Bons resultados iniciais

Essa esperança é um pouco maior do que as mais recentes. Está sendo testada uma droga chamada de cabozantinib por uma empresa chamada Exelixis. Os primeiros resultados estão disponíveis. Sessenta e dois pacientes fizeram imagens dos ossos e 85% deles melhoraram – ou as lesões sumiram (nos scanners) ou diminuíram. É um excelente resultado! E importante: as lesões ósseas produzem fraturas, dores horríveis e, eventualmente, a morte – e não é uma morte bonita, tranqüila. Em mais oito pacientes (ou 13%), a doença foi estabilizada e em um, apenas um, dos 62 piorou.


Tem mais: os tumores encolheram em 61 dos 91 pacientes cuja metástase foi para tecidos moles (não ossos) – como o fígado e os pulmões. A droga reduziu a dor e a necessidade de tomar morfina, além de aumentar a hemoglobina.

Os pacientes foram tratados durante duas semanas e ai separados em dois grupos, um que tomou o remédio e o outro controle. Quando ficou claro que o medicamento funcionava, os pacientes no grupo controle puderam mudar de grupo: piora a pesquisa, mas é uma necessária medida humanitária.

Todos os medicamentos nessa fase, até agora, não duram para sempre, não curam. No grupo placebo, os pacientes pioraram na média depois de 40 dias; no grupo controle não há, ainda, dados comparáveis porque depois de quatro meses 79% não tinham piorado e ainda recebiam o medicamento.

Esses pacientes eram avançados e já não respondiam ao tratamento (anti) hormonal.

Já sabemos que o efeito tem duração limitada, mas parece ser muito eficiente durante esse tempo.

Exelixis planeja mais trials: quer ver em maior detalhe o efeito sobre as metástases ósseas e as dores ósseas. Outro Trial focalizará a possibilidade de impedir ou de postergar significativamente a metástase óssea e o terceiro responderá à pergunta sobre se aumenta a sobrevivência e quanto.

Parando a metástase

Sem metástase, muitos cânceres não matariam. Ficariam onde estavam, sem invadir outras áreas. Porém, sabemos pouco a respeito das metástases e de sua explicação. Por que os cânceres invadem outras áreas? Parte da resposta está contida numa molécula chamada PKD1. Ela não permitiria que as células cancerosas se modifiquem, migrem, invadam e se estabeleçam em novas áreas. Mas quando ela não está ativa, o tumor avança. O sistema parece bolado por uma inteligência maligna. Há sinais biológicos que ordenam às celulas cancerosas invasivas que saiam do tumor original e se estabeleçam em outras áreas. Se conseguirmos parar esse processo, a letalidade de muitos cânceres será muito menor. Para a metástase do tumor, a PKD1 tem que estar desligada. A estrutura celular do câncer tem que ser continuamente reorganizada. O próximo passo é bolar tratamentos que mantenham a PKD1 ativa, acesa, ligada. E, claro, os tratamentos precisam chegar às células cancerosas. O “chegar lá” é um dos grandes problemas e contribui para explicar porque tratamentos que dão resultado se efetuados diretamente sobre culturas de células cancerosas não produzem resultados compatíveis quando aplicados a pacientes. A relação é clara: quando reduziam a PKD1, o câncer metastizava; quando ativavam a PKD1, o avanço era detido. Essa pesquisa está sendo levada a cabo por uma equipe da Mayo Clinic na Florida, dirigida por Peter Storz.