REPENSANDO AS SONECAS E AS SIESTAS

O lugar comum nas posições sobre as sonecas e siestas é que elas causam mais mal do que bem. 
Porém, uma pesquisa pequena mas bem feita contesta esse ensinamento, particularmente em relação aos idosos.
A idade altera a estrutura, a duração e a qualidade do sono. Lá pelos sessenta temos menos ciclos de sono profundo (ondas lentas) e mais ciclos de sono rápido. Do lado negativo, os idosos dormem, na média, duas horas a menos do que dormiam quando era jovens. Além disso, acordam mais vezes – em parte devido a problemas com micção.
O consenso, que durou muito tempo, dizia que os idosos não precisavam de tantas horas de sono quanto os jovens, mas o consenso mudou. Em qualquer idade, precisamos de muitas horas, entre sete e meia e oito, de sono cada dia.
Precisamos para quê? Para funcionar bem no dia seguinte e dias subsequentes. 
O que fazer?
Mais uma vez, o consenso mudou – em parte. Acreditava-se que as sonecas diurnas competiam com o reparador sono noturno, resultando num sono noturno mais curto,pior, e em sonolência durante o dia.
Uma equipe do Weill Cornell Medical College, concluíram que, entre idosos, as sonecas diurnas, e a tradicional siesta depois do almoço, aumentam o número de horas diárias de sono e reduzem a sonolência durante o dia. A pesquisa foi mais além, demonstrando que um bom cochilo durante o dia traz benefícios cognitivos. Lembramos mais, erramos menos.
O estudo analisou vinte duas pessoas com mais de cinquenta anos. Elas usaram monitores e anotaram detalhes do sono. Com isso, os pesquisadores construíram uma baseline, uma padrão de como dormia aquele grupo, para poder aferir mudanças. 
Após esse período, foram para o laboratório. Lá, seu sono foi medido, preencheram questionários e outros testes cognitivos. Depois, de volta à casa, uns começaram a dormir, rotineiramente, uma soneca de 45 minutos e outros “sonecaram” mais, duas horas. Voltaram duas vezes ao laboratório, depois de 2 e depois de 4 semanas na nova rotina. 
Quais os resultados?
Fim do mito da redução do sono total: os que tiraram sonecas de duas horas aumentaram o tempo dormidos: mais 65 minutos. Os que só sonecaram 45 minutos, aumentaram o número total de minutos dormidos por dia: mais vinte minutos. 
As sonecas aumentaram o tempo total dedicado às ondas lentas e ao sono REM (rapid eye movement) que, sobre isso o consenso permaneceu inalterado, ajuda a restaurar o corpo e o cérebro. E o cérebro funcionou melhor: em três de quatro testes cognitivos. 
Há limites às conclusões: todos os participantes tinham boa saúde. Os resultados valem para os que tinham problemas de insônia ou outros problemas de saúde? Não sabemos.
Também não sabemos nada a respeito das chamadas sonecas poderosas (power naps), curtos e profundos.
Também não sabemos durante quanto tempo teríamos esses efeitos benéficos, positivos, porque as avaliações foram feitas em prazos curtos de duas e quatro semanas.
No mínimo, essa pesquisa coloca em questão alguns “consensos” negativos em relação às sonecas e siestas.
GLAUCIO SOARES        IESP/UERJ    

A crise depressiva dos 30, 40, 50….

Uma pesquisa feita em 2008 com – pasmem! – dois milhões de pessoas em vários lugares deste planeta mostrou que a depressão dos “adultos” (nem jovens, nem velhos) é muito comum. Nos Estados Unidos, entre as mulheres o pior momento parece ser lá pelos quarenta; já entre os homens vem mais tarde: lá pelos cinquenta.

Por quê?

O que pode ser o pavio de uma depressão, o que pode provocar que ela se apresente, que exploda (estava em estado dormente, e, repentinamente, aparece)?

Estas são idades em que muito trabalho e muitas responsabilidades se acumulam: os filhos ficam mais problemáticos, pais e mães envelhecem e adoecem mais, o casamento por dar sinais de cansaço e o trabalho também. Tudo isso ao mesmo, tempo, às vezes, rompe a represa e libera a depressão.

O que recomenda a WebMD? Cuide de ti, também, não te esqueças de ti mesma ou mesmo. Enfrente esse acúmulo de maneira inteligente: exercite, garanta que terá tempo e condições para descansar e um sono reparador. Importantíssimo: não se isole, não fique sozinh@. Se a barra pesar mais do que podes aguentar, busque ajuda competente e não psicólogo de esquina.

Pensamos na vitamina B12 como uma ajuda maravilhosa para a memória, sobretudo a baseada na metilcobalamina. Porém, o complexo B12 tem outras virtudes! A falta de energia, a perda de memória e a depressão podem ser provocadas pela falta de B12, particularmente entre os idosos.  

O que “tem” B12? Peixe, carne, frango, queijo, ovos. Mas, entre os que passaram dos 50, uma suplementação ajuda mais porque seu corpo absorve a B12 melhor.

E quando o sexo vai para o brejo? Tudo piora. Os idosos produzem menos testosterona, um hormônio essencial para a vida sexual dos homens. Baixos níveis desse hormônio podem levar à falta de interesse no sexo, impotência e tudo isso está intimamente associado com a depressão.

O que fazer? Amor, sexo e romance devem ser reinventados de maneira compatível com a nova idade. Talvez as relações precisem de mais enredo, mais curtição, mais provocação. Há especialistas de verdade que pode ajudar (esqueça os conselhos ouvidos na sauna). A impotência frequentemente requer tratamento – e o tratamento funciona!

Há umas amigas íntimas da depressão que não são tão conhecidas. Uma delas são as disfunções da tiroide. Essas glândulas devem funcionar no normal, nem demais, nem de menos. Se são hiperativas, podem provocar fadiga, tremores e até palpitações no coração. Se são hipoativas, também pode aparecer a fadiga, o cansaço. Como há um componente genético nas disfunções da tiroide, fique de olho se algum parente apresenta esse problema. Para isso, não tem remédio caseiro. Consulte um especialista.

Um amigo diz que viver com dores crônicas deprime qualquer um. Há algum exagero, mas dor é dor. E a idade com frequência traz dores aqui e ali. Nas costas, artrite reumatoide, osteoartrite, dores no joelho, nas articulações e mais. Afirma o artigo na WebMD que quem sofre de dores crônicas triplica as chances de sofrer de depressão ou de uma desordem de ansiedade. É uma relação viciosa: a depressão dificulta os exercícios e os tratamentos que podem reduzir a dor.

No tratamento há surpresas: como sempre, exercícios. Porém, meditar e ouvir música ajudam. Para quem gosta, uma hora de música clássica por dia reduz a dor de tipo artrítico… e a depressão também. Se nada disso funcionar, o jeito é consultar um bom médico.

A saída de todos os filhos e filhas de casa pode parecer um alívio para alguns; não obstante, para a maioria, o alívio é temporário e logo vem o vazio, a síndrome “do ninho vazio”. Esse buraco na vida de pais e mães dedicados pode ser o estopim que explode a depressão.

É um momento de solidão. O melhor combate é fortalecer os lacos afetivos e interpessoais, dentro e fora da família. Pais e mães devem se redescobrir como marido e mulher. Primos, tios, sobrinhos, amigos e muitos mais podem mitigar a solidão do ninho vazio. É importante ocupar o tempo e os espaços. O pior é ficar em casa afundando na depressão, sozinho.

A depressão de adultos tem muitos outros estopins. Por enquanto tratamos dos mencionados acima.

 

GLÁUCIO SOARES                    IESP-UERJ 

Uma pesquisa localizada sobre suicídios na Hungria revela deficiências no treinamento dos médicos

Jegesy, Harsányi e Angyal estudaram os suicídios num condado na Hungria, chamado Baranya. Os resultados estão publicados no International Journal of Legal Medicine. Se o leitor quiser ler na íntegra pagará 34.95 euros a uma empresa, chamada Springer, o que eu considero um absurdo. Aliás, se você tiver publicado um artigo e não tiver mais cópias dele, deverá pagar aos que eu considero abutres da ciência para ler seu próprio artigo! Por isso apoio um movimento internacional chamado SPARC, que luta pelo livre acesso a artigos científicos através da internet.

Os autores estudaram pouco mais de mil suicídios que ocorreram entre 1983 e 1987. Chegaram a alguns resultados confirmatórios das conclusões de pesquisas anteriores em diferentes lugares:

  • ·       Os suicídios são mais frequentes no campo e em vilas do que em cidades;
  • ·       Há mais homens do que mulheres suicidas (no caso, três homens para cada mulher – essa razão varia muito entre países e regiões);
  • ·       As taxas aumentam com a idade.

Tentaram fazer uma necrópsia psicológica parcial de 375 casos, entrevistando parentes dos suicidas. O número de necrópsias foi razoável, 375. Essas entrevistas sugeriram que um em cada cinco idosos que se suicidaram não conseguiram lidar com os problemas da idade, inclusive doenças e mortes de pessoas queridas. Outras conclusões:

  • ·       Em 83% dos 1.056 suicídios, havia algum tipo de patologia mental;
  • ·       Em 18% havia um problema sério com drogas ou alcoolismo;
  • ·       O suicídio era menor entre intelectuais e pessoas que não viviam do trabalho braçal;
  • ·       A maioria havia buscado um médico antes do suicídio e receberam algum tipo de tratamento logo antes da morte – o que indica que médicos comuns não estão equipados para a prevenção de suicídios.

Talvez essa seja a conclusão que mais preocupa e o problema cuja solução salvará mais vidas: os médicos não foram treinados para lidar com os problemas da idade que podem levar ao suicídio, particularmente os dos idosos. Muitos suicidas buscaram ajuda médica e não foram competentemente auxiliados.

Acredito que podemos aprender com essa pesquisa e que várias conclusões são aplicáveis ao Brasil.

 

GLÁUCIO SOARES     IESP/UERJ  

CANCEROSOS ESCALAM O KILIMANJARO

Há um grupo cujo objetivo é mostrar que os cancerosos podem ter uma vida normal, inclusive realizando algumas proezas. Esse grupo se chama Above + Beyond Cancer e se dedica a escalar montanhas difíceis – possíveis, não só para profissionais, mas difíceis para o cidadão comum. Ainda mais para um canceroso, pensará o leitor…
Pois o objetivo desse grupo é demonstrar que cancerosos e sobreviventes do câncer podem ter vidas normais e fazer coisas surpreendentes.
Como escalar o monte  Kilimanjaro, o mais alto da África……
Foram 19, inclusive Gail Endres, diagnosticado com câncer da próstata, tratado e sem fracasso bioquímico desde 2006. Não há garantia de que esteja curado, porque às vezes o PSA “volta” depois de dez, quinze anos…
O grupo foi bolado por um oncólogo com sensibilidade humana, Richard Deming. O nome, Above + Beyond Cancer, indica o propósito e o meio.
A idade desse grupo de alpinistas amadores e cancerosos variava entre 29 e 73. Incluía pacientes do câncer da próstata, da tireóide, da mama, das glândulas salivares, da leucemia, de linfomas… Alguns há anos não apresentam sintomas e outros estão em pleno tratamento para cânceres que já não podem ser curados.  
Profissionalmente, dá de tudo: um tocador de viola, um militar, um estudante, um padre, a mulher de um fazendeiro e muito mais.
No início não sabiam se conseguiriam ou não subir o  Kilimanjaro, mas sabiam que iam tentar para valer. Sabiam, também, que os resultados benéficos dessa tentativa marcaria suas vidas – e sua luta contra o câncer. 
Chegaram na África dia 2 de janeiro e mergulharam na cultura local. Nada de ser turistas, de ver a África através de telescópio. Visitaram a cidade de Moshi, um vilarejo e se mandaram para a montanha.

O Kilimanjaro é um vulcão adormecido: como outros, pode voltar à vida, mas essas voltas usualmente dão aviso prévio. Partiram da base, ainda semi-tropical, de pouco mais de dois quilômetros. A altura do monte é, arredondando, seis quilômetros. Os excursionistas viram e sentiram as mudanças na flora e na fauna que acompanham as mudanças de altitude. Começaram numa floresta tropical, mas logo estavam numa região rochosa, onde viam o legado de erupções antigas. Continuaram pela trilha que leva até a cratera. Passaram por tudo: regiões desérticas e, no topo, neve. Todos sentiam o cansaço que caracteriza a diminuição do suprimento de oxigênio na altura e vários sentiam dores, tinham bolhas, calos, dores nas costas e tudo o mais. Sem falar nos vômitos, náuseas e diarréias. Mas o grupo estimulava a seguir adiante, como deve acontecer na vida de todos nós, cancerosos. E, claro, não havia banheiro nem chuveiro…
Aguente, Raimundo!
Um saudável espírito coletivista surgiu e quem tinha papel higiênico dividiu, quem tinha band-aid dividiu e assim por diante. As necessidades ficaram no Kilimanjaro e banho, bem, melhor esquecer. Todo mundo fedia a suor seco e tinha bafo de tigre. 
Mas era um grupo coeso, que se ajudava, como a humanidade deveria fazer. 
O que surpreendeu a todos foi a solidariedade instantânea que sentiram uns em relação aos outros. O câncer, essa tremenda adversidade, os uniu. Na minha leitura, Deus colocou esse potencial dentro de todos nós, mas foi preciso um câncer e uma escalada para que essas pessoas o descobrissem. E todos mudaram…
O esforço que pessoas que estavam fazendo tratamento, tinham passado recentemente pela debilitante quimioterapia, era gigantesco. Mas todos sabiam que era um passo de cada vez e cada passo exigia sacrifícios. Mesmo que tenham sido um milhão de passos, cada passo era o primeiro, sem pensar nos que viriam depois.
A história de cada um deles é uma história de superação. Foram seis dias duros, duríssimos, até que esse grupo de cancerosos chegasse ao tôpo do Kilimanjaro; chegaram, o que a grande maioria dos não-cancerosos não fez!
Todos temos nosso Kilimanjaro para escalar. Deus nos deu condições para fazê-lo. Vamos lá?
GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

Algumas modificações comportamentais associadas com a depressão

A depressão, como notam vários autores, é uma doença mental que afeta a mente e o corpo também. Ela altera funcionamento e rítmo, não necessariamente na mesma direção em todos os casos.

Um dos rítmos alterados é o sono. Seus distúrbios podem ser sinais de depressão. A maioria dos afetados sofre de insônia: uns com dificuldades em dormir; outros acordam no meio da noite e não conseguem voltar ao sono e terceiros enfrentam os dois problemas. Não obstante, há deprimidos que dormem em excesso. Reitero: o efeito pode ser em diferentes direções; o que é comum é a alteração dos padrões para longe da normalidade.   

Outra característica é a fadiga, o cansaço e a exaustão. Muitas doenças e seu tratamento provocam essas respostas, sendo difícil ponderar, distribuir a importância: uma doença x, seu tratamento ou a depressão.

Porém, entre pessoas que sofrem de depressão, mas não de outra doença (não há co-morbidade) é difícil separar o que causa o quê. Isso porque a depressão e a fadiga se estimulam. Uma estimula a outra.

O que dizem os dados?

Os clinicamente deprimidos apresentam fadiga e cansaço numa taxa quatro vezes mais alta do que os que não sofrem de depressão. Mas o cansaço e a fadiga de outra origem também afetam vários comportamentos que defendem o paciente contra a depressão. Quem sofre de fadiga multiplica por três a probabilidade de ficar deprimido. Esses fatores se estimulam uns aos outros. Pragmaticamente, fique de olho em pessoas com fadiga e cansaço constantes: podem estar clinicamente deprimidos.

Mudanças no peso e/ou no apetite também podem indicar depressão. Mas que mudanças? Em que direção?

Pode ser nas duas: comer menos do que o necessário ou comer mais do que o necessário. Algumas pessoas deprimidas não conseguem parar de comer (consequentemente, engordam, o que em vários casos aumenta a depressão). Já outras perdem totalmente o apetite. Emagrecem e perdem peso rapidamente. E, rapidamente, chegam também a falta de energia, a fadiga e o cansaço. Algumas pesquisas ligam a depressão à bulímia e à anorexia, particularmente entre mulheres deprimidas.

Dores?

É, dores. Os deprimidos aumentam o risco de sofrer de dores de vários tipos e em vários lugares. Uma das mais comuns é a dor de cabeça. Pessoas seriamente deprimidas têm tres vezes mais enxaquecas do que pessoas sem depressão. Lendo na outra direção, pessoas com enxaquecas têm uma taxa de depressão séria cinco vezes mais elevada do que as que não têm enxaquecas. Uma vez mais, um mal alimenta o outro.

Outra dor, parte frequente dessa síndrome, é nas costas. Dores permanentes, crônicas, nas costas são comuns e alimentam a depressão. Porém, muitos deprimidos deixam de fazer coisas que combatem as dores nas costas (como exercícios) e fazem coisas que contribuem para aumentá-las, como sentar durante horas comendo e vendo televisão. Os deprimidos clínicos reclamam de dores nas costas e no pescoço quatro vezes mais do que os não deprimidos. Essas dores podem ser intensas e impedir a cura ou melhoria.

Há mais dores. As dores musculares e nas articulações tendem a acompanhar os deprimidos e vice-versa. Há pesquisas que sugerem que dor e depressão usam os mesmos mensageiros químicos. O dado: os deprimidos têm um risco três vezes mais elevado de sofrer de dores crônicas do que os não deprimidos.

Outro tipo de dor, talvez mais perigoso, é no peito. Por que? Porque há doenças ainda mais sérias, como doenças cardíacas e alguns cânceres que apresentam esse sintoma. Mais uma vez, a circularidade causal: doenças cardíacas levam à depressão e a depressão aumenta o risco de doenças  cardíacas. Quem enfartou e/ou teve outros problemas cardiovasculares sérios aumenta o risco de ter depressão.

Creio que quase todos observaram que as pessoas com depressão apresentam sintomas de problemas digestivos com mais frequência do que as demais: náusea, diarréia (ou prisão de ventre…) etc.

As pessoas deprimidas podem ser mais facilmente irritáveis. Ainda que haja muitas causas para a irritabilidade, a depressão é uma das mais relevantes.

Depressão e problemas sexuais também andam juntos. A depressão séria afeta a libido, seja diretamente, seja através de comportamentos relacionados, como as adições ao álcool e às drogas, ou a falta de exercícios.

Quase todas as semanas recebo dados e resumos de pesquisas que demonstram a utilidade dos exercícios sobre uma extensa gama de comportamentos e sentimentos humanos. Os exercícios reduzem a depressão, mas essa doença sabota os exercícios através de muitos de seus comportamentos associados e consequências, como fadiga, dores e mais.

A depressão acompanha doenças como o câncer, as cardio-vasculares e aumenta o risco de suicídio. Por isso, identificá-la o mais cedo possível, e tratá-la ajuda no combate a esses males.

 

GLÁUCIO SOARES               IESP/UERJ

A falta de vitamina D estimula a depressão…e/ou vice-versa?

Há uma clara associação entre a vitamin D e depressão. É uma associação negativa, no sentido de que os deprimidos têm menos vitamina D. Porém, a direção causal não é clara. Recentemente, a vitamina D tem sido muito estudada e parece ter uma ampla fama de benefícios: protege (ou talvez proteja…) contra osteoporose, doenças cardio-vasculares, vários tipos de câncer, demência, mal de Parkinson e mais. No caso da depressão, os pesquisadores descobriram que há muitos receptores de vitamina D em áreas do cérebro. Dano causado a essas áreas provoca depressão, particularmente nos idosos. Há, portanto, evidência fisiológica da associação.
A maneira mais simples e eficiente de aumentar a vitamina D necessária para a vida não é engolir uma pílula, é dar um passeio no sol de meia hora (convém evitar as horas de maior calor e sol a pino).
Entretanto, a direção da relação não é clara: os doentes, particularmente os deprimidos, saem menos, recebem menos sol, se exercitam menos, comem mal, se isolam e mais. Se caracterizam por ações e inações que reduzem a quantidade de vitamina D que é absorvida diariamente. Essas considerações sugerem que a depressão gera comportamentos que levam a menor absorção diária de vitamina D.
É possível (meu chute) que a causalidade seja  mútua e circular. Esse é o meu chute. Enquanto isso, vou dando minha caminhada no sol tantas vezes por semana quanto possível. Depois de cada uma delas, me sinto muito bem, obrigado.
GLÁUCIO SOARES          IESP-UERJ