequente em idosos, o câncer tem que competir com outras causas – derrames, enfartes, Alzheimer’s etc. pela honra de nossa morte… Por isso, os analistas dividem as mortes em dois grupos: as devidas a todas as causas e as devidas e este câncer.

Os canceres da próstata podem ser divididos de acordo com a agressividade – medida pelo escore Gleason. Os portadores de canceres menos agressivos tem um risco de dez por cento – ou menos! – de morrerem desse câncer nos dez anos depois do diagnóstico. Porém, lá no outro extremo, os com canceres muito agressivos tem uma chance muito mais alta: 60%!

Porém, e os que estão “no meio”? Nem pouco, nem muito agressivos? Entre eles, o risco é um pouco maior do que entre os que tem canceres pouco agressivos: 13%.

Parecem quase iguais, mas não são. A diferença é que esse grupo “do meio” raramente (13% é raramente por nossos critérios) na primeira década, mas o câncer avança em 40% deles. Ou seja, um número considerável deles ainda poderá morrer do câncer, mas depois de mais tempo: 15, 20 ou mais anos. Não obstante, quando colocamos mais vinte anos em cima dos 60 ou 70 iniciais, chegamos a 80 ou 90 e, com ou sem câncer, a sobrevivência nessa idade é relativamente curta. Infelizmente, é o meu caso: com mais de 78 anos e um câncer que avança, estou sendo atacado por vários lados, inclusive como consequência do tratamento para dar uma diminuída na velocidade do câncer. O Lupron aumenta o risco de problemas cardiovasculares, inclusive de morrer por essas causas.      

O câncer da próstata tem características diferentes, talvez opostas, a de vários outros canceres. Muitos canceres são considerados curados depois de cinco ou dez anos do tratamento original. Nós não temos essa sorte. Os curados, curados estão, mas nos não curados, o câncer pode ir se tornando mais agressivo e avançar. O resultado é que a mortalidade específica volta a aumentar depois de 10, 15, 20 anos.  

Uma pesquisa feita na Suécia, por Johansson e associados, acompanhou pacientes inicialmente definidos como portadores de canceres localizados por 21 anos, na média. Nesse tempo, o câncer avançou em 40% dos casos, em 17% se transformou num câncer generalizado e 16% morreram dele. Um em seis.

A conclusão é chata para nós: em muitos casos, o câncer da próstata evolui lentamente, mas nem tão lentamente quanto gostaríamos, e depois de 15 ou 20 anos se transforma em um câncer agressivo. A mortalidade específica passou de 15 por mil anos-pessoas nos primeiros 15 anos para 44 depois dos quinze anos.

Infelizmente, há muitos médicos pouco informados que querem aplicar ao câncer da próstata a mesma historia natural de outros canceres.

Se chegar aos ossos a coisa fica feia. A mediana da sobrevivência fica entre 27 e 33 meses; em cinco anos, 75% estão mortos e, em dez anos, são 90%. Notem que esses prazos são computados a partir do momento em que a metástase óssea foi detectada e não a partir do momento em que o câncer foi diagnosticado, o que por essa historia natural ocorreu mais de dez anos antes.

 

GLÁUCIO SOARES       IESP-UERJ

 

APARECEU OUTRO ANTI-COAGULANTE!

Há décadas que o padrão dos medicamentos usados para controlar a coagulação é a warfarina. A warfarina tem vários genéricos, inclusive um popular chamado Marevan. Não é caro. Quando um medicamento ou tratamento funciona bem e é usado por muito tempo, ele se transforma em padrão, em Inglês chamado até de padrão-ouro, gold standard. O Marevan tinha a virtude de ser relativamente barato e o grande problema de ter dezenas de interações, inclusive com alimentos. Por essas razões, medicamentos novos, candidatos a serem vendidos, teriam que superar a warfarina em alguma coisa.

O anticoagulante baseado no apixaban, desenvolvido pela Eliquis, provou ser eficiente. O medicamento foi pensado para um tipo de doenças cardiovasculares, as fibrilações atriais não valvulares. Nesse tipo de paciente reduz o risco de derrame e de embolias sistêmicas que, frequentemente são fatais ou incapacitantes.

A aprovação pela exigentíssima FDA nos Estados Unidos foi precedida por aprovações de órgãos semelhantes na Europa, no Canadá e no Japão.  

A aprovação não é fácil. Mais de 18 mil pacientes participaram de uma pesquisa Fase III na que ficou demonstrado que os que tomavam apixaban tinham menos derrames do que os que tomavam warfarina. Porém, o medicamento apixaban não demonstrou ser superior a outro, baseado na enoxaparina (vendido nos Estados Unidos como Lovenox).   

Há uma preocupação com as hemorragias: não sabem (ou ainda não sabem) como tratar as provocadas pelo apixaban. Pacientes com válvulas (próteses) no coração não devem usar esse medicamento.

Creio que esse medicamento vai rachar o grupo de pacientes no meio: a warfarina tem dezenas de interações, que se traduzem num “não pode isso, não pode aquilo”. Lista grande, mas é barata e muito bem conhecida. O apixaban tem menos interações, mas é mais caro e os pacientes devem acompanhar bem as perigosas hemorragias. Fale com seu cardiólogo.  

 

GLÁUCIO SOARES    IESP/UERJ

APARECEU OUTRO ANTI-COAGULANTE!

Há décadas que o padrão dos medicamentos usados para controlar a coagulação é a warfarina. A warfarina tem vários genéricos, inclusive um popular chamado Marevan. Não é caro. Quando um medicamento ou tratamento funciona bem e é usado por muito tempo, ele se transforma em padrão, em Inglês chamado até de padrão-ouro, gold standard. O Marevan tinha a virtude de ser relativamente barato e o grande problema de ter dezenas de interações, inclusive com alimentos. Por essas razões, medicamentos novos, candidatos a serem vendidos, teriam que superar a warfarina em alguma coisa.

O anticoagulante baseado no apixaban, desenvolvido pela Eliquis, provou ser eficiente. O medicamento foi pensado para um tipo de doenças cardiovasculares, as fibrilações atriais não valvulares. Nesse tipo de paciente reduz o risco de derrame e de embolias sistêmicas que, frequentemente são fatais ou incapacitantes.

A aprovação pela exigentíssima FDA nos Estados Unidos foi precedida por aprovações de órgãos semelhantes na Europa, no Canadá e no Japão.  

A aprovação não é fácil. Mais de 18 mil pacientes participaram de uma pesquisa Fase III na que ficou demonstrado que os que tomavam apixaban tinham menos derrames do que os que tomavam warfarina. Porém, o medicamento apixaban não demonstrou ser superior a outro, baseado na enoxaparina (vendido nos Estados Unidos como Lovenox).   

Há uma preocupação com as hemorragias: não sabem (ou ainda não sabem) como tratar as provocadas pelo apixaban. Pacientes com válvulas (próteses) no coração não devem usar esse medicamento.

Creio que esse medicamento vai rachar o grupo de pacientes no meio: a warfarina tem dezenas de interações, que se traduzem num “não pode isso, não pode aquilo”. Lista grande, mas é barata e muito bem conhecida. O apixaban tem menos interações, mas é mais caro e os pacientes devem acompanhar bem as perigosas hemorragias. Fale com seu cardiólogo.  

 

GLÁUCIO SOARES    IESP/UERJ