A SOBREVIVÊNCIA ESTÁ AUMENTANDO!!!

Dados recentes mostram que a sobrevivência a partir do diagnóstico de câncer aumentou desde que o teste do PSA foi adotado nos Estados Unidos.
Há teorias que competem para explicar essa bem-vinda mudança. Por um lado, o aumento da sobrevivência se nota em muitos outros cânceres. Na média, cada ano, aproximadamente 1% a mais dos diagnosticados chegam vivos a marcadores temporais: cinco anos, dez anos etc. É instintiva a hipótese de que essa melhoria se deve a melhorias no sistema, incluindo melhorias nos medicamentos e novos tratamentos, melhorias nos hospitais, inclusive nos diagnósticos, e ampliação dos serviços médicos a grupos previamente excluídos, o que aumenta muito a sobrevivência desses grupos e um pouco a sobrevivência média de todos os cancerosos.
Assim, a entrada do PSA no arsenal do diagnóstico do câncer da próstata se faz num mundo médico-hospitalar em mudança, e não num mundo estático.
É igualmente esperado, com base na experiência do tratamento de, praticamente, todos os cânceres, que diagnosticar cedo – qualquer que seja o câncer – aumenta as chances de cura. Sabemos que, desde a introdução do PSA, aumentaram os casos diagnosticados e aumentou a sobrevivência pós-diagnóstico. Esses dados se encaixam bem na hipótese de que muitos dos cânceres detectados cedo seriam detectados tarde, quando já estivessem avançados. Consequentemente, a sobrevivência seria menor. Os dados mais recentes foram publicados online há dias no Journal of Urology. Um dos dados socialmente mais significativos é que a sobrevivência pós-diagnóstico dos negros atualmente é semelhante à dos brancos.       
Uma notícia muito boa para nós é o aumento da sobrevivência mediana mesmo nos casos  avançados: em um estudo feito em 1985-86, a sobrevivência mediana de pacientes depois da terapia anti-hormonal era de 30 meses (dois anos e meio); melhorou para 33 meses em outra pesquisa com pacientes nessa condição alguns anos mais tarde (1989 a 1994), atingindo 48 meses (quatro anos) em outro trial feito com pacientes que atingiram esse estágio de 1995 a 2009. Um ano e meio a mais de vida com um câncer num estágio considerado avançado.
Importa saber de onde veio esse benefício? Importa. Se está ligado a efeitos mais distantes do diagnóstico precoce, é um fortíssimo argumento em defesa do teste regular do PSA.
Tudo isso remete à questão: testar ou não testar? A American Society of Clinical Oncology recomenda que pessoas com uma expectativa de vida de dez anos ou mais não descartem o teste de PSA e conversem com um urólogo sobre isso. A expectativa é uma estimativa, apenas, baseada na idade do paciente e na sua condição física e de saúde.
Uma controvérsia, uma boa notícia.
GLÁUCIO SOARES          IESP/UERJ

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